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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

BELO EXEMPLO

     
 

            Hoje é um dia histórico para Igreja Católica, pois há 600 anos um Papa não renunciava, no entanto, Bento XVI nos deixa um belo exemplo de humildade e de coragem, quebrando um paradigma junto a uma Instituição como a Igreja católica.

            Apesar de a mídia vir especulando os motivos que levaram Bento XVI renunciar, nunca saberemos o verdadeiro motivo, mas isso é o que menos importa, pois serve apenas para sanar a nossa curiosidade. O importante de tudo isso é o gesto que nos convida refletir.

            Quando soube da renuncia fiquei pensando sobre a lição que o Papa nos dava, pois quantas vezes fazemos coisas que não gostamos e não queremos porque não temos a coragem de dizer um não, em virtude das críticas que poderemos sofrer. Ficamos presos e preocupados com a opinião dos outros em relação a nossa atitude, tememos decepcioná-los e perder a nossa credibilidade junto a eles.

            Não temos humildade para reconhecermos o nosso limite e assumirmos que temos que parar, porque o nosso corpo nos pede isso, chegando muitas vezes a nos sinalizar, mas o sentimento de onipotência não nos permite compreender esses sinais. As questões egóicas prevalecem e fazem com que continuemos, mesmo que tenhamos que pagar um preço alto por isso.

            Quantas vezes nos colocamos em situações que nos sentimos agredidos, violentados, mas mesmo assim permanecemos porque não temos coragem e humildade de dizer não quero isso mais para mim. Às vezes nos sujeitamos por questões financeiras e acabamos nos prostituindo sem percebemos que estamos fazendo isso, afinal, fazer o que não gosta e não quer só por dinheiro, não deixa de ser uma forma de se prostituir.

            Falta-nos humildade para reconhecermos as nossas limitações, os nossos sentimentos e respeitar a nossa vontade, pois acreditamos que os outros poderão nos perceber como fracassados. Não nos damos conta que o nosso fracasso começa quando nos sujeitamos a viver situações que nos fazem mal, em função das outras pessoas e do dinheiro. Ficamos sempre presos aos outros, colocando-os na condição de mais importantes do que nós mesmos em nossas vidas.

            Creio que Bento XVI nos deixa não só um exemplo e uma lição de vida, mas um convite a refletir sobre a nossa vida e as nossas tomadas de decisões. Quem sabe nos apropriemos desse convite, para quebrar alguns paradigmas em nossas vidas e irmos ao encontro da felicidade que tanto almejamos.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ISSO É BRASIL!

            
          Ontem lendo a Folha de São Paulo me deparei com a seguinte notícia “O Brasil se mantém como o quarto maior mercado de veículos de 2012, tudo isso graças à redução do IPI (Imposto de Produtos Industrializados) que garantiu ao Brasil a manutenção do posto do quarto maior mercado mundial do setor no ano passado. Ficou atrás da China (1º), Estados Unidos (2º) e Japão (3º) e apresentou um crescimento 6,1% em 2012, totalizando 3,63 milhões de unidades”.

            É difícil ler essa notícia e não refletir sobre ela, pois muitos brasileiros que ajudaram o país a chegar nessa posição, hoje têm o seu carro retomado por falta de pagamento ou estão penando para pagar. Isso mostra-nos que aquele velho discurso de que todo o brasileiro agora teria condições de realizar o sonho de ter um carro, serviu para induzir as pessoas a comprarem, a fim de manter o país na posição que já vinha ocupando.

            Hoje o sonho de muitos brasileiros, acabou por se tornar um pesadelo, pois se encontram inadimplentes, com restrições de crédito e sem muitas perspectivas para mudar o quadro. Foram influenciados pelas propagandas tentadoras que toda hora estavam presentes nos veículos de comunicação. As facilidades oferecidas, as taxas de juros baixas contribuíram para que muitas pessoas, com condições financeiras limitadas, fossem a uma revenda e comprasse o seu primeiro carro, sem pensar quais os compromissos financeiros que o acompanhariam. Junto com a prestação do carro, vem o IPVA, o seguro, o combustível, a manutenção, garagem, portanto precisa ser avaliado se essas despesas cabem ou não no orçamento. Só que são esquecidas, porque além do desejo de adquirir o bem, existe todo um estímulo dado pela publicidade, pela sociedade capitalista em que estamos inseridos e também pelo governo que vende a idéia de querer proporcionar o melhor para o seu povo.

            O mesmo vem sendo feito em relação à casa própria. Semana passada saiu no Jornal do Comércio que 7,9 bilhões de brasileiros sonham com a casa própria. Os incentivos ofertados pelo governo fazem com que as pessoas sintam-se em condições de adquirir o seu imóvel, pois afinal a oportunidade está sendo dada. Não percebem que existe uma jogada de marketing por trás disso, pois os interesses são outros. Não vamos esquecer que 2014 é um ano de eleições e que as articulações políticas começam, portanto, agora.

            Ao buscarem financiamento para compra da casa própria, as pessoas precisam atentar para o fato de que terão de dispor 30% do valor do imóvel para entrada, no entanto, o que vem acontecendo é que elas fazem um empréstimo pessoal para obter esse valor. Com isso, acabam ficando com dois financiamentos para pagar e muitas vezes sua renda não comporta nenhum financiamento, mas não vamos esquecer que existe o jeitinho brasileiro.

            É por isso, que alguns economistas falam que a bolha está se formando, apesar de ser fortemente negado por outros. Não vai demorar muito para vermos os imóveis começarem a ser retomados, como está acontecendo com os carros.

            E aí fica a pergunta que não quer calar, até quando vamos permitir ser enganados? Até quando vamos querer acreditar em Papai Noel? Porque acreditar que o governo está preocupado com o povo, por isso baixa o IPI, incentiva a compra da casa própria para que todos os brasileiros vivam em melhores condições é gostar de ser enganado. Todas essas medidas teriam muito valor, se fosse dado ao povo condições de ganharem salários mais dignos, de terem um ensino de boa qualidade para as crianças nas escolas públicas, um sistema de saúde que atendesse as necessidades das pessoas menos privilegiadas, sem precisarem ficar dormindo em cadeiras nas emergências dos hospitais. Dar condições reais para que as pessoas consigam realizar o seu sonho, sem que depois tenham que perder noites de sono ou serem frustrados por que não conseguem mais pagar o bem adquirido, muitas vezes perdendo-o.

            Quando isso acontecer, podemos acreditar que estamos tendo um crescimento real, sem manipulações e o povo poderá viver com dignidade, sem precisar pagar as contas que o governo nos impõe.

 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

OS MISTÉRIOS QUE ENVOLVEM A MONTANHA NA VIDA DO HUMANO

     
 

            Em alguns momentos da vida, sentimos a necessidade de nos recolhermos a fim de entrar em contato com a nossa alma, deixando que ela nos mostre aquilo que não conseguimos ver na correria do dia-a-dia. Claro que não são todas as pessoas que sentem essa necessidade, mas aquelas que precisam de tempos em tempos alimentá-la, com certeza  vão a busca .

            Quando isso acontece, as pessoas procuram lugares tranquilos, isolados, para que possam realmente se desligar das coisas mundanas, priorizando o seu lado espiritual, instigando a sua sensibilidade, a sua intuição. A montanha tem uma representação mística, aproxima-nos do Criador pela sua altitude relativamente elevada. Propicia ao humano encontrar reflexos do seu próprio pensar, permitindo-lhe achar explicações simples para coisas que parecem ser complexas. Leva-o a despir-se das coisas materiais, dos sentimentos de orgulho, de vaidade, de onipotência, permitindo-lhe entender que isso não é necessário para obter a paz, o equilíbrio e a felicidade que almeja. Faz com que entregue-se a Deus e sinta a pureza de sua essência, percebendo que não precisa temer nada, pois está seguro.

            A montanha, por meio de sua simbologia, oferece de forma mágica ao homem a redução de suas angústias, de seus medos, de sua ansiedade, de sua depressão. E por que isso acontece?Provavelmente, pela sua dimensão sagrada, pois na Bíblia existem várias passagens que se reportam a montanha. Na transfiguração, Jesus é convocado a subir sozinho a montanha.

            Subir a montanha significa ir ao encontro de algo maior, de algo que não encontramos em lojas e supermercado a nossa disposição, é abrir mão do ego para poder transcender a si mesmo. É poder escalar o caminho da contemplação divina para poder estabelecer uma conexão com Deus. Esse ensimesmamento, esse contato com Deus e com a alma, permite ao humano conhecer as partes mais complexas e profundas do inconsciente que são os arquétipos. Esses são irrepresentáveis; nada obstante, dão a possibilidade ao indivíduo de visualizar as representações arquetípicas a partir do desenvolvimento da consciência.

          Podemos pensar a montanha como sendo a linha de ascendência ao céu, onde o humano alimenta sua alma, sente-se fortalecido, acolhido, revigorado, pronto para enfrentar os desafios impostos na dimensão terrena,  que é movida pela pobreza humana, opondo-se a montanha.

            Esse significado da subida a montanha se dá para as pessoas que buscam um estímulo espiritual, que estão atrás de algo mais, que almejam uma iluminação, um encontro com Deus, porque se sentem tocadas. Agora para aqueles que não vivem esses momentos e que não sentem essa necessidade, a montanha representa um divertimento, um lugar a ser escalado, também percebido como o lugar ideal para fugir do estresse no final da semana. Cabe a cada um, a partir das suas necessidades, dar a conotação que achar melhor para a subida da montanha.

           

 

           

           

domingo, 24 de fevereiro de 2013

ONIOMANIA

       
 

            Oniomania vem do grego onios que quer dizer “à venda” e mania que significa insanidade, esse é o termo técnico usado para as pessoas que sofrem do desejo de comprar compulsivamente. Comumente é conhecido por Síndrome  ou Transtorno do Comprar Compulsivo.

            Podemos entender a síndrome do comprar compulsivo como uma doença cujas causas são multifatoriais, visto envolver aspectos biológicos e psicológicos, bem como, influências da mídia. Sem falar que é reconhecido e aprovado pela sociedade. Trata-se de uma síndrome tão grave quanto à dependência química e o alcoolismo, porém as pessoas não têm consciência disso.

            Apesar de hoje a síndrome de oniomania ser estudada por psiquiatras e psicólogos, ainda é pouco discutida nos eventos de saúde mental, mesmo havendo um aumento global, visto o terreno para o seu crescimento ser fértil no mundo atual.  Compras pela internete, propagandas subliminar, catálogos de compras que chegam às caixas de correspondência pelo correio, canais de televisão exclusivos a vendas, servem de estímulo para o comprador compulsivo.

            A pessoa que sofre dessa síndrome tem dificuldade de resistir os impulsos que a levam a comprar. Frequentemente realiza compras que não pode pagar, chegando por vezes, a contrair dívidas de até dez vezes mais do que ganha. Essas compras não ocorrem só na fase de hipomania ou mania, mas sim quando sente a necessidade aliviar os sentimentos de grandes frustrações, de vazio interno, de menos valia, na presença de uma depressão ou de um quadro de ansiedade. Nessas ocasiões, surge o de desejo de possuir, de ter poder, acreditando que dessa maneira conseguirá impressionar as pessoas e fazer com que a respeitem. A compra se dá por não tolerar a pressão interna que sofre, despertando-lhe a necessidade de possuir coisas novas, devido essa ser a única forma de prazer que acredita ter. Enquanto está comprando tem a sensação de alívio e prazer provocada pela dopamina, mas passado um tempo o sintoma volta.  

Estourar orçamento repetidamente é um vício igual ao alcoolismo, a cocaína, a maconha, etc. O comportamento do comprador compulsivo quando não tem mais condição de comprar, por já estar com o seu crédito estourado, não difere muito do comportamento do dependente químico. A pessoa pode ter sido honesta toda vida, nunca ter se envolvido com roubos, mas quando vem o impulso de comprar algo e não tem dinheiro, acaba se deixando levar por ele e roubando. Alguns passam cheque sem fundos, pedem dinheiro emprestado na tentativa de quitar algumas dívidas para poder fazer novas.

Nesses casos, precisa-se ter claro que não se trata de um problema de caráter, mas sim de uma doença que impede de controlar o impulso, fazendo com que se torne um “dependente da compra”. Como todo dependente, o comprador compulsivo também tem a dificuldade de perceber que está com problema e assumi-lo, por isso, usa o mesmo chavão dos alcoolistas e dos dependentes químicos: “quando eu quiser, eu paro de comprar”, só que esse momento não chega. Mesmo estando afundado em dívidas, continua comprando.

Se observarmos as características dessas pessoas, geralmente elas apresentam uma boa desenvoltura social e cultural; são imediatistas; muito inteligentes, inclusive tendo a tendência a ter uma inteligência acima da média normal. Infelizmente não fazem uso desse privilégio intelectual para sua vida, porque na hora da compra o craving (avidez) por comprar pesa mais. O bom é que essa vantagem intelectual que tem, permite que após terem comprado percebam que fizeram bobagem.

Como todo dependente, os compradores compulsivos só buscam ajuda quando chegam ao fundo do poço. As relações pessoais começam a se tornar difíceis com a família, com os colegas de trabalho e amigos, acabam por se isolar. Casos mais extremos, casamentos são desfeitos e o risco de suicídio é alto. Geralmente o tratamento exige o uso de medicação para controlar a impulsividade e a terapia cognitiva-comportamental, para trabalhar as mudanças de hábitos. É interessante observar que o comprador compulsivo também apresenta fissura como o dependente químico, ficando inquieto, irritado, agressivo, choroso, apresentando agitação psicomotora quando vem o desejo de comprar e não pode.

As dicas que podem ajudar o comprador compulsivo são:  primeiramente aceitar que tem problema e buscar ajuda; comprar com dinheiro e deixar o cartão de crédito e débito em casa; fazer lista do que precisa comprar e respeitá-la; evitar parar em frente de lojas que estão em promoção; passear pelas vitrines quando as lojas estiverem fechadas e caso vá no horário que estão abertas, deixe o talão de cheques, cartão de crédito e débito em casa, saindo com o mínimo de dinheiro; reconhecer e nomear seus sentimentos, perguntando-lhe por que quero comprar? Por que estou ansiosa ou deprimida? Preciso comprar? É o momento de eu comprar? Como estão as minhas finanças? No que a compra irá me ajudar?

Quando o desejo ardente de comprar vier (fissura), procure desviar o pensamento; ligue para alguém, faça uma caminhada ou corrida,  mas não se deixe levar pelo o impulso.

O tratamento aplicado ao comprador compulsivo é medicação, terapia e grupo de apoio a compradores anônimos, sem isso, é muito difícil reverter o quadro, pois se trata de uma doença, apesar de muitas pessoas acharem que não.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

EMPATIA – SERÁ QUE AINDA EXISTE?

   
 

            A palavra empatia origina-se do grego empatheia, formada por En   - “em”, mais pathos, que quer dizer “emoção, sentimento”. Significa estar dentro do sentimento do outro. Podemos dizer que é a capacidade psicológica para se identificar com o eu do outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas situações e circunstâncias por ele vivenciadas.

            Será que no mundo de hoje as pessoas são empáticas? Tenho me questionado muito sobre isso, frente ao egoísmo que percebo em nossa sociedade. As pessoas estão voltadas apenas para si. Como a gurizada costuma dizer “cada um no seu quadrado”, estabelecem relações virtuais, pois assim podem criar simulacros, não precisando se mostrar, pois temem que o outro ao conhecer-lhes, acabe por abandoná-los. Mas o que está levando as pessoas a não serem mais empáticas?

            A empatia é alimentada pelo autoconhecimento, quanto mais tomarmos consciência de nossas emoções, mais fácil de compreendermos o sentimento alheio. Entender o sentimento do outro irá depender da nossa capacidade de interpretar a linguagem expressada de forma não-verbal, como: tom de voz, gestos, postura, expressão facial, etc. Também é interessante observar a forma como faz suas colocações, visto ser mais importante a maneira como as faz do que as colocações em si.

            Pessoas que na sua infância sofreram abandono emocional, na vida adulta tendem a embotar a empatia. O interessante é que elas apresentam um comportamento paradoxal, ao mesmo tempo em que não conseguem se colocar no lugar do outro, por ter sofrido ameaças, humilhações, agressões verbais e maldade no início de sua vida, tornam-se hiper alertas para as emoções de quem está a sua volta. Esse comportamento corresponde a uma vigilância pós-traumática, a fim de identificar algum sinal de nova ameaça.

            Com o aumento da violência infantil, conforme dados estatísticos dos últimos anos, não podemos esperar um resultado muito diferente do que estamos vendo no nosso dia-a-dia. Sem esquecer que hoje as pessoas estão preocupadas consigo, em ostentar um padrão social que não é o seu, porque acreditam que dessa forma se farão respeitar. Esquecem a sua realidade, tem vergonha da sua origem e por isso negam, não reconhecem seus sentimentos e, portanto, não conseguem nomeá-los, com isso se afastam do seu verdadeiro eu, para viverem o eu idealizado.

            Dessa forma, como queremos esperar que estejam preocupados com o sentimento alheio, se estão em volto das suas coisas? Tornam-se pessoas vazias, de difícil convivência, porque a forma como se relacionam levam as pessoas a se afastarem.

            Não dá para esquecer que a empatia é uma das várias facetas de julgamento e ação morais. É sofrer com aqueles que sofrem, que passam privações, aflições, levando a pessoa a ajudá-las para saírem da situação em que se encontram. Infelizmente isso não é o que temos presenciado. A lei que impera em nossa sociedade atualmente parece ser cada um por si. A maioria das pessoas não está disposta a escutar e ajudar o outro, alegando que tem problema de mais e projetando para as instituições governamentais a total responsabilidade pelo outro.

            Isso me assusta e me preocupa, porque fico com a sensação que o humano está cada dia mais desumano, mas não perco a esperança, porque acredito nas pessoas e acho que podem mudar. Sendo assim, existe a possibilidade delas se tornarem mais empáticas. Empatia pode ser desenvolvida, trata-se de uma questão de treino, vontade, capacidade de compreender que o mundo não gira em torno de si e poder reconhecer que só existe, porque o outro existe. Portanto, nada mais justo que se permitir olhar para o outro.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

SOFRER POR ANTECIPAÇÃO

     
          Sofrer por antecipação é um dos sintomas do transtorno de ansiedade, a pessoa gasta uma energia enorme por algo que poderá ou não acontecer. Algumas vezes não dorme, não consegue se alimentar direito e acaba por desenvolver um pensamento obsessivo. Faz conjecturas e acredita que se trata de verdades, na maioria das vezes, acaba se decepcionando, porque o evento acontece totalmente diferente do que previa.

            É bastante comum encontrarmos pessoas que funcionam assim, mas não percebem, por ser algo intrínseco. Geralmente os seus pensamentos são disfuncionais, enxergam sempre o pior e estão sempre tensas e preocupadas, não conseguindo relaxar. Queixam-se de cansadas e realmente estão, porque o sono não tem qualidade, sofrem um desgaste emocional, visto estarem sempre apreensivas. Chegam a verbalizar e acreditar que dessa forma conseguem evitar o pior. Demonstram, por meio dessa crença, acreditar que tem poder para controlar ou mudar as situações.

            Essa maneira de funcionar gera muito sofrimento, porque as coisas acontecem da forma que tem que acontecer, a preocupação, o sofrimento antecipado não irá mudar nada.

            São pessoas, na maioria das vezes,  controladoras, obsessivas, inseguras, medrosas e por vezes, místicas.  Apresentam sentimento de inferioridade, de baixa auto-estima, sintomas de depressão e por isso, procuram, por meio do mecanismo de defesa de onipotência, dar-se um poder que não tem, mas gostaria de ter, para esconder esses sentimentos que não gostam e lhe geram sofrimento. Não é incomum encontrar-se nesses pacientes, sintomas narcísicos, por se perceberem superiores aos outros, visto terem o dom de prever o que vai acontecer.

            Conseguir desvencilhar-se disso não é muito fácil. São pessoas rígidas, que tem muita dificuldade de lidar com o novo, visto esse  aumentar a ansiedade. Preferem ficar funcionando da maneira  que funcionam, mesmo sofrendo, pois sentem-se seguras por acreditarem ter o controle da situação.

            É lamentável, pois pagam um preço muito alto por funcionarem assim, existem técnicas que permitem a pessoa se dar conta que não precisa sofrer, podendo viver de forma mais relaxada, sem ficar se preocupando com o que irá acontecer, baixando o nível de ansiedade. A respiração diafragmática feita no mínimo três vezes por dia, agregada a técnicas de relaxamento e atividade física, ajudam a baixar o nível de ansiedade, mas não a sua forma de pensar e funcionar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

NÃO ME PERMITO ERRAR

    
 
            Que colocação forte essa e que sofrimento causa nas pessoas que assim pensam. Mesmo  acreditando que não sofrem, atrás da sua negação existe uma dor e, portanto, sofrem duplamente, por não se permitirem errar e por não aceitarem o sofrimento.

            Na realidade essas pessoas são vítimas de um nível de exigência muito alta dos seus cuidadores na infância, chegando, às vezes, a  levarem castigo ou até mesmo apanharem por não terem atendido as expectativas dos pais ou das pessoas que os cuidavam. Nesses casos, a mensagem que lhes era passada, na época, é que só presta ou só é bom quem faz as coisas certas. Como criança não tem a condições e capacidade para questionar o que é certo ou errado e entender que são conceitos abstratos, pois variam conforme a percepção de cada um, a partir das suas referências pessoais, passam a acreditar que a mensagem que lhe foi passada trata-se de uma verdade absoluta. Com isso, elas acabam registrando no inconsciente, que a pessoa para ser aceita e aprovada pelos outros, precisará fazer as coisas certas. Caso contrário, corre o risco de ser abandonada, como uma forma de punição, por não ter atendido as expectativas que lhe foram depositadas.

            É comum se identificar esse tipo de pensamento em pessoas que na infância foram abandonadas, negligenciadas, vítimas de violência domestica ou de abuso sexual por se perceberem como um objeto ruim. Por terem essa percepção registrada no inconsciente, passam a acreditar que precisam fazer tudo certo, para que os outros possam admirá-las e verem o quanto são competentes, não se dando conta que esse é um pensamento delas, mas não significa que seja verdade. Na maioria das vezes, são percebidas pelos outros  como uma pessoa onipotente, mas não podemos esquecer que a onipotência é uma defesa usada para esconder a fragilidade, o complexo de inferioridade, o medo, a insegurança, etc.

             A pessoa que não se permite errar, e, que tem um nível de exigência muito alto consigo mesmo, também acaba por exigir dos outros. Geralmente, são pessoas que apresentam problemas de relacionamento interpessoal, é mal vista nos grupos, podendo inclusive ser colocada à margem, pois não consegue flexibilizar devido a sua rigidez. Considera-se dona da verdade, não  entendendo que para a sua verdade ser verdadeira precisa escutar a verdade do outro. Sofre muito quando alguém lhe aponta um erro, tendo dificuldade de aceitar, porque toda vez que isso acontece, vários são os sentimentos acionados dentro de si. Não tem conhecimento que essas crenças que carrega, em nível de inconsciente, que se manifestam por meio de pensamentos disfuncionais podem ser mudadas, a partir do momento que começa a questioná-los.

            Claro que a pessoa não precisa carregar essa crença para o resto da vida, basta estar aberta a mudança, reconhecer seus pensamentos disfuncionais, aceitar que todos nós, humanos, em algum momento vamos errar, entender que isso até pode se tornar um problema, mas tentar encontrar alternativas para corrigir e se não tiver como corrigir, azar, pois erros acontecem. Dar-se conta que no momento em que não aceita o erro do outro, está repetindo o comportamento que tinham para com ela na infância e se não gostava, por que está fazendo a mesma coisa?

            Nesses casos, a terapia cognitiva-comportamental dá uma boa resposta, pois após o paciente conseguir identificar suas crenças, seus pensamentos disfuncionais e questioná-los, faz-se a dessensibilização no consultório e depois se dá uma tarefa para casa, que deverá realizar de forma errada. É normal a resistência num primeiro momento, mas na medida em que conseguem fazer e se dão conta que angústia e o sofrimento que tinham começa a amenizar, o tratamento torna-se tranquilo, não precisando de muitos encontros para remover essa crença. É importante sabermos que os erros nos proporcionam uma apredizagem, portanto, que bom que podemos errar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O BOM SENSO SE PERCEBE NAS MÍNIMAS COISAS


 

            Confesso que tem horas que penso que as pessoas perderam a noção do bom senso, principalmente quando o assunto é celular. Existem regras básicas de educação e bom senso que devem ser cumpridas sempre, mas percebo que isso tem sido deixado de lado. Outro dia estava aguardando na sala de espera de um consultório médico, lendo uma revista, quando três pessoas resolveram ligar para bater “papo” no celular. Não preciso dizer que cada uma procurava falar mais alto que a outra, fui obrigada a fechar a revista, porque era impossível concentrar na leitura, e fiquei observando. Nenhum assunto era importante, que não pudessem ser falados depois, mas por que estavam então ligando?

            Vários podem ser os motivos, como por exemplo: falta de hábito de ler, ansiedade, necessidade de se mostrar importante, falta de noção, de educação, de bom senso, pensar que está ocupando o seu tempo, de egoísmo, de narcisismo, de respeito e consideração com as pessoas que estão a sua volta, entre muitos outros. Não percebem que a sua fala atrapalha o profissional que está atendendo na outra sala e que pode incomodar as outras pessoas, que estão ali dividindo o espaço com elas, e que não tem interesse em saber da sua vida.

            O pior ainda é quando tem aqueles que não colocam o celular no silencioso ou não desligam e atendem quando toca no teatro, no cinema, em uma repartição, no velório, na Igreja ou templo, na sala de aula, no congresso... Nesses casos não se trata apenas de esquecimento, de falta de educação ou de bom senso, precisa-se analisar o que está por trás desse “ato falho”. Podemos pensar que se trata de uma pessoa com um complexo de inferioridade grande, que acredita se mostrar importante para os outros, com as chamadas que recebe no celular. Talvez seja um narcísico que não está preocupado com as pessoas que estão a sua volta, afinal a pessoa mais importante que tem ali é ele mesmo, portanto, os outros não interessam. A necessidade de mostrar que é uma pessoa lembrada, ocupada, ou até mesmo de um exibicionista, que acredita mostrar o seu “poder” pelo modelo mais atualizado de celular que possui e que não pode ficar escondido no bolso da calça ou na bolsa, ele precisa ser mostrado, afinal foi comprado para isso, etc.

            Já tive oportunidades de presenciar cenas hilárias de pessoas falando no celular, que achavam que estavam fazendo o maior grau e não percebiam o mico que estavam pagando. Uma das muito engraçadas foi na fila do supermercado, perto do meu consultório, onde atrás de mim tinha uma pessoa conhecida, que faz questão de me chamar de doutora, mesmo já tendo lhe dito que não sou doutora, mas faz tudo para chamar minha atenção. Fez que tinha ligado para alguém e falava em altos brados assuntos relacionados à sua psicóloga, só que para seu azar, o telefone dele tocou e eu olhei, já rindo, e perguntei, estavas falando sozinho? Ele com o rosto completamente vermelho, não sabia o que fazer e acabou optando por sair da fila.  Não preciso dizer que ri muito, quem me conhece, sabe que para eu rir, não precisa muita coisa, sem falar que  até hoje a pessoa evita passar por mim, dando-me uma trégua.

            Existem situações que são engraçadas, mas têm outras que são totalmente deselegantes. Numa palestra, numa sala de aula, num templo, num velório, atender o celular é sinal de total desrespeito com a pessoa que está presidindo o evento, com a situação e com as pessoas que estão ali.

            É incrível, mas não tem um domingo que eu não vá à missa e que na metade não toque o celular de alguém. Fico pensando, será que precisa levar o celular para Igreja? Será que hoje para conversar com Deus se precisa de celular?  Não dá para colocar no silencioso e depois ver quem ligou? Será que se trata de esquecimento ou de desvalorização com o que está acontecendo ali? Será que vão a Igreja só para cumprir protocolo? Esses questionamentos são válidos para todos os outros eventos que envolvem várias pessoas.

            Por favor, vamos procurar pensar se não estamos nos tornando dependentes ou escravos do celular, porque se estivermos, isso é patologia e precisa ser tratado. Também, vamos procurar colocar no nosso dia-a-dia o bom senso como um dos temperos da nossa vida, a fim de não sermos vistos como pessoas deselegantes.

            Deixo claro, não sou contra o uso de celular, acho até necessário, mas na dosagem certa.

 

 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

“SARAU CULTURAL”


Objetivo: criar um espaço que proporcione às pessoas, por meio de leitura de textos ou obras literárias, a refletirem sobre o tema proposto,  expondo suas idéias e estabelecendo-se um debate sobre a influência do mesmo, nos dias atuais.
Local: Rua Cel. André Belo, 566 sala 208 – Menino Deus – POA

Início: 25/03/2013

Horário: 19: 30h às 21h.

Público: Qualquer pessoa que goste desse tipo de atividade.

Inscrições: devem ser feitas pelo email anissis@cpovo.net ou pelo fone (51) 9987.7258.


AGILIZE-SE, POIS AS VAGAS SÃO LIMITADAS!!!!

 

 

 

 

SEPARAÇÃO CONJUGAL

            
            Outro dia, sentada em um café, presenciei a discussão de um casal, que ali resolveram que a relação não dava mais e que tinham que se separar. Fiquei pasma, não acreditei no que estava vendo. Afinal, hoje as pessoas não têm mais o cuidado de preservar a sua privacidade, pelo contrário, parecem fazer questão de expor a sua vida para todos.

            O casal falava em altos brados, um acusava o outro veementemente. Buscavam situações ocorridas no tempo do namoro que foram desagradáveis, discutiam a relação sexual e por aí foram. Eu e alguns outros clientes éramos bombardeados com aquele monte de insultos, até que aos poucos, as pessoas foram levantando e saindo. Obviamente que fiz o mesmo, afinal, o meu objetivo era dar um tempo para minha cabeça, mas vi que tinha escolhido o lugar errado.

            Saí dali pensando, com que direito aquele casal privou a minha escolha e a de outras pessoas, que ali estavam, de tomar um café, bater um papo, ler um jornal ou uma revista. Não tinham direito nenhum, mas a falta de crítica, de bom senso, de egoísmo, de narcisismo deles era tanta, que deixou-nos acuados, fazendo com que saíssemos, para que ficassem mais à vontade.

Enquanto fazia o caminho de volta para o meu consultório, fui pensando, será que o término de uma relação sempre tem que ter um culpado? As pessoas não podem deixar de se amar, gostar ou simplesmente se desencantarem?  Por que ficam desencavando coisas lá de mil novecentos e antigamente para justificar a separação? Por que não separou na época em que o fato ocorreu? O que as levou se unirem e o que hoje as fazem se separar? O respeito pelo ser humano onde está? Tantos outros questionamentos surgiram, mas o que não queria calar é por que os casais quando resolvem separar precisam primeiramente encontrar um culpado. Tendo esse sido encontrado, precisam achar uma forma de desmoralizar aquela pessoa, que em algum momento, escolheram para ser seu marido/esposa.  A cumplicidade, o carinho, os momentos bons que viveram juntos, o que construíram, as dificuldades que possam ter vivido são esquecidas. Aquela pessoa que até então era maravilhosa, agora não presta mais, chegando, às vezes, ser percebido como um monstro.

            Sabe-se que dificilmente a separação se dá  por um fato isolado. Normalmente, acontece por  um somatório de coisas, mas será que precisa deixar chegar nesse somatório? Não seria mais fácil conversar sobre cada coisa que vai acontecendo, desagradando e tentando resolvê-las?

            O grande problema dos casais é que as pessoas têm a doce ilusão que conhecem o outro e com isso, acreditam que sabem o que eles estão pensando, o que vão dizer se falar alguma coisa, o que querem. Não percebem a sua onipotência  e dessa forma, não estabelecem um diálogo com seu companheiro. Para sabermos o que o outro pensa, acha, quer, gosta, precisamos perguntar a ele, até mesmo o que ele entendeu sobre a nossa colocação, a fim de evitar qualquer ruído de comunicação. Isso é um princípio básico para qualquer relação, pois nem sempre o receptor da mensagem terá a mesma percepção e entendimento do emissor.

            As separações se dão pela falta de diálogo. Afirmo isso, por ter realizado, há um tempo, uma pesquisa com casais, para escrever um trabalho sobre “o papel do terapeuta no processo de separação conjugal” e esse foi o ponto que mais apareceu como causa das separações. Essa falta de diálogo entre casais é que está contribuindo para o aumento no número de divórcios. E aí deixo para pensar, por que as pessoas têm medo de falar, de exporem o que estão pensando e sentindo para os seus parceiros? O que temem?

domingo, 17 de fevereiro de 2013

CONHEÇA-TE A TI MESMO

      
           Essa, provavelmente, seja a máxima mais conhecida de Sócrates, afinal quem já não a escutou, no entanto, colocá-la em prática não é algo tão simples.

            Por que é tão difícil conhecer-se a si mesmo? Porque não temos o hábito de prestar atenção, de questionar e avaliar as nossas emoções, nossos pensamentos, sentimentos e comportamento no momento em que eles acontecem. Julgamos que são tão óbvios que não precisam ser analisados e quando avaliamos, fazemos de maneira que nos conforte. Encontramos justificativas, às vezes absurdas, para explicá-los, mas somos capazes de acreditar que se trata de uma verdade, projetando para os outros as nossas ações e reações.

            Esse processo ocorre pelo fato de as pessoas não terem consciência do processo de pensar, por não prestarem atenção no que estão sentindo internamente. A atenção é que faz com que o indivíduo registre de forma imparcial, tudo o que passa por sua mente, permitindo-lhe desenvolver a autoconsciência. Essa não é movida pelas emoções provocadas, levando a agir de forma impulsiva, pelo contrário, ela é auto-reflexiva mesmo frente a situações tumultuadas.

             Autoconsciência significa estar consciente do seu estado de espírito, do seu pensamento, do seu comportamento, das suas emoções, a fim de poder entender o que o levou a desenvolvê-los. Essa clareza fornecida pela autoconsciência permitirá ao indivíduo, reconhecer seus próprios limites, ter um olhar mais positivo sobre a vida, sem ficar ruminando dores e sofrimentos que só lhe prejudicam. Com certeza, dessa forma, gozará de uma saúde mental mais saudável.

O processo de autoconsciência é o canal que leva o humano a conhecer-se a si mesmo. É um desafio, que vale a pena ser encarado.

 

 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

ADAPTO-ME A QUALQUER SITUAÇÃO PARA...

  
        Quem não conhece ou já não ouviu falar naquela pessoa que é capaz de se adaptar a qualquer situação para levar alguma vantagem? Isso é algo que se tornou comum em nossa sociedade, na vida profissional, nas relações pessoais e até mesmo nas afetivas. Quantos casamentos ou relacionamentos existem só de fachada? Casais que compartilham a mesma casa para não terem que dividir patrimônio, não consegue se olhar, mas vendem a imagem do casal perfeito.

            Encontramos pessoas com habilidade de mudar a sua maneira de funcionar com muita facilidade, adequando-a conforme a impressão que quer passar para os outros. Normalmente sofrem de um vazio social e por isso, precisam se moldar para conseguirem pertencer ao grupo que lhe desperta interesse, sem correr o risco de serem rejeitadas. Acreditam que dessa forma conseguirão superar esse vazio, já que causam uma boa impressão e se mostram populares.

            Essas pessoas são os famosos e conhecidos “camaleões sociais”, ou seja, a idéia que tem de si é bem dissociada da imagem que procuram passar para os outros, a fim de que esses o aceitem e o amem. Mostram-se, conforme parece que os outros querem que eles sejam. Não conseguem manter relações estáveis, duradouras ou satisfatórias, devido as suas dificuldades de alinharem a felicidade a si mesmo com habilidades sociais que não lhe agridam, mas que lhe permitam agir com autenticidade.

            O camaleão social verbaliza uma coisa, no entanto, age completamente diferente, não se importando com a dissonância existente entre o que fala e o que faz, pois o que busca é a aprovação social.

            Não é incomum vê-los fazer todo um discurso sobre um assunto polêmico, pregarem uma moral, que na sua vida privada não tem valor nenhum. Na psicanálise essas pessoas são chamadas de “personalidades condicionais”, devido mudar de persona facilmente à medida que captam sinais dos que a cercam.  Estabelecem diálogos de forma especulativa, estão atentos, vasculhando o outro na tentativa de encontrar algo que indique sua expectativa, antes de exporem a sua maneira de pensar e agir.

            É comum se fazerem de amigos, mesmo quando não gostam da pessoa. São solícitos, educados, gentis, usam do seu verniz social quando querem se enturmar, mas depois de terem seus objetivos atingidos, mudam rapidamente o comportamento, sem ter a mínima preocupação com as consequências sociais que virão.

            Pessoas que funcionam dessa maneira vivem um conflito intenso e sofrem com isso, mas ao mesmo tempo em que referem querer mudar, não conseguem, porque não sabem identificar e lidar com as suas aptidões sócias e muito menos com as emoções. Consideram-se espertos, justificam sua maneira de funcionar alegando que todo mundo vive assim, demonstrando o seu prejuízo e a sua falta de crítica.

           

 

           

 

 

 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

NÃO SEI NOMEAR MEUS SENTIMENTOS

      
          Sabemos que o humano é essencialmente emoção e que essa é extremamente importante para a sua racionalidade, visto ser ela responsável pela decisão que toma a cada momento. Só que a emoção não trabalha sozinha, mas de mão dada com o seu lado racional, inibindo ou não o próprio pensamento.

            Apesar de a emoção ser uma “peça” fundamental na vida do humano, não é incomum encontrar pessoas que não conseguem identificar suas emoções, chegando a verbalizar que não sabem o que estão sentindo. No setting terapêutico, isso é mais  fácil de identificar, basta pedir para o indivíduo identificar qual o sentimento que está por trás de sua fala e a resposta vem: “não sei, nunca pensei sobre isso ou não consigo nomear meus sentimentos”.

            O não sei e o não pensar preocupa, mas não tanto, porque prestar atenção ou falar de sentimentos, de emoções, parece ter se tornado algo vergonhoso, ultrapassado, um sinal de fraqueza, na correria do dia-a-dia, na sociedade capitalista em que vivemos, onde o ser humano vive de forma robotizada, sendo avaliado pelo que tem e não mais pelo que é. Agora, quando dizem “não sei nomear o que sinto, não tenho consciência dos meus sentimentos, das minhas emoções, não consigo expressá-los”, temos que ficar atentos, pois podemos estar frente a um quadro de alexitimia.

            A etiologia da palavra alexitimia vem do grego, onde “a” significa ausência, inexistência; “léxis” quer dizer palavra e “thymós” emoção. Portanto, aquela pessoa que não consegue encontrar palavras para expressar seus sentimentos, suas emoções, pode ser alexitímica. Isso não quer dizer que ela não tem emoção, mas, sim, a incapacidade de manifestá-la. Essa incapacidade não se limita apenas aos seus sentimentos, mas aos dos outros também. Geralmente, apresenta um vocabulário pobre quando o assunto é emoção. Não consegue diferenciar emoção de sensação física, chegando a reclamar que frente a determinadas situações, as mãos ficam umedecidas, sente-se tonta, náusea, com palpitação, sem perceber que está ansiosa. Raramente chora, mas quando consegue, é de forma copiosa, entretanto, se lhe for perguntando o motivo do choro, fica perplexa e o máximo que consegue dizer é “não sei”.

            É importante sublinhar que os alexitímicos não são isentos de sentimentos, de emoções. O que eles não conseguem, é expressá-las em palavras. Eles não têm aptidões, autoconsciência para identificar o que sentem, enquanto as emoções atuam de forma desordenada dentro de si. Quando conseguem perceber que alguém ou algo os mobiliza, lhe despertando algum sentimento, se assustam com a experiência, acham normalmente arrasadoras e procuram evitá-la. 

Prestar atenção no sentimento, nas emoções e fazer o exercício de nomeá-los é importantíssimo para vida de qualquer pessoa, assim como, expressá-los, sem a preocupação de querer saber o que os outros vão pensar sobre isso. O grande problema que se percebe atualmente no humano é que está muito preocupado com que o outro pensa ou acha a seu respeito, mas será que ele pensa ou acha algo sobre você? Não será o seu lado narcísico, o seu desejo de sentir-se importante que está levando-o a ter esse pensamento? Pense sobre isso e sobre seus sentimentos e viva tranquilo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

RETORNO


            Felizmente estou de volta, confesso que já estava com saudades, mas fui obrigada tirar uns dias de férias do blog, por ter sido picada por uma aranha e desenvolvido uma reação alérgica intensa, que acabou por desencadear um processo inflamatório em todas as minhas articulações, ficando com algumas restrições, entre elas, digitar.
 
            Agora, já recuperada parcialmente, estou de volta, trazendo como novidade o lançamento do livro que organizei “Por que me endivido? Dicas para entender o endividamento e  sair dele”, que será no dia 4 de abril, na livraria Saraiva do Shopping Praia de Belas, às 19h. Claro que mais perto da data, será feita a divulgação, mas desde já, sintam-se convidados.
            Aproveitando, vou deixar um link que achei interessante em que mostra como a psicologia pode ajudar no mercado financeiro.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

FÉRIAS

No período de 04 a 13/02 estarei de férias, voltando a postar a partir do próximo dia 14. Até lá!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

ROTULAR

            
            Ontem presenciei uma cena que me levou a pensar sobre essa questão de rótulos, pois é fácil dizermos que alguém, que nem conhecemos, é sem-vergonha, mau caráter, vigarista, louco, bipolar que está tão em moda, sem avaliarmos a representação que isso pode ter na vida da pessoa.

            Rotular os outros a partir da nossa percepção, que geralmente se dá de forma empírica, se trata, na maioria das vezes, de uma atitude que tomamos por impulso. Esse é o veículo da emoção que age pelo nosso lado irracional, demonstrando a nossa irresponsabilidade. Afinal, não podemos acreditar que a forma como percebemos as pessoas ou fatos seja uma verdade universal. Precisamos ter claro, que para conhecermos a verdadeira verdade sobre alguém ou algo, precisamos escutar a verdade dos outros.

            Algumas pessoas funcionam basicamente por impulso, alegam ter dificuldade de controlá-lo. O controle de impulsos envolve apenas dois pontos, vontade e caráter, entretanto, observa-se nos tempos atuais que as pessoas não querem se comprometer com nada, nem mesmo com o seu processo de mudança para tornar-se um ser melhor. Fazer o movimento de mudança é algo impossível, primeiro porque não reconhecem a necessidade do mesmo e segundo porque não estão dispostas a ter que prestar atenção na sua forma de funcionar, de pensar e agir, para mudarem.

            Julgam, criticam, colocam rótulos nas pessoas, porque essa é a forma que encontram para falar de si, sem perceberem, pois aquilo que vemos no outro e que nos incomoda, nada mais é, do que os nossos conteúdos internos que não gostamos e que tentamos esconder, mas que acabamos identificando no outro, porque ele é o nosso espelho.

            Rotular alguém pode ser uma forma de defesa que encontramos quando nos sentimos atingidos emocionalmente e por isso, de forma impulsiva, encontramos uma maneira de nos afastarmos da pessoa ou da situação. Lembremos que a palavra emoção tem sua etiologia no latim movere, que significa mover, mas acrescida do prefixo “e” denota afastar-se.

            Por vezes, precisamos criar situações para nos afastarmos, visto não conseguirmos equilibrar emoção e razão, sendo assim, rotular pode ser um dos artifícios usados para que o processo de afastamento possa ser justificado. Controlar o impulso emocional, traduzir os sentimentos mais íntimos de alguém, requer habilidade e isso não são todos os que têm.            

            Em Ética a Nicômaco, Aristóteles refere que “qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa não é fácil”. Talvez isso, possa a nos ajudar entender porque precisamos rotular alguém, quando ele nos atinge emocionalmente. Fica o convite para pensar.