Total de visualizações de página

domingo, 30 de outubro de 2011

OS MEDOS INFANTIS

          Os medos são comuns em crianças e pode ser compreendido como uma resposta normal frente a uma ameaça ativa ou imaginada. Geralmente, durante a infância a criança desenvolve algum tipo de medo e esses podem ser transitórios, leves ou até mesmo normais.

        Entretanto, quando a criança deixa de viver uma vida normal, devido a um temor constante de lugares e objetos, atrapalhando sua vida escolar, relações familiares, amizades e vida social, o medo passa a ser um problema em sua vida. A ansiedade é considerada uma emoção normal, que toda a pessoa precisa ter, por ajudar a manejar as situações difíceis e perigosas, mas a partir do momento que ela passa a assumir o controle da vida da pessoa, torna-se um problema.

         A criança tem dificuldade de nomear o que sente, por isso, a importância de não desprezar a queixa que apresenta. Ás vezes, relata que tem algum medo, que poderá ter sua origem na fala de um adulto, que, por exemplo, a ameaçava com o homem do saco. Entretanto esse medo poderá ter como pano de fundo um quadro de ansiedade. É bastante comum, vermos os pais desvalorizarem a fala da criança, quando essa diz que tem medo, por vezes, até ridicularizam, não entendendo que isso poderá causar problemas maiores na vida de seu filho.

       É comum a criança ficar ansiosa na escola no período de provas e acabar esquecendo o conteúdo estudado. A partir dessa situação, passa a  acreditar que tem dificuldade de assimilar a matéria, não se percebe suficientemente inteligente, crê que os seus colegas não apresentam esse problema e sofre com isso. Poderá até desenvolver alguns sintomas como: aperto no peito, náusea, tontura, palpitação, dor de cabeça ou no pescoço, vontade de ir ao banheiro, frio na barriga, sudorese, etc.

       O importante que a criança ao se defrontar com a ansiedade e o medo, independente do tipo que for, não se deixe vencer por ele. Se tiver medo de andar de roda gigante ou montanha russa, vá acompanhado de um dos seus pais, desde que esse não tenha problemas de fobia. Quanto mais evitar a situação, mais reforçará o medo.

       Em alguns casos, faz-se necessário que os pais busquem um profissional para ajudar a criança vencer as dificuldades que está enfrentando, aprendendo a lidar com essas situações. A tendência é que a crianças com transtorno de ansiedade pense de forma negativa e ruim, supervalorize as coisas que não deram certo, subestime a sua dificuldade de lidar com as dificuldades, desenvolva vários tipos de medos. Quanto mais cedo tratar esses sintomas, melhor serão os resultados.



sábado, 29 de outubro de 2011

PREOCUPAÇÃO

      Têm pessoas que passam a vida inteira preocupadas com coisas que imaginam que poderão acontecer, acabam sofrendo por antecipação, porque acreditam que algo de ruim acontecerá. Crêem que os seus pensamentos se concretizarão com certeza, mas com o passar do tempo, percebem que se preocuparam desnecessariamente. Quando questionadas, sempre tem uma explicação, dizendo “e se” acontecer. Parecem ser portadores da síndrome do “e se”.

      A preocupação é uma estratégia que a pessoa utiliza para se adequar a uma realidade, que percebe como incerta, perigosa, fora do seu controle e que lhe acarretará uma série de problemas. A pessoa preocupada vê o mundo como um centro repleto de rejeições e malogros e tem a certeza de que suas previsões não falharão. Não conseguem verificar se a sua preocupação é produtiva ou improdutiva. A preocupação será produtiva quando se defrontar com problema que poderá resolvê-lo imediatamente, exemplo, precisa fazer um exame médico, basta pegar a lista do convênio e verificar qual a clínica que faz. Já a preocupação improdutiva é aquela que está atrelada ao “e se...”, exemplo, e se eu for dar a palestra e as pessoas forem embora?

      A pessoa preocupada sofre porque não consegue ver nada de bom, em tudo colocará “um se não”. Isso faz com que seu nível de ansiedade aumente, desencadeado uma preocupação maior.

      No entanto, o que muitos não sabem, é que essa sua maneira de funcionar esta relacionada a traumas vivenciados na infância; a pais preocupados e superprotetores; a pais invertidos, ou seja, pais que compartilham os problemas com os filhos e esperam que esses lhes tranquilizem; a vínculos inseguros; a pais que não valorizaram as emoções dos filhos.

       Os preocupados funcionam, muitas vezes, como um radar, estão sempre “ligados” a informações ameaçadoras, pois essas alimentam sua ansiedade. Geralmente eles não percebem que estão ansiosos, devido à tensão em que se encontram. Acreditam que por meio da preocupação conseguem amenizar a ansiedade.

       Ao invés de ficar alimentando sua preocupação, aprenda a contestá-la. Lembre-se que você não faz previsão do futuro e muito menos lê pensamentos. Não fique preso aos seus pensamentos disfuncionais, como se fossem verdades absolutas. Ao invés de se preocupar, dê espaço para que suas emoções se manifestem.Na realidade, a preocupação é o meio que a pessoa utiliza para evitar emoções desconfortáveis.

       Algumas pessoas relacionam a preocupação com a responsabilidade. Não percebem que só estão tentando prever os resultados ruins do que poderá acontecer, buscando informações que possam reforçar sua crença ou evitando-as.

      Se ao invés de usarem a preocupação como uma forma de controlar os pensamentos e sentimentos, deixando-os fluir naturalmente, sem precisar controlá-los, com certeza terão uma qualidade de vida bem melhor.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O DISTANCIAMENTO DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS FILHOS

        Serei breve em minhas colocações, apesar desse assunto ser bastante amplo. Percebe-se na fala das crianças e adolescentes o desconforto causado pelo distanciamento de seus pais. Sentem-se preteridos, por não se interessarem por suas coisas.

        A queixa é que os pais não sentam para conversar, saber o que fizeram, não perguntam com quem andam, quando lhe contam alguma coisa, eles acabam por tornarem pública, não respeitando a privacidade do filho. Isso faz com que se afastem de seus pais e aí passam a ser percebidos como seres que se isolam no seu quarto, que não compartilham do convívio familiar, ou seja, se tornam o problema da família. Alguns pais atribuem esse comportamento no caso dos adolescentes, como algo normal da idade, mas não se dão contam do seu comportamento em relação ao filho.

       Algumas crianças ou adolescentes tentam chamar atenção dos seus progenitores, não tendo um bom desempenho na escola. Quando isso acontece, os pais são os primeiros a reclamarem. Outros buscam o mundo da droga lícita ou ilícita sem se dar conta, do problema que estão buscando para si. Tem ainda aqueles que apresentam problemas de conduta na escola, para que seus pais sejam convidados a comparecer, porque muitas vezes, não vão nem para pegar o resultado de avaliações. Tudo isso justificado pela falta de tempo.
 
      É importante que alguns pais se dêem conta de que o filho preciso de carinho, de atenção, de amor, de limite, de orientação e que isso pode ser demonstrado por meio do interesse que mostra pelas coisas que seu filho faz, perguntando-lhe como foi o dia, olhando os cadernos dos filhos, sabendo com quem ele anda, recebendo seus amigos em casa, levando-os as festas e buscando-os, perguntando como foi à festa. Respeitando a privacidade do filho, escutando e não comentando o que o filho falou, não traçando comparações entre os irmãos, pois são singulares, não fazendo diferenças entre os filhos. Geralmente os pais afirmam que não fazem diferença, no entanto, percebe-se nitidamente que ela existe, mas que os pais não se dão conta disso, por ser algo inconsciente.

   Se os pais forem mais presentes na vida de seus filhos, teremos menos crianças e adolescentes frequentando nossos consultórios.





domingo, 23 de outubro de 2011

CONSCIÊNCIA EMOCIONAL

       A maioria de nós não tem consciência da intensidade das nossas emoções e nem mesmo o que as faz deflagrar, por não termos o hábito de prestarmos atenção no que estamos sentindo.

      Agimos de forma automática, onde o pensar, o questionar passa a ser supérfluo, sendo justificado, muitas vezes, pela falta de tempo e até mesmo por ser considerado, por muitos, como uma bobagem. Entretanto, se não tivermos claro quais são as emoções que temos frente às situações que vivenciamos no nosso dia-a-dia, torna-se difícil de interagir com as pessoas e até mesmo de nos tornarmos empáticos.

      Hoje se fala muito na educação emocional e a consciência emocional está inserida nela. Educação emocional pode ser compreendida como a capacidade que cada pessoa tem de entender as próprias emoções, ao passo que a consciência emocional é saber o que está sentindo, o que os outros estão sentindo, questionando as causas que despertaram esses sentimentos e procurar perceber o que o nosso sentimento desperta no outro. Não é uma tarefa fácil, pois precisamos ser honesto em relação aos nossos sentimentos.

      Muitas pessoas não aceitam quando mostramos que o sentimento que está presente é o de inveja, de raiva, de ódio, de ciúme. Ficam extremamente ofendidas, negando-os por acharem que esses sentimentos não condizem com a sua pessoa. Procuram projetá-los para os outros, pois é muito sofrido assumir que são seus. No entanto, esquecem que são sentimentos presentes na vida de qualquer humano. Esse tipo de reação pode se dar em função de uma emoção forte, fazendo com que a pessoa não consiga perceber o que realmente está sentindo, tornando-se insensível. Outras pessoas jogam para o corpo suas emoções, que acabam por se apresentar por meio de sintomas físicos. São os pacientes psicossomáticos.

       A pessoa que tem consciência emocional administra melhor sua vida, por saber identificar seus sentimentos, podendo controlar suas reações. A consciência emocional se desenvolve a partir do momento que prestarmos atenção em nossos sentimentos e reações, questionando-os. Isso contribui para que nos conheçamos melhor.

sábado, 22 de outubro de 2011

POSICIONAR-SE



Fico impressionada, com a dificuldade que algumas pessoas têm de se posicionar frente a determinadas situações. Parecem que temem expressar o seu ponto de vista, por acharem que poderão criticá-lo.

Algumas pessoas, não expõem suas ideias, devido à timidez. Outras porque não tem sustentabilidade para defender o seu ponto de vista. Existem aqueles que são conhecidos como “em cima do muro”, ou seja, vão para o lado que lhe convém, também encontramos aquelas pessoas que não conseguem ter uma opinião formada sobre nada e ainda os que mudam de ideia a todo o momento.

O não se posicionar pode estar relacionado a uma questão de auto-estima baixa, de um complexo de inferioridade, de um sentimento de menos valia, da dificuldade de lidar com a crítica, do se deixar anular pelos outros, da dificuldade de pensar sobre os assuntos, por não querer se comprometer, entre tantos outros aspectos que poderiam ser elencados. A falta de sustentabilidade pode ocorrer pela falta de leitura. Hoje em dia, muitas pessoas perderam o hábito de ler, enquanto, outras, nunca adquiriram esse hábito.

Expressar o seu ponto de vista é importante, mas é necessário ter claro que ele não será aceito por todos, isso não significa que esteja errado. Até mesmo porque, certo e errado é algo extremamente subjetivo. Agora o que não pode acontecer, e que muitas vezes vemos, é querer impor a sua opinião para as demais pessoas como se ela fosse uma verdade absoluta. Até pode ser uma verdade, mas para quem a defende.

O não se julgar capaz de dar uma contribuição frente a determinados assuntos, pode ser uma forma de defesa que a pessoa encontra, para não se comprometer. Só que tem pessoas que vivem dessa forma, prefere pegar carona na opinião dos outros, porque qualquer coisa que aconteça, não foi ela que falou. Isso demonstra a total falta de comprometimento e de responsabilidade não apenas para com os outros, mas para consigo.

Algumas pessoas vão no decorrer da vida se anulando, por não lhe darem espaço para falar ou quando dão, acabam criticando ou desvalorizando sua fala. Isso contribui para que a pessoa se recolha e não construa a sua opinião, por não julgar-se capaz. Nesses casos, a pessoa não pode se deixar contaminar pela crítica do outro, só precisa ter claro, que existem pessoas que têm a necessidade de desqualificar o outro, pois é a forma que encontra para se sentir importante.

O que importa na realidade é que as pessoas não deixem de expressar sua opinião, de se posicionarem, porque isso contribui para auto-estima, para o humor e faz com que se sintam reconhecidas e valorizadas. Sentimentos esses que são fundamentais na vida de qualquer pessoa.



domingo, 16 de outubro de 2011

A IMPORTÂNCIA DE OUSAR

        O humano precisa traçar objetivos em sua vida, para que essa não se torne insípida. Ir ao encontro desses, mesmo que pareçam grandiosos, ou loucura para alguns, trata-se de um desafio. Como em todo desafio, o homem precisa saber qual o caminho que percorrerá, a fim de atingir os resultados desejados. Muitas vezes, precisará tomar atitudes que lhe deixará inseguro, mas são necessárias para atingir o seu ideal.

        Entretanto, algumas pessoas, acabam por desistir de seus objetivos ou fracassam, por não quererem abandonar a zona de conforto em que se encontram, criando várias hipóteses que lhe apontam apenas o fracasso. Na realidade, são desculpas por não se sentirem capazes de ousar.

       Ousar requer que a pessoa desenvolva o seu comportamento exploratório, pensando sobre o que não costuma pensar, tentando fazer coisas que nunca tentou fazer, percorrendo caminhos que nunca pensou percorrê-los, não se colocando limites, acreditando na sua capacidade, no seu potencial, superando obstáculos, demonstrando para si o desejo de mudar, de crescer. Para tanto, é necessário estar disposto a deixar a vida de lamentações, de sofrimento, de falta de esperança, a qual está habituado a viver. Pode que esse tipo de vida não lhe cause nenhum prejuízo, mas também não lhe proporciona nada, a não ser a resignação que a deixa amarga e entediada, por não ter esperança.

       A pessoa para ousar precisa primeiramente acreditar no seu objetivo ou sonho, como queiram chamar, entender a razão pela qual quer desenvolvê-lo, pois assim terá entusiasmo e paixão para correr atrás, aceitando os desafios e transpondo os obstáculos que encontrar pelo caminho.

      Aquele que acredita no seu ideal e que realmente quer conquistá-lo é tomado por uma paixão, adquirindo uma força máxima, que ao mesmo tempo é frágil. Assim como é capaz de lhe fazer brilhar, por vezes, lhe ofusca. Revigora sua autoconfiança, ao mesmo tempo em que é capaz de embeber sua lucidez. Esses opostos são necessários para manter a pessoa em equilíbrio, a fim de que possa atingir seus objetivos de forma coerente, com temperança.

      Quem não teme ousar para conquistar seus objetivos é tomado por um entusiasmo e uma paixão intensa, que lhe sinaliza o quanto seu desejo poder ser verdadeiro. Por isso, não deve pensar em desistir, mesmo que as demais pessoas considerem uma aventura. O sonho de cada um deve ser entendido e vivido pela pessoa, independente da opinião dos outros.

      Ter o desejo de alcançar seus objetivos, acreditar neles, criar estratégias para atingi-los é fundamental para poder ousar. Assim, poderá abrir mão da vida de mesmice que está acostumado a viver, percebendo que quanto maior for a sua crença naquilo que deseja e em si, maior também será a chance de torná-la realidade.

      Para fazer a diferença, tanto na sua vida pessoal, profissional, nas suas relações, é necessário que você ouse. Não seja apenas mais um no meio de uma multidão, seja apenas você, mas sabendo que se acreditar e se buscar o que se propõe, poderá ser um ponto de referencia para muitos, que buscarão também ousar, a fim de conquistar uma vida melhor.

     “O homem é um deus quando sonha, mas um mendigo quando reflete”. O poeta Hölderlin foi muito feliz nessa colocação, pois instiga o humano a refletir sobre sua postura frente à vida, convidando-o a sair da condição de mendigo, mostrando-lhe que a base para qualquer mudança é a reflexão, é o pensar.



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

POVO DE FÉ

       Falar de fé é algo extremamente subjetivo, pois se trata de uma atitude interior daquele que crê. Não é algo mensurável, mas sim uma adesão afetiva, a-racional, ao mesmo tempo, em que é supra-racional, por ser algo que transpõe a razão, se estruturando de forma racional.

       No domingo, dia 9  foi comemorado o Círio de Nazaré que ocorre na cidade de Belém do Pará  (região norte do Brasil). Hoje ele não é mais considerado apenas um evento religioso, mas cultural, visto ir pessoas do mundo inteiro para participarem dessa procissão. É a maior manifestação religiosa do mundo, também considerado o Natal do paraense. Acontece sempre no segundo domingo de outubro.

      Quando ouvia falar do Círio de Nazaré e via pelos meios de comunicação a participação do povo, não conseguia imaginar e muito menos entender a emoção e a devoção das pessoas que seguiam horas a fio, pelas ruas de Belém, com uma temperatura elevada, acompanhando a procissão, segurando a corda. Este ano resolvi ir ao Círio, prestigiar esse evento que é tão importante para os meus amigos paraenses.Só aí consegui entender que se trata se um momento mágico e de muita emoção.

      Nunca tinha visto tanta gente nas ruas, surgiam de tudo que era lugar, afinal eram dois milhões e meio de pessoas participando da procissão. Algumas iam de joelhos, outros carregando na cabeça, algo que simbolizasse a graça concebida. É lindo e ao mesmo tempo emocionante de ver o envolvimento dessas pessoas com a religião, independente do nível cultural, social e econômico. O paraense é muito religioso, tem muita fé e creio que isso é que contribui para que sigam em frente.

       Percebe-se na fé do povo paraense a confiança que tem num Ser transcendental, que não se mostra visível, mas que se faz visível através da fé, dando-lhe discernimento para que vivam com dignidade.  Demonstrando que por mais que o humano consiga transpor barreiras do conhecimento, nunca conseguirá ultrapassar o mistério da fé.

      Confesso que acabei me envolvendo naquela magia e voltei me sentindo privilegiada por ter vivido um momento tão bonito, em que um número expressivo de pessoas com motivos distintos, caminhavam incansavelmente para acompanhar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que após a missa realizada no início do dia (5h) na Igreja da Sé, percorre as ruas, indo até a Basílica. Esse trajeto fica  aproximadamente em torno de quatro a cinco quilômetros, levando-se uma média de quatro a cinco horas de caminhada, mas que não se sente. Inicialmente pensei que ficaria muito cansada, mas tive a sensação que fui levada, porque não senti cansaço e nem dor nas pernas, muito pelo contrário, minha disposição aumentou. Isso só pode ser explicado pelo encanto da fé.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

VAZIO INTERNO

       Aqueles que costumam acompanhar o meu blog devem perceber e quem sabe, até questionar, pois volta e meia estou falando sobre o vazio que as pessoas carregam consigo. Isso se dá em função de ser um dos fatores que as levam para psicoterapia e que vem me chamando a atenção. Queixam-se de algo que não sabem explicar, reclamam a ausência de alguma coisa ou de alguém, mas não conseguem identificar. Verbalizam que não conseguem conviver consigo, precisam de alguém, mesmo que seja apenas para ocupar um espaço e assim as pessoas vão vivendo.

     Com isso, tenho por vezes, a sensação que o humano está ficando oco, que perdeu os seus referenciais ou quem sabe, nunca teve. Percebe-se a pobreza do conteúdo e a forma concreta do pensamento, demonstrando a dificuldade que tem de abstrair. Acredito que isso ocorra pelo fato de as pessoas estarem lendo pouco, não questionarem as informações que recebem, pois lhes falta sustentabilidade para argumentar. Não param para analisar suas atitudes, seus pensamentos e sentimentos, pois não vem necessidade e também por não se conhecerem Muitos perderam o referencial de família e de religião, esquecendo que se trata de dois pontos muito importantes para a estruturação do ser humano.

      Vivem uma vida de simulacro e por vezes, parecem acreditar que é real. Alguns até conseguem perceber que optaram por viver a vida que idealizaram ter e que pagam um preço alto por isso. Outros não conseguem ter essa crítica, consequentemente sofrem mais.

       Acreditam nas histórias que contam para si e para os outros. Por não saber quem realmente são e no afã de conquistar o que desejam, acabam por ultrapassar os limites, desrespeitando e desconsiderando o outro.

     Essa falta de autoconhecimento é que leva o humano a cometer excessos, pois muitas vezes, tem uma percepção distorcida de si e acaba agindo de forma descomedida.

     Por não dispor de um tempo para se observar, a fim de conseguir decodificar a linguagem simbólica do soma e escutar a voz que vem da alma é que o humano sente esse vazio. O medo de saber quem realmente é o assusta, pois a partir do momento que tomar consciência de si, terá condições de perceber os vários excessos que cometeu, tendo que assumir as conseqüências que isso trouxe para sua vida.

    No momento em que as pessoas investirem no autoconhecimento, elas se tornarão mais equilibradas, conseguindo conviver melhor consigo, parando de depositar para o externo a responsabilidade de seus problemas. Dessa maneira, encontrarão as respostas para as buscas desordenadas que fazem a fim de preencher o vazio que as faz sofrer.



Obs.: Como estarei viajando nos próximos dias, não postarei nada no final de semana.

domingo, 2 de outubro de 2011

IMEDIATISMO

       Vivemos na era do imediatismo, nada pode ser para amanhã, tudo tem que ser para “ontem”, como algumas pessoas costumam dizer. Quando isso não acontece, elas ficam brabas ou sofrem, porque não sabem lidar com a frustração.

        As ideias geradas em nosso cérebro, logo precisam ser colocadas em ação, levando as pessoas a agirem por impulsividade, sem analisarem as possíveis conseqüências e repercussões que tais atos  poderão causar em sua vida. Tudo isso se dá, em função do mundo capitalista em que vivemos, onde o produzir se tornou uma obrigação e a competitividade se estabeleceu. Não deixando espaço para que as pessoas abstraiam o que estão pensando, sentindo e até mesmo fazendo.

      O humano passou a agir de forma racional, deixando de lado o questionamento propostos pela filosofia, porque essa passou a ser compreendida como perda de tempo, já que não é algo lucrativo, na visão de muitos. Esquecem que é por meio do questionar que o pensar se constrói, convidando-nos a refletir sobre a forma de agir, sobre os seus princípios e valores. Talvez se o humano se questionasse mais, refletisse antes de tomar determinadas atitudes, lucrasse muito mais.

       As pessoas apesar de gritarem por liberdade estão se tornando prisioneiras do dinheiro, do status, do poder, da sociedade. Não conseguindo ser quem realmente gostariam, porque sente-se na obrigação de atender a demanda imposta pela sociedade capitalista, em que todos nós estamos inseridos. Também, por não terem consciência do quem realmente são ou do que gostariam de ser.

      Essa busca por conquistar os objetivos e desafios que o homem se propõe, faz com que se torne refém do tempo, afastando-se do aqui-e-agora, porque vive no passado ou preso a um futuro que poderá ou não chegar. Não conseguem nessa correria se dar conta, que o futuro depende do momento presente, sem este, ele não existirá.

      O interessante de ver e ao mesmo tempo preocupante, é que as pessoas correm como se estivessem indo ao encontro de um objetivo, mas na maioria das vezes, agem pela impulsividade. Muitos se deixam levar pelo inconsciente coletivo e quando percebem, estão correndo porque entram na “onda” dos outros. Porém, não têm nenhum ponto específico para atingirem. Com isso, acabam cansando, se frustrando, se desmotivando, por verem que foi em vão a sua correria.

      Sem falar daqueles que parecem andarilhos, vão para todos os lugares, mas não encontram satisfação e prazer em lugar algum, porque na realidade, estão em busca de algo que preencha o vazio que sentem, mas que não conseguem identificar a causa. Perambulam pelas ruas, avenidas, parques, se relacionam com várias pessoas, mas no fundo não sabem a serviço de que estão no mundo. Dando-nos a impressão de que vieram a passeio, porque não se esforçam, para ir ao encontro de algo, que possa somar em sua vida.

           Dessa forma, o humano vem se tornando desumano, porque age pelo impulso, pela razão e os sentimentos acabam ficando de lado. Não consegue ser generoso nem consigo, por não se respeitar e se colocar em situações que lhe agride, mas que acredita precisar vivenciá-las, pois só assim, os outros poderão vê-lo como um herói. Se não consegue ter um olhar para si, como conseguirá ter para o outro? Por essa razão é que nos defrontamos com tanta violência e injustiça, porque o ser humano está esquecendo a sua essência, preferindo valorizar e se deleitar com as coisas que o mercado capitalista lhe proporciona, de forma imediata.
 .