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domingo, 29 de maio de 2011

A DIFERENÇA QUE OS PAIS FAZEM ENTRE OS FILHOS

       Sempre ouvi dizer que pai e mãe não fazem diferença entre filhos, mas nunca acreditei e a cada dia percebo que realmente a diferença existe.


        Aquela velha história de que os pais amam todos os filhos iguais não é verdade, ao menos em minha opinião, explico porque penso assim. Em primeiro lugar não conseguimos amar duas pessoas da mesma forma, pois elas são diferentes. Por serem singulares, cada uma terá as suas características próprias, a sua maneira de funcionar, podendo ser mais afetiva ou não, mais atenciosa, mais preocupada com a família, etc.

       O segundo ponto que percebo é o processo de identificação, às vezes os pais se identificam mais com um filho do que com o outro, por isso, os tratam de maneira diferente. Obviamente que os pais, na maioria das vezes, não percebem isso, ficando muito incomodados, quando apontamos essa realidade para eles. Geralmente negam e se revoltam com a colocação do terapeuta, tirando o seu filho do tratamento.

      Claro que esse tratamento diferenciado por parte dos pais, se dá em nível de inconsciente. Alguns até tem consciência e verbalizam que o fulaninho é mais atencioso com eles, ao passo que o outro só se preocupa com os amigos. Só que nunca param para se perguntar por que o outro só se preocupa com os amigos. Será que esse olhar a mais para os amigos não se dá em função de perceber que existe uma diferença entre ele e seu irmão?

     Muito dos comportamentos de violência, do uso de álcool e droga na infância e na adolescência está relacionado a isso. Os jovens se sentem isolados ou discriminados dentro de casa e buscam uma forma de chamar a atenção dos seus pais. Infelizmente, a maioria se vale de uma forma negativa, enquanto outros buscam o reconhecimento, exigindo muito do seu ego, para poderem mostrar aos seus progenitores que realmente são bons. Acreditam que dessa forma, serão aceitos e notados pelos pais. Só que pagam um preço altíssimo para isso, devido o desgaste psíquico que tem.

     Chamou-me a atenção nas últimas semanas, o número de crianças e adolescentes envolvidos com agressão e uso de arma dentro das escolas. Isso me faz perguntar onde estão os pais? Não é possível que o pai do menino que disparou um tiro na sala de aula contra o colega, não saiba que o seu filho esteja manuseando uma arma e carregando na mochila. Quando falo pai, lê-se pai e mãe.

     Citei esse caso, porque fico pensando nesse adolescente. Será que ele queria realmente atirar no colega? Como será que se estabelecem as relações familiares em sua casa? Será que esse adolescente não se desenvolveu vendo a violência imperar dentro de sua casa? Será que ele não é vítima de agressões verbais e físicas? Será que não sofre discriminações ou não é negligenciado em relação a seus irmãos? Tanto será, surge frente a um caso desses, por isso, temos que ter muito cuidado quando vamos fazer qualquer análise em relação a ele. Não podemos sair julgando e afirmando que se trata de mais um delinqüente ou de pais ausentes, precisamos ver todo o contexto em que esse jovem e sua família estão inseridos.

      O problema não está nas crianças, mas nos adultos que deveriam ser exemplos para eles, mas que muitas vezes, os tratam de forma violenta, agressiva, quando não os negligenciam. A discriminação entre os filhos não deixa de ser um ato de violência para com o diferenciado.

      Quantas são as vezes que já vi pais repreenderem os filhos na frente dos outros, de não respeitarem a privacidade de seu filho e contarem para terceiros, as suas “intimidades”, deixando o filho muito irritado. Sem falar da forma agressiva com que muitos pais se dirigem aos filhos, apontando-lhes o dedo ao falar e dizendo-lhes coisas pejorativas que ficarão armazenadas no inconsciente da criança ou do adolescente e que carregarão para o resto da vida. Os pais esquecem ou não sabem o peso que suas falam tem na vida psíquica de seus filhos. Creio que se soubessem, agiriam de outra forma, pois assim evitariam o sofrimento psíquico de seus filhos, permitindo-lhes viverem a vida adulta de forma mais saudável, sem ficarem reproduzindo o lixo psíquico que tem armazenado no inconsciente.

      Para mim, o importante é que os pais possam refletir sobre a forma que tratam seus filhos e não tenham vergonha de assumir que fazem diferenças. A partir do momento que conseguirem se dar conta disso, terão condições de pensar e entender o porque, e, quem sabe até mudar sua maneira de agir em relação aos filhos.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A MALDADE DO HUMANO

      Não são poucas às vezes, que fico chocada com a maldade das pessoas. Tenho a impressão de que a maldade vem numa crescente e confesso que isso me assusta, porque ainda acredito na pureza do ser humano.

      Infelizmente tenho que reconhecer que essa pureza a que me refiro talvez se trate de um idealismo meu. Afinal, os opostos fazem parte da vida do humano; somos bons e maus, alegres e tristes, felizes e infelizes e por aí segue. Só que por vezes me defronto com situações que fogem da normalidade, ou seja, quando percebo que a pessoa maldosa procura outro, para poder dar vazão a sua maldade.

     Fico amedrontada quando ouço uma pessoa dizer que se aproximou de alguém para poder se “vingar”, relatando quais os artifícios que utilizou para conseguir atingir o seu objetivo. Quando isso ocorre no “setting” terapêutico, é mais fácil, por poder interpretar e fazer o paciente pensar sobre o seu funcionamento e o quanto está atestando a sua “maldade”. Porém, quando isso é percebido fora desse contexto, é complicado.

      Geralmente a pessoa maldosa procura seduzir a sua “vítima”. Para isso, utiliza-se de artifícios que o permitam descobrir os pontos fracos, as carências daquela pessoa, mostrando-se prestativa, querida, solícita, capaz de ajudar a resolver as fragilidades que ela demonstra ter. Assim, conseguirá conquistá-la, fazendo com que jamais ela possa desconfiar de toda sua “generosidade”.

     O objetivo do “maldoso” é fazer com que a sua “vítima” crie uma dependência emocional dele. No momento que percebe que conseguiu atingir suas expectativas, dá um jeito de criar uma situação para decepcioná-la, lhe causando-lhe um prejuízo enorme em sua vida psíquica.

     A decepção e a desilusão são tão catastróficas, que muitas vezes é percebida pela vítima como se houvesse ocorrido uma morte psíquica, devido à dificuldade que tem de reestruturar o seu self. Sem sombra de dúvida que essas situações deixam marcas irreparáveis na vida de uma pessoa, que mesmo passando por um processo psicoterápico, não conseguirá se livrar totalmente das marcas deixadas pelo seu “agressor”. Em vários momentos de sua vida, as lembranças virão e com elas as dores de ter sido enganada, de ter perdido os valores que trazia consigo.

     Tenho visto muito isso nos relacionamentos, sejam esses afetivos ou de amizades. A pessoa que tem esse tipo de funcionamento, porque nem sempre a maldade vai se dar por um processo de vingança,mas por ser um traço de personalidade da pessoa, não pensa nos danos que causará na vida do outro e que esses podem ser irreparáveis.

    Por isso, é bom que a gente possa parar e pensar sobre certos assuntos e analisar se não temos esse tipo de comportamento em relação aos outros, ou se já não fomos vítima de alguém. Hoje a maldade é tão comum, que ela passa a ser tratada de forma banalizada e não podemos aceitar isso. Pelo contrário, precisamos acabar com isso, procurando resgatar a essência do ser humano, que é pura.







segunda-feira, 23 de maio de 2011

O MEDO DE SE CONHECER

       
       Percebo a todo instante como é fácil, às vezes, até prazeroso para algumas pessoas, falar da vida dos outros, pois isso nos permite fantasiar, dar asas a nossas imaginação. Levando-nos a acreditar que o que estamos dizendo ou pensando é verdadeiro. No entanto, como é difícil quando se trata de falarmos de nós mesmos, parece que conhecemos melhor o outro.

     Falamos de suas preferências, do seu comportamento, do que costuma fazer. Somos até capazes de acreditar que sabemos o que ele pensa, ou o que irá dizer, frente a uma situação. Agora não somos capazes de falar como funcionamos, o que realmente gostamos de fazer, das nossas reações frente os obstáculos da vida, o que pensamos sobre determinados assuntos. Não temos o mínimo constrangimento em dizer que não sabemos como vamos agir ou reagir, por nos julgarmos uma “caixinha de surpresas”.

     Essa dificuldade de falar de si e de se reconhecer vem aumentando muito. Às vezes tenho a sensação de que estamos perdendo a nossa identidade, porque não conseguimos mais dizer quem realmente somos. Parece que perdemos o nosso referencial, que estamos indo na “onda” dos outros. Fazemos coisas que não queremos, mas que acreditamos que devemos fazer para agradar o outro. Sentimos-nos na obrigação de nos fazermos presentes a todos os convites que recebemos, mesmo que não estejamos com vontade. Acreditamos que temos que estar a par de todas as notícias, para que não pensem que somos pessoas alienadas. E por aí vai.

     Enquanto agimos dessa forma, não precisamos ficar remoendo as coisas que não gostamos em nós, não precisamos pensar nas nossas falhas, nas nossas frustrações. Não teremos que ficar nos questionando e tentando entender a nossa maneira de funcionar e nem vendo o que precisamos mudar, para ficarmos melhor como pessoa. Afinal temos medo de ver que não somos aquela pessoa que idealizamos e que acreditamos que somos, porque talvez se nos defrontarmos com essa realidade, a nossa estrutura de ego não consiga suportar.





sábado, 21 de maio de 2011

ESTAMOS NO FUNDO POÇO! SOCORRO!!!

        Considerando interessante o que   CHRISTINA e CLÓVIS ROSSI escreveram na Folha de São Paulo, optei por postar, visto ter ficado muito incomodada com a aprovação do MEC deste livro didático, que tem a finalidade de ensinar os alunos a falarem e escreverem errado.

        A atitude irracional e burra do MEC dando aval a um livro "didático" (?) que ensina que os alunos agora podem cometer erros de concordância gramatical - como "os livro ilustrado mais interessante estão emprestado", e mais, os autores ainda dizem que não há problema em dizer "os menino pega o peixe" - presta um tremendo desserviço à Educação brasileira ao cometer esse crime, num total desrespeito ao idioma de nosso país. Agora quem falar errado não vai mais ser corrigido (preguiça dos educadores??), simplesmente será absolvido e consolado na condição de vítima de "preconceito linguístico"!!! Santa Mãe de Deus...Em minha opinião os autores do tal livro/cartilha cometeram um crime linguístico, e o MEC defende, apoia e assina embaixo???!!!

     Com isso o MEC mudou de nome, agora passou a ser o Ministério da Deseducação. NOTA ZERO para o Mec, NOTA ZERO para os autores da cartilha...Eles argumentam que o uso da língua popular, ainda que com erros gramaticais, é válido, e eu discordo totalmente, pois afinal, se as escolas existem para ensinar, o aluno que fala e escreve errado deve ser corrigido e pronto. Acho que essas pessoas não têm amor ao Brasil, não têm amor ao seu idioma, não têm amor à verdadeira educação e cultura de uma nação.

      E outra, não se precisava de um livro que ratificasse o fracasso da educação brasileira. Com esse livro simplesmente os autores estão assumindo a fraqueza dos educadores diante do poder da ignorância...em vez de ensinar e corrigir preferem desistir de seu trabalho? Qual o problema de se corrigir o aluno que fala e escreve errado? O Ensino não existe pra isso? A escola não é mais um ambiente de ensino? Não é esse o papel do educador? No que este país está se transformando? O Ensino Fundamental está a passos largos indo cada vez mais pro buraco, numa decadência total.

      Essa cartilha do MEC é de indignar qualquer pessoa que sabe valorizar a importância da Educação...e o quanto ela é fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. Só mesmo aqui no Brasil pra acontecer um fato assim e ainda contar com apoio do próprio ministério da (DES)Educação!

       Desculpem meu desabafo, mas tinha que registrar meu repúdio a essa atitude infeliz do MEC, como também ao argumento dos autores da tal cartilha. Como se já não bastasse a destruição da língua portuguesa pela internet, agora vem isso! Daqui a pouco a língua portuguesa vai virar uma verdadeira torre de babel

       A repercussão desse fato está rendendo muitas críticas, por isso vale a pena ler a coluna de Clóvis Rossi, que transcrevi abaixo, não sem antes de ler a crítica do linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras: "Há uma confusão entre o que se espera da pesquisa de um cientista e a tarefa de um professor. Se o professor diz que o aluno pode continuar falando 'nós vai' porque isso não está errado, então esse é o pior tipo de pedagogia, a da mesmice cultural. Se um indivíduo vai para a escola, é porque busca ascensão social. E isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar",


       INGUINORANÇA

      SÃO PAULO - Não, leitor, o título acima não está errado, segundo os padrões educacionais agora adotados pelo mal chamado Ministério de Educação. Você deve ter visto que o MEC deu aval a um livro que se diz didático no qual se ensina que falar "os livro" pode.

      Não pode, não, está errado, é ignorância, pura ignorância, má formação educacional, preguiça do educador em corrigir erros. Afinal, é muito mais difícil ensinar o certo do que aceitar o errado com o qual o aluno chega à escola.

     Em tese, os professores são pagos - mal pagos, é verdade - para ensinar o certo. Mas, se aceitam o errado, como agora avaliza o MEC, o baixo salário está justificado. O professor perde a razão de reclamar porque não está cumprindo o seu papel, não está trabalhando direito e quem não trabalha direito não merece boa paga.

      Os autores do crime linquístico aprovado pelo MEC usam um argumento delinquencial para dar licença para o assassinato da língua: dizem que quem usa "os livro" precisa ficar atento porque "corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".

      Absurdo total. Não se trata de preconceito linquístico. Trata-se, pura e simplesmente, de respeitar normas que custaram anos de evolução para que as pessoas pudessem se comunicar de uma maneira que umas entendam perfeitamente as outras.

     Os autores do livro criminoso poderiam usar outro exemplo: "Posso matar um desafeto? Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito jurídico".

    Tal como matar alguém viola uma norma, matar o idioma viola outra. Condenar uma e outra violação está longe de ser preconceito. É um critério civilizatório.

    Que professores prefiram a preguiça ao ensino, já é péssimo. Que o MEC os premie, é crime.


                                     (Transcrito do jornal Folha de S. Paulo - edição de domingo, 15 de maio de 2011)


















quinta-feira, 19 de maio de 2011

SOLIDÃO CONTENTE

       Vejam que lindo esse texto de Ivan Martins, que é diretor executivo da Revista Época. Ele é muito real, claro que não para todas as mulheres.

       O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas

        Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.

       Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

   Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.

     Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

   “Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

    Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.

     Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

     Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

     A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

      A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

     Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

     A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.

    Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.

    Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

    Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

    Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

    Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.





























segunda-feira, 16 de maio de 2011

APRENDA A VENCER OS MEDOS


       O primeiro passo para vencer os medos é identificá-los e assumi-los, tendo feito isso, cabe verificar qual a origem do seu medo, quando iniciou e ver a que ele está associado. Isso não é algo tão simples de fazer, porque muitas vezes a verdadeira causa está tão inconsciente que a pessoa não consegue identificar.

        Após encontrar a causa do medo, você deve começar a questionar se existe ou não razão para senti-lo. É preciso ver se não se trata apenas de um pensamento disfuncional que está lhe atrapalhando. Feito isso, você poderá usar a técnica de dessenbilização, ou seja, comece a imaginar a situação e preste atenção quais são os sentimentos que terá. Observe também se você tem alguma reação física. Caso sinta algum desconforto como taquicardia, dificuldade para respirar, pare imediatamente.

       O ideal é que você pratique esse exercício várias vezes, para depois colocá-lo em prática, enfrentando o seu medo. É bom que antes de enfrentar a situação que lhe desperta medo, você comece a se preparar para isso. Por exemplo, você tem medo de elevador, vá até um prédio que tenha elevador e fique observando as pessoas andarem. Outro dia, você suba e desça com uma pessoa, caso não tenha ascensorista. Depois procure você andar sozinho, nem que seja um ou dois andares e comece a observar o que você sente.

      É importante questionar os motivos que levam você a ter medo, por exemplo, de elevador. O que pode acontecer? Se ele trancar você ficará o resto da vida preso no elevador? Obviamente que não, é só tocar o alarme, gritar, bater na porta, que alguém escutará e virá lhe socorrer. Mas se ele cair? Quantas notícias por dia você escuta de elevador que cai? Até pode, mas a probabilidade é mínima.

      Essas são dicas que poderão ajudar você a resolver os seus medos, mas caso encontre dificuldade de aplicar essas técnicas, procure um profissional que possa lhe ajudar.



sábado, 14 de maio de 2011

A DIFICULDADE DE LIDAR COM O DIFERENTE

        É impressionante como as pessoas ainda tem dificuldade de lidar com o diferente, demonstrando com isso, a rigidez de seus egos. Essa dificuldade não se limita a determinadas coisas, ela abrange várias áreas da vida.

        Existem pessoas que procuram fazer sempre a mesma coisa, frequentarem os mesmos lugares, falarem com as mesmas pessoas, por já conhecerem e saberem como irão lidar. Temem o novo, por não conhecer, por não saber lidar, por ter medo de não ser aceito. Isso até certo ponto é normal, afinal tememos o desconhecido, mas quando deixamos de fazer algo ou nos fechamos para as pessoas por termos medo, já passa a ser compreendido como sintoma.

      Privamos-nos de aprender algo novo, com medo de termos que nos defrontarmos com as nossas limitações. Quando estamos num grupo e entra alguma pessoa nova para fazer parte da equipe, cumprimentamos, pois é o que a boa educação manda, mas não nos aproximamos, deixando claro que ela é estrangeira e que deverá conquistar o seu espaço. Isso caracteriza que a estamos excluindo, mesmo que não nos demos conta. Com esse tipo de comportamento, deixamos por vezes de conhecer uma bela pessoa, mostrando o quanto somos pequenos.

     Apesar dos desafios que a tecnologia nos apresenta a todo o momento, ainda temos algumas resistências, principalmente as pessoas de mais idade. Hoje encontrei duas conhecidas e ficamos conversando, lá pelas tantas entrou o assunto de informática, de telefone celular, da aprovação dos casamentos de homossexuais e confesso que fiquei espantada quando disseram ser totalmente contra esses meios de comunicação e muito mais aos “casamentos dessas pessoas”. Isso me levou a pensar, como elas se comunicam, o que leva essas pessoas a pensarem dessa forma, o porquê dessa resistência toda, porque se referirem aos homossexuais como “essas pessoas”, deixando claro o seu preconceito. Não tenho por hábito ficar teclando na internet, até mesmo porque não tenho tempo, mas não posso deixar de reconhecer que a internet facilitou muito as nossas vidas, assim como o telefone celular. Claro que desde que seja usado adequadamente. Quanto à união estável das pessoas do mesmo sexo, penso que é um novo modelo de família que está se criando, mas que não podemos definir isso como casamento. A não definição de casamento não se trata de preconceito, mas é que segundo a nossa Constituição o casamento só é possível entre um homem e uma mulher.

      Penso que precisamos estar abertos para os avanços do mundo moderno, caso contrário, estaremos à margem, deixando de usufruir e aproveitar os benefícios que a ciência e a tecnologia estão nos oferecendo. Podemos defender nosso ponto de vista em relação algumas coisas, mas não precisamos ficar fechados no nosso mundo, achando que só o que fazemos e acreditamos é o correto. Enquanto acreditarmos que a nossa verdade é absoluta, ficaremos sofrendo e isolados.

      Precisamos ser pessoas de mentes abertas, que aceitam novos desafios e dispostas a mudanças. Tem pessoas que querem mudar, por reconhecerem que tem uma estrutura de ego muito tesa, o que lhes gera sofrimento. Não obstante, percebe-se a dificuldade que tem para lidar com a mudança, podendo isso ser observado em coisas muito simples, por exemplo, no setting terapêutico, quando o paciente senta e coloca sua bolsa ou pasta sempre no mesmo lugar. Percebe-se muitas vezes a dissociação que existe entre a fala, o pensamento e o comportamento. Reconhecem a necessidade da mudança, mas encontram-se fechados para novas idéias e conceitos e tem dificuldade de fazer o movimento da mudança e encarar o novo.







domingo, 8 de maio de 2011

MÃE


        Como em todos os anos, no segundo domingo do mês de maio comemoramos o dia das mães. No entanto, sabemos que todos os dias são seus, pois é a pessoa mais importante de nossa vida, afinal é por meio dela que chegamos ao mundo. Mesmo que ela não esteja mais no nosso convívio, seja por já ter morrido ou abandonado, ela continua viva no nosso DNA, não temos como negá-la.

       Recebi um email com um texto "As Mães do Mercado" e que achei interessante, pois nos leva a refletir sobre a visão que o mundo moderno tem das mães. É uma pena que a figura da mãe, que é tão sublime, passe a ser negada por algumas pessoas e desvalorizadas por outras, esquecendo que ela é a base do nossa existência. A mãe tem uma representação significativa na vida psíquica de qualquer criança, até mesmo naquelas que foram jogadas na lita de lixo ou deixadas em alguma praça.

     Vejamos o texto escrito por Luciano Alvarenga,  "MÃES DO MERCADO", ficando o convite para que cada um faça a sua reflexão após realizar sua leitura.

     As escolas não comemoram mais o dias das mães, tendo em vista que muitas crianças não têm mãe, ou não moram com ela, ou sua mãe é na verdade um pai homossexual masculino. Para evitar constrangimentos é melhor deixar a data pra lá. Chama a atenção, no entanto, que se as escolas aboliram a tal data, esta é a segunda data mais comemorada pelo comércio. Perde em vendas apenas para o natal.

    O comércio acha que o dia das mães é lindo, as escolas fingem que elas não existem ou se existem não podem ser lembradas para não melindrar aqueles que não as possui. Estranho isso.

    Se muitas crianças não possuem mães, todas as outras possuem. A ausência de mãe na vida de uma criança deveria apontar mais para a gravidade desta criança não tê-la, do que o fingimento de que o dia das mães não é necessário. Negar o dia das mães é negar a importância da criança.

     Mas como uma parte não possui, ao invés de discutirmos, também com as crianças, a realidade toda destrambelhada das relações amorosas atuais, preferimos convencê-las de que mãe não tem importância (ou está muito ocupada fazendo algo importante) quando ao mesmo tempo profissionais das mais diversas áreas, especialmente aquela da psicanálise, apontam para o papel fundamental desta figura na formação emocional e psíquica do infante.

   Mas como na sociedade do divertimento a idéia é escondermos as conseqüências dos erros e desacertos que cometemos em nome do nosso ego infantilizado, é mais fácil dizermos às crianças que mãe não é importante, do que pensarmos em como transformamos a vida numa grande Terra do Nunca. Em uma linha, descarregamos sobre as crianças o peso das nossas escolhas egoístas.

   Mães que jogam seus filhos no lixo ao lado de pais incógnitos são apenas mais um lado de uma sociedade em que as mães perderam o sentido e a razão. Segundo o psicólogo Renato Martino, autor centrado nestas questões, o bebê não existe sem a mãe, e a mãe não existe sem o pai. Com o desmonte da família o primeiro que deixa de existir enquanto sujeito possível de si mesmo é o bebê.

    O simbólico da mãe que joga filhos no lixo, e estes casos já somam milhares pelo país a fora, é o apagamento deste ser – a mãe – em nome de nada. A multi mulher (substituta empobrecida da mãe) que na verdade é apenas a mulher explorada várias vezes, sem receber nada por isso, a não serem promessas de realização que até agora não se cumpriram, é o outro lado das mães que se desfazem dos filhos arremessando-os na lata mais próxima. A multi mulher moderna, arejada, antenada com as tendências que, segundo os especialistas de última hora, são o melhor que a mulher deve querer e desejar é um engodo. A multi mulher é mais um passo para o fim da maternidade, e o bebê no lixo é a sua trágica caricatura.

   Não é por outro motivo que ser mãe hoje nada tem a ver com maternidade. Maternidade ficou associada apenas ao período de gestação em que mulheres desfilam pelas ruas e shoppings suas imensas e vitoriosas barrigas prenhes de seus futuros filhos. Passado este período de paparicos e atenção coletiva para seu estado especial, o pós nascimento é na verdade a inclusão do bebê ao lado de outros afazeres da multi mulher. Com isso quero apenas dizer que ser mãe perdeu completamente a transcendência, seu sentido profundo de ligação entre a vida e seu sentido.

    Entre a mulher que dá vida a um novo ser, e a mãe que empresta sentido a esta vida, restou apenas obrigações, afazeres, necessidades, e o desejo nem sempre fraco de voltar à ativa. Segundo o conhecimento produzido pelos periódicos de fim de semana, ser mãe é apenas uma possibilidade que pode caminhar ao lado de outras igualmente importantes. Cabe dizer, entretanto, se estas outras importantes possibilidades são as mulheres que definem ou, o mercado. Aliás, toda a realidade vivida pelas mulheres com seu assentimento ou não é imposição de interesses do mercado.

    Que as creches acolham crianças com dois meses de idade aponta apenas nossa esquizofrenia social e o sucesso do mundo divertido do rei indivíduo. A multi mulher é mais uma vitória do mercado sobre a sociedade, é a vitória da falta de sentido sobre o sentido da vida.

    Viva o dia das mães sem filhos.


      


sábado, 7 de maio de 2011

A ARTE DE VIVER A VIDA

         Viver a vida não é algo difícil, apesar de que nós humanos, complicamos tanto. Estamos sempre achando algo para reclamar, para dizer que não está bom, que poderia ser melhor, que as coisas nunca dão certas e por aí vai. Olhamos para a vida do outro e passamos acreditar que ela é bem melhor, livre de problemas, de dificuldades e nos revoltamos com isso, colocando-nos muitas vezes, nas condições de sofredores.

        Dessa forma, passamos a sofrer pela percepção distorcida que temos de nossa vida e pior de tudo, da vida do outro. Como podemos afirmar que a vida do outro é melhor, se não o conhecemos ou conhecemos superficialmente. Geralmente as pessoas não falam de suas dificuldades para os outros, principalmente se não tiverem muita intimidade e por isso não temos elementos que comprovem se a nossa avaliação em relação à vida do outro está correta ou não.

      Se pararmos para avaliar a forma como vivemos, perceberemos que poderíamos aproveitar muito mais, se não ficássemos presos a coisas tão pequenas, como ficar remoendo coisas do passado, que não temos como mudar. Lamentando as coisas que perdemos, as pessoas que não mais convivem conosco e que muitas vezes não “curtimos” o suficiente enquanto estavam vivas. As oportunidades que surgiram na nossa caminhada e não seguramos, e nem lembramos o motivo. Pelas desavenças que tivemos com algumas pessoas, muitas vezes sem necessidade. O tempo que gastamos criticando, analisando e falando do outro, quando poderíamos estar fazendo isso em relação a nos mesmos.

      Deixamos de viver quando não conseguimos nos libertar da nossa rigidez, dos nossos apegos, das nossas mágoas, das nossas revoltas, dos nossos ressentimentos. Assim como, no momento que nos omitimos frente a uma situação ou deixamos de ajudar alguém, porque achamos que nada temos a ver com isso. Esquecemos que a vida é relação e relação são trocas. Mesmo que o outro nada tenha a me oferecer, se eu puder ajudá-lo, por que não fazer? Afinal, não estarei na verdade, ajudando o outro, mas a mim mesmo, porque ajudar o outro é a oportunidade que tenho para crescer.

     Viver a vida é ser feliz com o que tem, com isso, não estou dizendo que devemos entrar numa zona de conforto e não sairmos mais. Muito pelo contrário, devemos ser pessoas proativas, que temos objetivos, que sabemos o que queremos e que temos condições de saborear o gosto da vitória a cada dia. Não é porque quero mais, que não posso ser feliz com o que tenho. Agradecer o que temos é um hábito saudável, desta forma estamos valorizando as coisas que já adquirimos e reconhecendo as nossas conquistas. Só que este é um hábito complicado para o ser humano, geralmente ele lista o que não conseguiu adquirir ou fazer, chegando a supervalorizar essas situações. Agora, as suas conquistas, essas são menosprezadas e logo esquecidas.

       As coisas simples como curtir os amigos, caminhar no parque, jogar conversa fora, dar risada, ver um filme, ouvir uma música e até mesmo não fazer nada são as coisas boas da vida. Entretanto, estamos esquecendo isso, achando que é perda de tempo, afinal, existem coisas muito mais importantes do que isso. Só que esquecemos que nem sempre o importante é essencial na nossa vida. As coisas são importantes, porque assim as classificamos, mas será que a nossa classificação está correta? Será que precisamos de coisas importantes para viver bem?

      Saber viver a vida é uma arte, pois ela é muito simples, basta que tenhamos sabedoria e inteligência para compreendê-la e viver da melhor forma possível. Procurando acompanhar o seu movimento, dançando com leveza as músicas que ela nos oferece, sentindo o perfume que ela nos dá, sem cobrar nada, aproveitando a sua leveza e nos permitindo senti-la. Aqueles que conseguem viver a pureza da vida, realmente são conhecedores da sua arte e de sua beleza.





domingo, 1 de maio de 2011

O CORPO

         Vivemos numa época em que o corpo passou a ser supervalorizado, levando as pessoas para dentro das academias, para fazerem caminhadas nos parques, para as clínicas de cirurgia plástica, para retirarem os excessos que aparecem, a fim de o manterem em forma.

          É interessante observar essa preocupação que as pessoas vêm tendo nos últimos anos com o corpo, porque percebe-se que  raramente elas param para pensar sobre as diferentes funções que o corpo tem. Ele deve ser compreendido como o local que hospeda o espírito ou alma e que se expressa nas mais variadas formas. Podemos compará-lo a uma rede de informações, que tem a função de se comunicar através dos vários sistemas que o compõe (respiratório, cardiovascular, nervoso, ósseo, emocional, intuitivo), expressando de forma fiel, aquilo que realmente está sentindo.

         No entanto, não é toda a pessoa que consegue compreender a linguagem do corpo, por ela ser multilíngüe. É necessário saber ler, o que ele quer dizer por meio da cor, da dor, da temperatura, do rubor, do brilho, do amor, da excitação, do rancor, da alegria, da tristeza, da harmonia, da convicção, do tremor, da aceleração, da lentidão, da disposição, do vazio, da esperança, dos ossos, das articulações, da memória, das células, dos gestos, da voz, do sorriso, do semblante fechado, do cabelo. Infelizmente, a maioria das pessoas não consegue entender a sua fala, por não se interessarem em desvendar a simbologia que ele manifesta. Preocupam-se apenas com a aparência, com o externo, com o que pode impressionar o outro, mas aquilo que tem de mais precioso que é o interno, esse fica no esquecimento.

          Limitar a beleza do corpo apenas ao externo é eliminar a sua grandiosidade, é limitá-lo apenas a carne, esquecendo que o real valor do corpo está na capacidade que tem de poder transcender, de dar ao indivíduo a oportunidade de entrar em contato com a alma, para que se sinta revitalizado, para que desenvolva a sua sensibilidade e a sua capacidade de perceber que o belo nem sempre está naquilo que os olhos humanos podem ver, mas nas coisas que só podem ser vistas pelos olhos da alma.