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quinta-feira, 31 de março de 2011

A GANÂNCIA

       Cada vez me convenço mais que a ganância faz com que as pessoas acabem se atrapalhando. Penso que devemos ter ambições, procurando crescer, progredir na vida, desde que, não para isso não precisemos transgredir os princípios éticos e moraes.

      Quem acompanha o meu blog, deve perceber que bato muito nesta questão da ética e da moral, porque percebo a cada dia, que as pessoas estão esquecendo o que é isso. Fico chocada ao ver que hoje cada vez mais as pessoas querem levar vantagem, arquitetando planos para se darem bem.

       O mais grave que vejo, é que isso está acontecendo com pessoas muito jovens, que ainda estão no processo de formação da sua personalidade. Não “curtem” a vida, porque passam horas do seu dia, planejando como vão fazer para se darem bem. Analisam com quais pessoas deverão se relacionar, a fim de se beneficiar. Acreditam serem muito inteligentes e estratégicos, a ponto de pensarem que as pessoas não percebem a sua jogada.

      Isso só denota o grau de adoecimento desses jovens, que subestimam a capacidade dos outros. A falta de crítica, a forma narcísica de funcionar, não lhes permite ver que não possuem a capacidade de controlar as situações, como tentam, por meio da sua onipotência. Na realidade, esses jovens só estão reproduzindo o funcionamento familiar.

      É lamentável que a sede de ganância que as pessoas vivem no mundo atual, esteja fazendo com que os laços de amizade acabem se desfazendo ou nem se formando, por não haver uma base sólida. Para a construção de qualquer relação é necessário a transparência, a honestidade, a confiança, o respeito, a tolerância, o afeto, a compreensão. Esses ingredientes básicos que deveriam se fazer presente na vida de qualquer pessoa, parecem terem sido retirados do mercado, sendo substituído pelo interesse, pelo egoísmo, pela mentira, pelo desrespeito, pela desonestidade, pela arrogância.

    Isso me assusta e até mesmo me preocupa, pois o que será desses jovens que logo mais estarão administrando o nosso país?

segunda-feira, 28 de março de 2011

O MEDO DE FICAR SÓ

         É impressionante, como as pessoas estão com medo de ficar só, por isso, muitas vezes, acabam entrando em cada roubada e depois não sabem como sair.

         Elas se permitem viver situações que não gostariam, mas temem que não as convide mais. Com isso, vivem experiências que acabam por deixá-las tristes, decepcionadas consigo mesmas, mas referem não conseguirem suportar a solidão. Preferem se sentirem agredidas, violentadas, do que ter que ficar só.

        Ficar só nos obriga a escutar a voz da alma, de conhecermo-nos, de entrarmos em contato com o nosso lado sombra, que tanto procuramos esconder, mas que ele aparece insistentemente. Isso nos entristece, porque vemos coisas que preferiríamos não ver. Somos obrigados, neste momento, a tirar a máscara que usamos quando estamos com os outros, nos defrontando com o nosso verdadeiro eu. Isso é doido, quando não sabemos quem realmente somos ou não nos aceitamos.

        Conhecer-se não é algo fácil, precisa muita coragem para mexer naquelas feridas, que gostaríamos que nunca tivessem se formado. Mesmo que o tempo passe, elas ainda sangram, em alguns momentos, gerando-nos dor. Porém, é necessário nos oportunizarmos viver esses momentos. Assim, talvez consigamos curar as dores d’alma ou amenizá-las. Dores essas, que nos obrigam a fugir do convívio com o nosso verdadeiro eu.

        A partir do momento que conseguimos tomar consciência de quem realmente somos, sentimo-nos capazes de falar de nós mesmos, sem nenhuma vergonha. Autorizamo-nos a dizer o que pensamos sem o medo de sermos criticados. Aprendemos a falar o que queremos fazer ou não. Aceitamos aquilo que consideramos bom e dispensamos o que não nos serve. Damo-nos conta que não precisamos ficar agradando ninguém, com o intuito de ser aceito. Tornamo-nos pessoas seguras, com capacidade de saber o que realmente queremos para nossa vida.

       Dispensamos o medo de ficarmos só, passamos a desfrutar da nossa própria companhia, não dependendo de mais ninguém para fazer a nossa programação. Cinema, teatro, viagens, cafeterias, restaurantes passam a fazer parte da nossa nova vida. Não deixamos de passear por falta de companhia. Sentimo-nos seguras para fazer isso, afinal não estamos preocupadas com a análise crítica do outro. O outro é importante em nossa vida, mas não ao ponto de nos deixarmos abalar, pelas coisas que eles nos fazem ou nos dizem, pois sabemos que isso não é um problema nosso.

       Caminhamos seguros pela estrada da vida, sem medos, sem maiores preocupações, pois sabemos o percussor que precisamos fazer, para chegarmos ao destino programado.





domingo, 27 de março de 2011

A DIFICULDADE DE DIZER NÃO

         Vejo o quanto é difícil para algumas pessoas dizerem “não” e o quanto sofrem por isso. Fazem coisas que não estão com vontade ou que lhe desagradam, só para não dizerem “não”. Esquecem que toda vez que dizem “sim” para os outros, estão dizendo “não” para elas. Acreditam que não podem frustrá-los, mas elas podem se frustrarem.

         O “não” existe para ser dito, assim como o “sim”. Ninguém fica constrangido de dizer sim, mas o contrário, às vezes, é um grande problema. Isso faz parte de uma cultura, que ainda está muito presente no inconsciente coletivo. Onde temos que agradar os outros, aceitar as suas falas, suas interferências, não podendo contestá-los para que não fiquem com uma má impressão da gente. Ainda existem pessoas que acreditam que dizer sim é sinônimo de boa educação, como era percebido antigamente.

       Os pais não sabem dizer não para os filhos, procuram atender todas as suas necessidades. Compram tudo o que eles pedem, mesmo sem ter condições. Esta é a forma que encontram para compensar o tempo que ficam longe e que não dão atenção. Esquecem ou não sabem que a definição de pais presentes, não se dá pelo número de horas que fica com o filho, mas pela qualidade das horas que dedica a ele.

     Dizer não para um filho, não se trata apenas de dar limites, mas também de um ato de amor. Ouço mães com filhos de 21/25 anos, que sempre fizeram todas as suas vontades, nunca deram limites, foram totalmente permissivas, a ponto de fumarem maconha com o filho dentro de casa. Hoje estão desesperadas, porque criaram pessoas que não fazem nada, revoltadas e agressivas. Algumas chegam a ser vítimas desses filhos, sofrendo agressões físicas e verbais.

    A dificuldade de lidar com o “não” fazem as pessoas se tornarem refém de si mesmas. Ficam presas a pessoas, a situações que lhes agride, por não quererem desagradar o outro ou decepcioná-lo. Não conseguem verbalizar que não estão felizes com a forma que aquela pessoa lhe trata, que não gosta de tais situações, não se posicionam e muito menos tomam qualquer atitude. Isso ocorre na maioria das vezes, porque temem o julgamento que poderão fazer a seu respeito. Tornando-se pessoas permissivas, que aceitam tudo, para preservar a sua imagem e reforçar as situações que lhe desagradam. Não são capazes de pensar, de questionar o motivo que as leva a se comportarem dessa maneira.

       Aquilo que incomoda, que desagrada, que não concordamos, que não nos faz feliz, precisa ser dito. Muitas vezes as pessoas estão agindo com a melhor das intenções, achando que estão agradando, quando na realidade, estão sendo muito desagradáveis e por vezes até inconvenientes. Ninguém tem o poder de ler pensamentos, sendo assim, é preciso utilizar o “não” quando julgar necessários. O que não pode e não deve ser feito é ficar passivo, concordando com tudo e depois reclamando, sofrendo e chorando pelos cantos porque não está feliz.

      A dificuldade de dizer não leva muitas pessoas a desenvolverem doenças psicossomáticas. Acabam por agredir o seu corpo, para não agredir os outros.

      Será que ao dizermos “não”, estamos realmente agredindo o outro? Não será uma dificuldade nossa de lidar com o não, por isso, tememos dizê-lo? O que nos comprova que o outro não aceitará o nosso “não”? Dependendo da situação, se a pessoa não aceitar o “não”, o que isso interferirá em nossa vida?

     Deixo esses questionamentos, a fim de convidá-los a pensar porque dizer “não”, em alguns momentos, é tão difícil, e qual a representação, que isso pode ter em nossa vida.

quinta-feira, 24 de março de 2011

RECLAMAR É UM DIREITO SEU

       Como coloquei ontem, ainda é um número significativo de pessoas que não sabem como agir, frente a algumas situações. Com isso, as Instituições vão se aproveitando e fazendo o que bem entende com os seus clientes.

      O brasileiro tem a mania de achar que tudo se resolve com um jeitinho, que não vale à pena se incomodar, pois afinal, tudo acaba em “pizza” no nosso país. Porém, ao dizer isso, não percebe que as coisas acabam em “pizza”, porque permitimos que o final seja esse. Se nos posicionarmos, não formos tão permissivos e reagirmos nos posicionando frente a certas situações, com certeza, o fim será outro.

      Vou colocar algumas dicas que talvez possam ajudar algumas pessoas.

      1. Se o banco que você trabalha exigir que para baixar uma aplicação, conseguir um financiamento, você tenha que fazer uma operação casada, ou seja, adquirir um seguro, um título de capitalização ou qualquer outro produto que você não havia planejado, não adquira. Entre no site do Banco Central e faça sua reclamação. Posso assegurar que funciona, pois já tive um problema com um banco em que o gerente disse não ter pressa de estorna um valor que eu havia depositado em conta errada. Após eu fazer a denúncia, em 48h estava com o problema solucionado.

    2. Fique atento ao fazer compras em supermercado. Aqui em Porto Alegre, tem uma rede que toda vez que se chega ao caixa, tem-se uma surpresa. No mínimo um ou dois produtos são registrados com valor maior. Se você não está atento, você paga mais caro o produto, que foi anunciado por um valor inferior na prateleira. Não tenha vergonha de reclamar, se trancar a fila, o problema é do supermercado e não seu. Você só estará cuidando do seu dinheiro.

     3. Não compre aquilo que você não quer, só porque o vendedor lhe trouxe e disse que ficou bem ou que é a mesma coisa. Se você foi buscar uma mercadoria e não encontrou, você não é obrigado a comprar qualquer outra coisa para agradar o vendedor. A função dele é lhe atender.

    4. Pague o valor que você consumiu, não permita que as pessoas arredondem o valor para mais ou não lhe dê o troco correto, com a justificativa de que não tem troco. O troco é uma obrigação de todo o comerciante, taxista, cobrador ter. Não fique se desculpando por não ter dinheiro trocado.

    5. Se você buscou um atendimento dentro de uma Instituição e não foi bem atendido, reclame para a ouvidoria. Geralmente as pessoas tendem a dizer que não vai dar nada, pode até não dar, mas ao menos você não fica com aquele sentimento de indignação dentro de você. As Instituições só saberão onde estão falhando, se apontarmos os seus erros. Agora, não fique batendo boca com a funcionária que está lhe atendendo, geralmente existem canais competentes para resolver o problema.

    6. Ao ir fazer um exame de radiodiagnóstico, informe-se sobre o procedimento. Se é necessário alguma dieta, se vai fazer uso de contraste, etc. Lembre-se que você estará recebendo radiações ionizantes e que deve ter cuidado. Não fique agradecido se a Clínica lhe ligar para dizer que você tem que repetir o exame, por ter havido uma falha. Isso não pode acontecer. Faço esse alerta, pois há pouco tempo, vivi uma situação dessas. Fui fazer uma ressonância magnética, particular, numa Instituição que se mostra bastante preocupada com a excelência. No dia seguinte fui informada que teria que refazer, pois o funcionário esqueceu-se de me dar o contraste. Além de toda carga de radiação que me submeti novamente, tive que cancelar um turno de consultório. O valor que paguei do exame já era expressivo, se tornou maior ao cancelar meu consultório. Tinha todo o direito de cobrar danos morais, mas optei por sugerir a Clínica que seguisse a Portaria 453 do Ministério da Saúde que regulamenta as Instituições que prestam esse tipo de serviço, onde consta que em cada sala que é realizado o exame, deverá ter um manual de instruções. Obviamente que eles não me deram retorno.

     7. As escolas não podem expor os alunos na frente dos demais. Já presenciei várias vezes, educadores agredirem verbalmente alunos. Principalmente quando estão na direção. O aluno já está numa situação desconfortável e cada um que passa se acha no direito, de perguntar o que ele aprontou. O adulto deve conter a sua curiosidade e não constranger mais a criança/adolescente. Isto pode ser compreendido como violência. Fique atento, existe uma Lei que protege a criança. Não é porque ele errou, que temos que recriminá-lo.

    8. Quando lhe oferecem muitas facilidades ao fazer um negócio, informe-se antes. Existem pessoas que passam horas do seu dia ou do mês, planejando qual o golpe que vai dar. Não caia nessa. Não acredite em promessa de dinheiro fácil. Isso não existe.

   9. Cuidado com o que você coloca nas redes sociais. Não exponha a sua vida, hoje é muito fácil saber da vida de qualquer pessoa. Se você tem o hábito de participar de site de relacionamento, cuidado, você não sabe com quem você está falando. Procure se preservar, a sua vida não é pública.

    Essas dicas são básicas e até para alguns são óbvias, mas como o óbvio é muito subjetivo, ele precisa ser dito, pois sempre terá aquele que não sabe. Não fique constrangido de reclamar. Reclame sempre que se sentir prejudicado, não se preocupe com que os outros vão pensar. Preocupe-se em se sentir bem e de não se deixar enganar.

quarta-feira, 23 de março de 2011

ATENÇÃO ! FRAUDE DECOLAR.COM

         É bom que fiquemos atentos com as propagandas enganosas que recebemos com freqüência em nossos emils.

         Está rodando na internet um vídeo onde um senhor relata o que aconteceu com ele e seus amigos, ao viajarem para o exterior, pela Decolar.com. Realmente a propaganda que eles enviam é maravilhosa. Hotéis e passagens super acessíveis, só que quando o cliente chega ao destino, tem que administrar algumas situações não muito agradáveis.

        Vejam os vídeos no YouTube:



        Penso que esse senhor tomou a atitude certa, divulgar o que está acontecendo com o consumidor brasileiro. Não adianta o nosso código de defesa do consumidor ser o melhor, se não usarmos. Precisamos denunciar às falcatruas que muitas empresas cometem, pois caso contrário, estaremos reforçando o comportamento negativo dessas empresas.

       Temos que perder a vergonha ou deixar de usar a desculpa de que não queremos nos incomodar, por isso não reagimos quando somos lesados ou mal atendidos em algum local. Devemos reclamar para as pessoas competentes, de forma urbanizada, com clareza aquilo que realmente aconteceu e que consideramos errado ou abusivo.

       Infelizmente, a maioria das pessoas não sabem de seus direitos e por isso não vai buscá-los. Na próxima postagem, darei algumas dicas para aqueles que não sabem a quem recorrer, quando, por exemplo, o banco que você trabalha está lhe impondo condições para você resgatar o dinheiro de sua aplicação.







domingo, 20 de março de 2011

A INTERNET NA VIDA DO HUMANO

        A tecnologia está ai para auxiliar o homem, permitindo ter informações rápidas sobre todos os fatos que estão acontecendo no mundo todo. No entanto, existem pessoas que conseguem utilizar-se dessa tecnologia, para ficar especulando a vida dos outros ou buscando um relacionamento.

      Chama à atenção a quantidade de pessoas que parecem não ter nada para fazer, ficando penduradas horas a fio na frente do computador, bisbilhotando a vida alheia. Isso só demonstra o vazio que as pessoas carregam consigo que precisam de forma consciente ou inconscientemente, buscar na vida do outro, algo que possa preencher a sua vida. Se observarmos a fala de algumas pessoas, veremos que elas falam mais dos outros do que de si. Isso acontece, porque não se conhecem e não querem na realidade se conhecer, pois temem não gostar do que poderão ver.

      A internet acabou com a privacidade de qualquer um, basta colocar o nome da pessoa no Google que sabemos quem é a pessoa, o que faz, por onde anda, com quem se relaciona. Percebe-se que as pessoas não estão muito preocupadas com isso, esquecendo que muitas informações poderão ser utilizadas por pessoas de má índole, contra elas.

     De um tempo para cá, o humano passou a ter uma grande necessidade de tornar sua vida pública. Não preserva mais nenhum campo de sua vida, fala tudo para qualquer pessoa, por ser a forma que encontra de externalizar o que está lhe gerando desconforto. Nessa ânsia de falar, seja pessoalmente ou pela internet, expõe situações que deveriam ser preservadas, por conterem conteúdos muito íntimos.

       Para suprir o sentimento de solidão, buscam encontrar pessoas para se relacionarem, através da internet. Ficam horas teclando com quem não conhecem, acreditando que dessa forma conseguirão formar sua rede de amigos. Acreditam no que lhes é dito, dão asas ao seu imaginário, para que ele possa voar por diferentes lugares. Passado um tempo, vem a dor da decepção, do arrependimento, do sofrimento, pois viu que foi enganada.

      Não são poucos os casos de assalto e morte que ocorrem com pessoas que estabelecem relacionamentos por meio da internet, mas mesmo assim, continuam, por acreditarem que com elas não acontecerá.

      As pessoas perderam o hábito de telefonar ou visitar alguém, se comunicam por email, torpedo, MSN, Orkut, etc. Desta forma, não precisam lidar com os seus sentimentos de inferioridade, de insegurança, de inibição, de medo. Afinal os meios eletrônicos aceitam tudo, dando espaço para que o seu ego idealizado se manifeste.

      As pessoas não conseguem mais se manterem afastadas, por algum tempo, de qualquer aparelho eletrônico, são capazes de voltarem para casa e buscá-los, caso tenham esquecido. Tornaram-se escravas desses aparelhos

      O voyeur não precisa mais sair de casa ou ficar atrás das cortinas, para satisfazer suas fantasias, ele tem o seu espaço garantido na internet. A relação sexual se dá de forma virtual, sem sofrer qualquer tipo de repressão. O interessante, que esse tipo de relação independe da idade. Não vamos ser tão inocentes e acharmos que é coisa só de adolescentes, os adultos jovens e maduros também participam.

      Todo esse contexto tem como finalidade mostra-nos o quanto o ser humano está se desvalorizando, não se fazendo respeitar, perdendo a noção dos valores éticos e morais. Não pensem que sou alguma moralista, mas primo pela integridade do ser humano, algo que parece que ele não sabe mais o que significa.







sexta-feira, 18 de março de 2011

FAZER VALER A LEI MARIA DA PENHA

         No dia 14 próximo passado, a Presidente declarou ao dar uma entrevista para um veículo de comunicação, que durante o seu mandato, a Lei Maria da Penha será cumprida de forma rigorosa. Mostrou-se preocupada com o índice de violência contra as mulheres.

        Cabe lembrar que quando se fala em violência, não se limita apenas a violência física, mas verbal, moral, psicológica, financeira, etc.

       Concordo com a fala da Presidente, quando coloca que é inaceitável este tipo de crime contra a mulher e que todo o profissional da saúde que tomar conhecimento, deverá notificar os órgãos competentes, sob pena de punição administrativa do seu conselho profissional.

       Essa colocação me fez lembrar o tempo que atendia mulheres vítimas de violência numa Instituição. Elas chegavam com muita raiva, chorosas, indignadas, mas não levava 15 dias, muitas delas viam dizer que tinham retirado a queixa na delegacia, por ter voltado para o seu parceiro.

        Lembrei também, de uma senhora que fazia 17 anos que apanhava do marido, com o rabicho do ferro. Quando a encaminhei para defensoria pública, ela começou a arranjar várias desculpas para não ir. Quando questionada sobre seus argumentos, disse-me que se eu quisesse, ela iria.

       Nesses casos, mesmo que fiquemos mexidas com as reações dessas mulheres, é preciso que entendamos que estamos frente a pessoas com uma estrutura de ego muito frágil e comprometida. Que não conseguem reagir frente situações de ameaças, mesmo que tenha vontade, por ter uma baixa estima, não acreditar em si, por acreditar que não conseguirá tocar sua vida sozinha, etc. A violência é algo que as alimentam. É triste dizer isso, mas o atendimento no dia-a-dia nos permite fazer tal inferência.

      São mulheres adoecidas, que tem uma percepção distorcida da realidade. Acreditam no parceiro, apostam nas suas promessas de mudança. Algumas se sentem culpadas e responsáveis pela agressão sofrida, afinal, ele agiu daquela forma, por amá-la, por ciúmes. Precisam acreditar nisso, para se sentirem “importantes”, valorizadas.

       Saliento que isso não ocorre só em pessoas pouco esclarecidas, mas com as esclarecidas também. Certa vez, acompanhei um caso de uma pessoa com formação superior, que apanhava do marido quase todas as semanas. Quando ele saiu de casa, ela passou a se vestir só de preto e branco. Passado algum tempo, perguntei se não gostava de roupas coloridas. O que ela respondeu que sim. Nesse momento, mostrei a ela que as cores de roupa que usava desde a saída do marido de casa, simbolizava o luto. Após trabalharmos isso em algumas sessões, ela conseguiu a voltar usar roupas coloridas.

      Penso que devemos denunciar sempre que vermos cenas de violência contra a mulher, a criança ou idoso. Entretanto, devemos estar preparados paras as frustrações que teremos pela frente. Se a mulher-vítima não estiver preparada para se libertar das agressões que sofre, nem mesmo a Lei Maria da Penha conseguirá afastá-la do agressor. Passada o primeiro momento de raiva, de brabeza, de revolta, elas burlam a Lei e mantém contato com ele, até a próxima agressão.

    Claro que não são todas que tem esse tipo de funcionamento, mas um número expressivo funciona assim, basta olharmos as estatísticas.

quinta-feira, 17 de março de 2011

MULHERES QUE ESTABELCEM RELAÇÕES ADOECIDAS COM O PARCEIRO

        Cada vez mais, fico me questionando o motivo pelo qual ainda existem mulheres, que se permitem ficar num relacionamento que as faz sofrer. Penso que talvez não queiram sair de uma zona de conforto, que tenham medo da solidão, medo de serem discriminadas por estarem sós ou que elas se acostumaram com o vínculo tantalizante que estabeleceram com o parceiro.

       Por incrível que pareça, existem muitas mulheres que permitem que o parceiro comande a sua vida, dizendo-lhe o que tem que fazer, impondo-lhe condições, delegando-lhe tarefas, não respeitando o seu espaço, a sua liberdade e muito menos a sua vontade. Gerando-lhes sentimento de culpa, quando não fazem o que ele quer.

      Esse tipo de relação pode ser analisado por vários vieses, mas todos eles nos mostrarão que se trata de uma relação adoecida, onde fica estabelecida a figura do dominador e a do dominado. O dominador estabelece uma relação de poder sobre o dominado, assumindo o papel de controlador,  tirando-lhe a sua autonomia, tornando-a submissa.

     A sedução é outra característica do dominador, pois esta é a forma ética que encontra para conquistar o amor da outra pessoa. Não obstante, é muito comum ao atingir seu objetivo, desprezá-la ou abandoná-la, partindo para uma nova conquista. Sabe que se resolver voltar, será aceito. Também é comum sair para as suas conquistas, deixando a mulher em casa, esperando-o. Ela por sua vez, faz que acredita nas desculpas que ele dá, pois teme perder o seu “Dom Juan”.

         O dominado refere sofrer com essa situação, que não quer mais viver assim, porém não consegue fazer nenhum movimento para mudar a situação. Sempre encontra uma justificativa para permanecer na relação, chegando a dizer que ainda não é o momento. Fico me perguntando, será que algum dia será o momento?

       Vejo a fragilidade de ego dessas mulheres, que assumem o papel do domiado, tentando  na maioria das vezes, se mostrarem como pessoas fortes, mas é só dar uma “cutucada” de leve e elas se desmoronam. Percebe-se o sofrimento psíquico, porém nada pode ser feito se a pessoa não tomar a decisão de mudar, de romper com tudo isso que vive e reiniciar a sua vida. Sabe-se que tomar uma decisão não é fácil, mas às vezes, é necessário.

       Esta semana escutei de uma senhora jovem, que tem um bom nível cultural e social, após ter feito inúmeras reclamações do marido: “já iniciei vários tratamentos com psicólogos, psiquiatras, mas nunca dei continuidade, porque vi que se eu continuasse, teria que me separar do meu marido”. Não disse nada, porque não estava no meu papel de psicóloga, mas fiquei pensando, como que uma pessoa que se queixou tanto do marido, consegue falar isso, sem um mínimo de constrangimento.

       Confesso que fico preocupada e entristecida quando escuto uma fala dessas, pois não vejo perspectivas na vida dessa pessoa, que decidiu por viver uma vida de miserabilidade afetiva. Na realidade, nesse tipo de relação, um precisa do outro para que aja o processo de retroalimentação patológica. Mesmo que a pessoa se separe, se não fizer um tratamento psicoterápico, continuará repetindo o padrão de relacionamento que tem em seu inconsciente.

segunda-feira, 14 de março de 2011

PENSAR A VIDA

         Com todas essas tragédias que estão acontecendo pelo mundo, com as inúmeras mortes que ocorreram no Japão, em função do terremoto, mesmo que não queiramos , somos convidados a pensar sobre a vida. Sempre que falamos de morte, valorizamos a vida.


         Quando recebemos a informação de que já contabilizam 5.000 vítimas entre mortos e desaparecidos, no Japão, nos damos conta de quanto à linha que separa a vida da morte é tênue. Para muitos, isso assusta, outros não querem pensar, mas trata-se de uma realidade que precisa ser encarada, para que num futuro, não fiquemos a lamentar as coisas que gostaríamos de ter dito, de ter feito e não fizemos. Não são poucas às vezes que deixamos dizer algo para as pessoas que queremos bem, por vergonha, por falta de tempo, por achar que não é a hora, esquecendo que talvez amanhã não dê mais tempo. Muitos se esquecem de viver o agora, se preocupando com as coisas que poderão ou não acontecer no futuro, que poderá existir ou não. Outros ficam a se lamentar porque as coisas não acontecem como gostariam. Sentem-se vítimas de todo um sistema e não conseguem perceber o quanto na realidade são felizes. Que poderão viver bem, se fizerem algo diferente do que estão acostumados a fazer.

        Precisamos ter consciência que acidentes, tragédias acontecem a todo o momento, e, que numa dessas, poderá ser com a gente. Situação como essa que está acontecendo no Japão, nos reporta para a realidade de que somos seres finitos e que não temos controle sobre a nossa vida, apesar de muitas vezes dizermos que somos donos dela e que a conduzimos como queremos. Quando acontecem essas catástrofes, vemos que não é bem assim.

       Acharmos que somos imunes em relações às efemeridades da vida, é um pensamento tanto pueril. Temos que nos conscientizarmos que mesmo frente ao nosso sentimento de onipotência e a nossa vontade de controlar tudo, tem situações que fogem ao nosso controle. Não temos como controlar a vida, o tempo, a natureza, no entanto, temos a nossa parcela de responsabilidade sobre o que acontece em relação a eles.

       As enchentes, os terremotos são respostas que o meio ambiente está dando para as agressões sofridas. Precisamos nos conscientizar da necessidade de preservarmos a natureza, de economizar energia, de economizar água, para que não falta para as gerações futuras. Que devemos denunciar quando presenciarmos situações de desmatamento ou de desperdício de energia e água, não cruzando os braços, achando que isso é um problema do governo.

     Não combina mais com o homem do século XXI, a fala de que tudo isso que está acontecendo é castigo de Deus, ou ficar acreditando, nas profecias de que o mundo acabará em 2012. Quando se fala em finais dos tempos nos Textos Sagrados, fala-se no final dos tempos de cada um de nós, da nossa finitude e não do final do mundo.

     Esse momento que o Japão está vivendo, pode servir para que repensemos a nossa forma de encarar a vida e avaliar o que podemos fazer para que o ser humano viva melhor, desfrutando e preservando, todas as coisas boas e belas que o universo tem para oferecer.







domingo, 13 de março de 2011

MATURIDADE EMOCIONAL

        Chega um momento em nossa vida que começamos a avaliar ou reavaliar uma série de coisas. Os nossos valores começam a mudar. Tornamo-nos mais exigentes, mais seletivos, escolhemos mais o que queremos para nossa vida, com quem queremos nos relacionar. Damos-nos conta que não precisamos ter uma lista infindável de “amigos”, mas que uma pequena lista pode nos permitir conviver com pessoas, que realmente, façam a diferença em nossas vidas. E que também possamos fazer a diferença na vida delas. Isso acontece quando atingimos a maturidade emocional.


       Só que isso faz com que em muitos momentos nos sintamos “não pertencendo a”, porque não conseguimos mais conviver com o vazio que preenche a vida de muitas pessoas. No mundo capitalista em que vivemos, as pessoas estão preocupadas com o status, com a aparência, em manterem-se jovens, pois ninguém mais envelhece. Não se dão conta, o quanto estão ficando ridículas. Mulheres de mais idade preocupam-se em descobrir o que tem de mais moderno, para que mantenham o rosto e o corpo jovem. Esquecem que as mãos e o pescoço, assim como, o corpo denunciam a sua idade, pois os movimentos ficam mais lentos, a memória às vezes não ajuda, as manchas de senilidade nas mãos estão evidentes, a voz muda, a visão fica prejudicada e por aí vai.

      Em contrapartida, as adolescentes optam por colocar silicone para aumentar o seio, o “bumbum”, fazem lipoaspiração para tirarem as gordurinhas que só elas enxergam. O interessante é que os pais permitem e os profissionais fazem. E o bom senso onde está? Parece que se perdeu nesse mundo de inversão de valores.

     O funcionamento dos homens não está muito diferente da maneira de funcionar das mulheres. A vaidade, a preocupação em manter-se jovem está muito presente. Muitos procuram mulheres que possam proporcionar uma vida tranqüila, que os ajudem. E a responsável por isso é a mulher, que se mostra disponível, que aceita as condições que lhe são impostas, a fim de não ficar sozinha. Apesar de isso se apresentar como uma queixa em consultório.

     Independente da faixa etária, do grau de escolaridade, do nível sócio-econômico, o “papo” que rola não pode ser mais vazio do que é. Valorizam tudo o que é efêmero, não consegue aprofundar assunto nenhum, pois a cultura que têm, é em cima das novelas, do big brother, de pessoas que são projetadas pela mídia, mas que o nível cultural é zero.

      Pensar, refletir, estabelecer um “papo cabeça” é coisa do passado. Porque o ser humano não vale mais pelas riquezas internas, mas sim, pelo o que ostenta. Valores e ética não são mais prioridades, as pessoas estabelecem relações pelas conveniências. Continuamos vivendo a “Lei de Gerson”.

      Às vezes fico a me perguntar, até quando as pessoas vão precisar viver esse aprisionamento afetivo?

       Enquanto se julgam totalmente independentes, na realidade demonstram o grande medo de encontrar-se consigo mesmo, de repensar sua vida, de determinar o que realmente querem para si, aonde querem chegar. Não é nesse mundo de faz de conta em que vivem, onde as relações, na maioria das vezes, se estabelecem por interesses, em que a hipocrisia é uma constante, que conseguirão ter uma independência afetiva, que irão encontrar a felicidade e se sentir plena. No momento em que as pessoas começarem a perceber a necessidade de mudança, de crescerem, talvez consigam viver de forma mais autêntica, buscando enriquecer o seu mundo interior, transcedendo as efemeridades e valorizando realmente as coisas boas da vida.

      Não precisamos ficar presos a esses valores impostos pelo mundo moderno, para vivermos bem, mas o que se precisa é estar bem consigo mesmo, para viver bem.

sábado, 12 de março de 2011

INVEJA: UM SENTIMENTO PRIMITIVO DO HUMANO

        A inveja faz parte do grupo de sentimentos que o ser humano gosta de negar. Geralmente as pessoas se ofendem quando dizemos que o sentimento que estão tendo é de inveja. Os sentimentos de inveja, raiva, ciúmes sempre tiveram uma conotação muito pejorativa, por isso, as pessoas sentem-se na necessidade de negá-los. No entanto, estão muito vivos e presentes na vida de qualquer pessoa, mesmo que esta não queira. 

        Na visão psicanalítica, a inveja é um vínculo baseado em falsas premissas que invadem a mente (CHUSTER & TRACHTENBERG, 2009). A inveja ela não se limita ao desejo de querer ter ou ser o que o outro tem ou é, mas ao desejo de querer destruí-lo, a fim de que esse não o atrapalhe mais. Por isso, alguns autores a consideram como um câncer, pois é um sentimento que vai se multiplicando, contaminando cada vez mais a mente da pessoa e acaba por “matá-la”. A pessoa deixa de viver a sua vida, para se preocupar e tentar viver a vida do outro. Isso lhe acarreta um sofrimento psíquico muito intenso.

        O sentimento de inveja não permite que a pessoa tenha um crescimento, que desenvolva o seu lado bom, pelo contrário, o único crescimento que tem é negativo, não lhe permitindo adquirir sua própria autonomia. Sofre por não ter a vida do outro, por não conseguir funcionar como ele, por não produzir o que ele produz. É muito comum quando a pessoa vê, por exemplo, uma obra de arte feita por alguém, dizer que não gostou, que não tem nada de interessante. Tem a necessidade de desfazer o que é dos outros, para valorizar o que é seu. Ficando evidenciado um sentimento de inferioridade muito forte.

         Podemos identificar a inveja por meio de rótulos de desqualificação, de injúrias, de preconceitos, de negação do outro. Entretanto, as pessoas têm dificuldade de aceitar que isso se trata de inveja. Na realidade, eles precisam desprezar, desvalorizar, para depois poder destruir. O ato de destruir lhes gera satisfação, pois ficam com a sensação de vitoriosos.

          A inveja está relacionada com as experiências negativas que a criança teve no início da vida, mas que está bastante presente no seu inconsciente. É um sentimento muito primitivo e tem como base o ódio. Ela reforça o ressentimento e produz necessidades vingativas. O maior prejudicado de tudo isso é a própria pessoa que armazena esse sentimento dentre de si.

        Seria muito mais inteligente, se ao invés de ficar invejando, as pessoas procurassem crescer, trabalhar esse sentimento dentro de si, para poder se enriquecer como pessoa e viver uma vida com tranqüilidade.

       Parece que quanto mais o mundo evolui, mais o homem se deixa tomar por sentimentos tão pequenos e primitivos como a inveja. É um sentimento que está presente em todos os lugares, seja nas relações familiares, nas relações sociais, nas repartições, nas instituições religiosas. É necessário que as pessoas comecem a pensar sobre esse sentimento, tratá-lo, a fim de poder estabelecer relações mais saudáveis, no seu dia-a-dia.







quinta-feira, 10 de março de 2011

VIOLÊNCIA VERBAL

        Apesar de isso ser algo que está tão banalizado, ainda fico chocada com o pouco caso que as pessoas dão para a violência verbal. Muitos ainda têm a idéia de que violência é quando ocorre agressão física, esquecendo que a verbal também é violência. Essa, no entanto, fica no esquecimento.

       Parece que a violência verbal está tão presente nas relações, no cotidiano das pessoas, que ela não é nem percebida. As pessoas passaram a conviver com isso, não dão importância, arrumam uma justificativa qualquer e vão em frente. Esquecem que só estão contribuindo para reforçar o comportamento negativo do agressor, que não estão lhe ajudando a crescer como pessoa, como ser humano.

      O agressor geralmente não consegue se perceber como tal, pois este comportamento é tão normal para ele, que acha muito natural a sua forma de falar, de agir. Dizemos na psicologia que se trata de um funcionamento ego sintônico, que faz parte da sua personalidade e que a pessoa realmente não se dá conta dos seus ataques de estupidez. Não é por isso, que devemos aceitá-los.

     Em todo o ato de violência existe o agressor e a vítima. O importante que a pessoa que se sentiu agredida não aceite e fique quieta, ela precisa reagir. Ninguém tem o direito de depositar no outro a sua agressividade, os seus problemas, suas frustrações e recalques. Obviamente que não deverá retribuir na mesma moeda, mas fazer o agressor pensar sobre os seus atos, de ver que não lhe foi dado permissão para tratá-lo da forma que o tratou.

     Não é interessante falar na hora que a pessoa está exaltada, pois ela não conseguirá escutar e vai acabar num bate boca, que não leva a lugar nenhum. Espera-se o momento certo para fazer as devidas colocações ou não diz nada, mantém certa distância e deixe que a própria pessoa pense sobre a sua fala.

    Agora, não se permita ser agredido de qualquer maneira, se faça respeitar, não se deixe influenciar pelas alterações de humor das pessoas, não entre na freqüência delas, não se deixe contaminar e muito menos se infectar,pela grosseria, pela raiva, pela inveja e o ciúmes que as pessoas trazem dentro de si. Você é quem decide se quer viver em paz, se não quer perder sua tranqüilidade ou se prefere viver num clima de tensão, de brigas, agressões. Se optar por viver nesse clima, lembre-se que você não tem o direito de se queixar, pois a escolha foi sua.

Estudo compara cérebro de crianças, psicopatas e bandidos

          Outro dia recebi um email com um artigo que foi escrito por Ricardo Miotto e publicado na Folha. com, sobre uma pesquisa que vem sendo realizada na Universidade de Pensilvânia, onde as pesquisadoras tem como propósito traçar um comparativo entre  o cérebro das crianças, psicopatas e bandidos. Achei interessante e resolvi postar, pois considero estes estudos importantes, visto nos deixar alertas sobre o comportamento que observamos nas crianças, e que muitas vezes, não damos atenção, mas que já nos sinalizam que ela poderá apresentar problemas graves de conduta no futuro. Estes estudos contribuem para que possamos ao identificar um comportamento diferenciado numa criança, busquemos ajuda de um profissional, para avaliar se existe a necessidade ou não de um tratamento, a fim de evitar que venha a se tornar um psicopata ou um bandido na vida adulta.

         Fulaninho de tal, 3 anos, alta periculosidade. A ideia de reconhecer futuros criminosos em crianças que mal sabem falar foi a grande sensação do maior encontro científico americano, a AAAS, em Washington, no fim do mês passado.

         Biologia contribui para formar o criminoso, mas não é determinante

         Agressividade é natural aos meninos e pode surgir nas meninas

         A "boa notícia" trazida pelos pesquisadores é que seu filho, se tiver um cérebro "malvado", pode não se tornar um bandido, mas um político corrupto. Criminosos armados e de colarinho branco têm cérebros parecidos.

       Os responsáveis pelos estudos que vinculam violência com áreas cerebrais relacionadas ao julgamento moral e ao medo de punição são Adrian Raine, da Universidade da Pensilvânia, e Nathalie Fontaine, da Universidade de Indiana (EUA).

      Os dois estão acostumados a desagradar quem os considera deterministas. Sua superlotada apresentação em Washington tinha muita gente com cara feia.

      Raine mostrou um trabalho em que escaneou o cérebro de 27 psicopatas para saber como eram as suas regiões ligadas a emoções como a culpa, remorso e medo, principalmente a amígdala e o córtex pré-frontal.

      Os psicopatas tinham amígdalas 20% menores do que o normal. Parece pouco, mas não se sabe bem que efeitos comportamentais isso causa, e é notório que a amígdala menor fosse generalizada entre os criminosos.

        Resultados semelhantes foram encontrados nos cérebros de crianças consideradas problemáticas por pais e professores, algumas com apenas três anos, e em bandidos sem psicopatia.

        Mais: Raine descobriu um cérebro similar em 21 condenados por fraudes financeiras (como golpes contra empresas de cartão de crédito). "Cérebro ruim, comportamento ruim", resumiu, tornando as caras mais feias.

        A pesquisadora chega ao ponto de questionar se essas pessoas realmente têm culpa pelos seus atos. "Ninguém pediu para nascer com uma amígdala menor", diz.

       A ideia de escanear o cérebro de crianças horrorizou os pesquisadores na plateia. Vários pediram o microfone para lembrar do risco de estigmatizar os meninos que estariam fadados ao mal.

       Fontaine diz que quanto antes crianças potencialmente perigosas forem identificadas, melhor. "Assim podemos ajudar tanto elas quanto as suas famílias", diz.

       Uma ideia seria avaliar se essas crianças não estão em situações que facilitariam o desenvolvimento do seu potencial criminoso, como viver em áreas de pobreza.

       Se estiverem, é preciso tirá-las dali. Cérebro "ruim" em um ambiente pior pode ser a receita da tragédia.

quarta-feira, 9 de março de 2011

QUARTA FEIRA DE CINZAS

         A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma, período que antecede a Páscoa. Costuma-se dizer que é o período de preparação para a Páscoa (Páscoa = Passagem). A cinza que o cristão recebe na testa, nesta quarta-feira, simboliza a reflexão que o católico deve fazer, sobre o dever da conversão, das mudanças que precisa fazer em sua vida e de reflexão sobre a sua vida espiritual. É o período em que o católico deve se aproximar de Deus, buscando o seu crescimento espiritual.

       Neste período o cristão se recolhe mais, faz retiros espirituais, fica em oração, jejua, estabelece seus propósitos para Páscoa, é um período em que também deve se preocupar com a caridade. Lembrando que a caridade não se limita dar coisas materiais, para as pessoas necessitadas. Pode ser através de um sorriso, de um cumprimento, de uma palavra de carinho ou de conforto, por meio de um abraço, etc.

     Esta é a forma simbólica em que o cristão renasce como Cristo. É o momento de preparação para poder viver com dignidade o Mistério Pascal – paixão, morte e Ressurreição do Senhor Jesus.

     Infelizmente hoje, esse período não é mais vivenciado por muitas pessoas, que até criticam os que seguem ainda esses rituais. As pessoas estão deixando de lado o que está relacionado com as questões espirituais, pois acreditam naquilo que conseguem tocar, ver, sentir.

     Jung com sua sabedoria, dizia que o grande desafio do homem moderno seria a entrega da consciência humana, ao indefinido e indefinível. E parece que isso está acontecendo, pois Deus já não faz parte da vida de algumas pessoas. Elas criaram o seu próprio deus ou eles mesmos se intitulam deus.

     As pessoas acham perda de tempo parar, conversar com Deus e escutar o que Ele tem a dizer. Pois encontram coisas muito mais importantes para fazerem, ouvirem e verem, como por exemplo, assistir o “Big Brother”. Por isso, é que temos tantas desgraças, violências, tragédias, doenças, sofrimentos no mundo. Isso não pode ser compreendido como um castigo de Deus ou como vontade de Deus, porque em sua misericórdia, em sua bondade e em seu amor, Deus jamais castigaria qualquer filho seu, nem mesmo aqueles que o negam. Muito menos, Ele que ver seus filhos sofrerem. Todas essas coisas são de responsabilidade do homem, mas que prefere projetar para Deus, isentando-se de sua responsabilidade.

    Talvez esse período de Quaresma, seja a grande oportunidade que o cristão tenha de procurar buscar respostas para as coisas que o angustia, que o deixa ansioso, que o gera sofrimento. Valendo-me, novamente de Jung, talvez esse período seja a oportunidade que o humano tem de escutar a voz da “alma”. Jung faz uma analogia entre alma e Deus.

    Se você sofreu decepções com a Igreja católica, lembre-se que não foi com a Igreja, não foi com Deus, mas sim com as pessoas que lá se encontram. É importante que tenhamos claro, que quem nos decepciona são as pessoas: os padres, os bispos, a comunidade e até mesmo o Papa. O que não podemos é generalizar e usar isso para nos afastarmos de Deus, podemos sim, buscar a igreja e a religião em que nos sentirmos bem, para nos ligarmos a Ele.

    Respeito todas as crenças e também os ateus, mas como católica e teóloga, não posso deixar passar em branco o início da Quaresma.

terça-feira, 8 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

  Hoje, dia 8 de maço, Dia Internacional da Mulher, quero parabenizar todas as mulheres, de modo especial as que seguem este blog, pois são mulheres de muita garra, de muitas vitórias. Para saudá-las, escolhi um poema escrito por Lúcia Barcelos.


Uma Mulher...

Uma mulher traz mãos estendidas e pulsos frágeis,
Mas suporta os pesos imprevisíveis da vida.
Traz uma urgência de amparo,
Sustenta um olhar firme e claro
Na obscuridade das ruas onde, às vezes, transita.
Traz o rosto entre lua e estrelas
E uma esperança que se levanta com o sol das manhãs.
Nos lábios, o gosto das maçãs,
E no riso, a aragem fresca da brisa.
Uma mulher possue, oculta e insuspeitada,
Uma força paradoxal,
Que pode ser mortal
Ou reordenar a vida.
Uma mulher traz a semente polinizada e nascida
Na aridez de qualquer tempo.
Traz uma referência de amor,
Dedos esculpidos para acariciar a flor
E um véu que lhe preserva o instinto.
Uma mulher traz um silêncio e uma explosão,
Um delírio e uma prostração,
E uma certeza que a torna triunfante.
Uma mulher traz uma vibração constante,
Uma busca por sentir-se livre
E um poder de inventar caminhos.
Traz os derradeiros carinhos,
O peito despojado,
E possui-se de ternuras.
Uma mulher acumula-se de procuras,
De persistências e de encantamento.
Uma mulher traz o sábio gesto de um momento
E uma luz projetada para o infinito!







domingo, 6 de março de 2011

PASSEIO SOCRÁTICO

        Hoje recebi de uma amiga muito especial um email com o artigo que postarei a seguir, escrito pelo Frei Betto. Achei muito interessante, nos faz pensar. Hoje pouca são as pessoas que conseguem fazer como Sócrates fazia, ao sair para relaxar. Sugiro que aqueles que conseguirem, adotem a sistemática de Sócrates.

       Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.

      Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?

       Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'

      Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

      Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

      Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra!

     Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...

      A palavra hoje é entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

    O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.

    Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

     Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo.

     E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas... Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald's...

     Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:

      'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:

      "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"



























sexta-feira, 4 de março de 2011

O QUE FAZER NO CARNAVAL?

       Carnaval é um momento de festa, de folia, confete, serpentina, mas nem todos gostam disso, preferem esse período para relaxar, organizar sua vida, para finalmente começar o ano, para curtir uma praia ou a serra. Outros fazem desse período o seu momento sabático. Aproveitam para avaliar a sua vida, se conhecer melhor, rever valores, ver o que precisa ser mudado, como mudar e quando mudar . Algumas pessoas preferem fazer algum retiro, espiritual, meditar, buscar a tranqüilidade, para enfrentar o resto do ano.

       Esse é um período que as pessoas na ânsia de aproveitarem tudo o que julgam ter direito, extrapolam em suas atitudes, deixando um clima um pouco denso. Abusam das bebidas alcoólicas, das drogas ilícitas, do excesso de velocidade nas estradas. Envolvem-se em paixões que geralmente são passageiras, mas que muitas vezes acabam deixando-lhes marcas, sofrimentos, por terem criado uma expectativa em relação a outra pessoa. Nada disso é proibido, mas o importante é viver esse período com muita consciência dos seus atos, a fim de não ter que pagar um preço muito alto depois.

     Aqueles que preferem se manter longe da folia aproveitam esse tempo para conviver mais com a família, com os amigos, ler bons livros, ir ao cinema, ao teatro. Buscam fazer coisas que lhe dão prazer e alegria. As duas formas de viver este período estão certas, desde que não haja exageros por parte dos foliões, que por vezes colocam sua vida em risco. As pessoas precisam fazer aquilo que gostam, que consideram importante e que lhes dê prazer, sem abusos, sem violência. O importante é que a pessoa esteja preparada para viver a sua escolha, tendo claro que se na metade do caminho achar que a escolha não foi a melhor, possa mudar e aproveitar o resto do período feliz.

      Tem pessoas que apesar de não gostarem da agitação, acabam indo para não ficarem sós. Temem se deprimir, não ter o que fazer, acreditam que pode ser algo entediante e por isso, não se permite experimentar viver este momento fazendo o que realmente gostaria de fazer. Também não conseguem aproveitar a opção feita, porque não é o que realmente desejavam, acabam voltando estressadas, irritadas, porque não conseguiram aproveitar. Portanto, não se violente, não se deixe agredir por achar que tem que fazer o que todo mundo faz, faço o que você realmente deseja fazer. Não aja pelo inconsciente coletivo, mas sim pelo seu inconsciente pessoal e viva esse momento de forma feliz, saudável, de bem com à vida e acima de tudo, de bem com você.

quinta-feira, 3 de março de 2011

CARNAVAL

         É estranho estarmos em março e vivendo um período de carnaval. Parece que não faz muito sentido, a maioria das pessoas não compreendem porque neste ano, o carnaval irá acontecer no mês de março.

         A data do carnaval varia, em função do calendário eclesiástico. Todos os feriados eclesiásticos são calculados em função da data da Páscoa, com exceção do Natal, que por convenção foi estipulado como dia 25 de dezembro, onde se comemora o nascimento de Cristo. O domingo de Páscoa ocorre sempre no primeiro domingo após a primeira lua cheia do equinócio da primavera – no hemisfério norte – ou do equinócio do outono no hemisfério sul. A sexta-feira da Paixão antecede o domingo de Páscoa, portanto, a terça-feira de carnaval é 47 dias antes da Páscoa, por isso, a variação de data.

        A palavra carnaval deriva da expressão grega “"carnis valles", onde carnis significa carne e valles tem como significado prazer. Daí o motivo pelo qual o carnaval é considerado uma festa de prazeres da carne, uma festa pagã.

       Na antiguidade o carnaval era um período de grandes festas, que durava 7 dias nas ruas, praças e casas da antiga Roma, com muitas comidas, bebidas, momentos de alegria e uma busca incessante dos prazeres. Nesse período todas as atividades e negócios paravam, os escravos tinham liberdade temporária para fazerem o que quisessem e as restrições morais eram liberadas.

       No período do Renascimento é que surge os bailes de máscaras, com as suas fantasias luxuosas e carros alegóricos. Era uma festa popular,  que acabava se misturando com outras comemorações, devido a sua desorganização. Com o passar do tempo, ela foi tomando o formato atual.

       Em 1641, o governador Salvador Correia de Sá e Benevides, promovem o primeiro carnaval no Brasil, para homenagear o rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. O ápice do carnaval aqui no Brasil foi no final do século XIX até a década de 1950. Hoje nem um terço da população brasileira participa ativamente do carnaval. Na medida em que o carnaval foi evoluindo, as escolas de samba foram aprimorando  o luxo de suas fantasias, bem como, de suas alegorias. Os bailes foram perdendo o seu encanto. Mesmo assim, o carnaval no Brasil,  ainda é considerado um dos melhores carnavais do mundo.

       Luís da Câmara Cascudo, etnólogo, musicólogo e folclorista, disse que: "o carnaval de hoje é de desfile, carnaval assistido, paga-se para ver. O carnaval, digamos, de 1922 era compartilhado, dançado, pulado, gritado, catucado. Agora não é mais assim, é para ser visto".

      Para aqueles que ainda curtem o carnaval, desejo que aproveitem esse período para realmente se divertirem e poderem reiniciar o ano com muita energia, já que no Brasil, o ano inicia depois do carnaval.











quarta-feira, 2 de março de 2011

O DESFECHO DO ATROPELADOR DE CICLISTAS

        Como no sábado passado manifestei a minha indignação em relação ao atropelamento em massa dos ciclistas, não posso deixar de manifestar o meu contentamento com a justiça, que determinou a prisão do atropelador.

         Basta olhar para ele, para perceber que se trata de uma pessoa bastante atrapalhada e comprometida. Confesso que mesmo sendo uma profissional da saúde mental, fico chocada quando vejo um caso desses. Um homem, de 47 anos, esclarecido, com boas condições financeiras, precisa ter uma crise, para que as pessoas consigam identificar que ele está adoecido. Talvez agora, no meio do sofrimento, a família comece a se dar conta das outras atitudes que ele já havia tomado, colocando a vida de terceiros em risco, mas que provavelmente, nada fizeram. Sei que é complicado para família, que não dá para responsabilizá-la, julgá-la, até porque ninguém pode obrigar alguém a se tratar, se o paciente não quiser. Entretanto, a lei é clara, o paciente não  pode ser obrigado a se tratar ou internar, se ele não estiver de acordo com o tratamento ou internação, desde que, não esteja colocando a sua vida ou a de terceiros em risco. Portanto, esse cidadão já deveria estar numa clínica hà mais tempo, pois como a própria imprensa noticiou, ele já havia ameaçado de matar uma ex-namorada com uma machadinha.

         É preciso deixar as coisas acontecerem para depois tomar uma atitude? Era de se esperar que ele fosse usar como subterfúgio o tratamento psiquiátrico, após ver que os seus argumentos não haviam convencido as autoridades que estão cuidando do caso. É óbvio que ele precisa de tratamento psiquiátrico, de internação, o que acho interessante que ele só se deu conta agora. Por isso, buscou atendimento na Clínica São José e acabou se internando no Hospital Parque Belém. Acreditava que com isso, estaria livre da prisão, mas dessa vez se deu mal. Aquela fala, em que disse para sua ex-namorada: "eu tenho influência e dinheiro", não funcionou.

             Penso que o pedido de transferência para o Instituto Psiquiátrico Forense é uma ótima alternativa, pois deve estar sendo difícil para a administração e o corpo de funcionários do Hospital Parque Belém gerenciar a situação, não só pela repercurssão, mas pelo clima que fica entre os outros pacientes e  seus familiares. 

          Lamento que as pessoas precisem chegar nesse estado, para se darem conta que estão doentes. Talvez isso precisasse acontecer, para aquelas pessoas que convivem com ele, consigam se dar conta, que passar a "mão na cabeça", fazer que nada está acontecendo, só serve para reforçar a sintomatologia. Em algumas situações, é necessário, mesmo se tratando de um homem de 47 anos, que as pessoas mais próximas se posicionem com firmeza, ao verem as alterações de comportamento do seu familiar. Assim, estarão evitando um sofrimento, que acaba por atingir a todos.









terça-feira, 1 de março de 2011

CRIANDO PROBLEMAS

        Faz algum tempo que tenho observado o comportamento das pessoas em relação a problemas. Não sei se porque sou preparada para ajudar as pessoas a encontrarem soluções para os seus problemas, me chama a atenção que ao invés de buscarem soluções, elas criam problemas onde não existe.

         Isso hoje é muito fácil de ver quando se fala com as pessoas. Basta perguntar se estão bem, para que comecem a falar dos seus problemas. Tem pessoas que estão tão sufocadas, que não se precisa nem falar, basta um olhar e elas começam a contar todas as suas aflições. Vejo isso na rua, no consultório e com as pessoas que prestam serviço para mim.

        Outro dia chamei uma pessoa para fazer um conserto no meu apartamento. Quando lhe apresentei o problema, pensei que ele iria logo me dar à solução. Doce ilusão, uma coisa simples se tornou um problemão. Até que lá pelas tantas, fui obrigada a dizer que o problema eu já tinha e por isso o havia chamado para resolver, que estava esperando a solução.

        Já faz alguns anos que essa pessoa trabalha para mim, conheço bem a sua forma de funcionar, por isso não me estresso. Tudo para ele é um problema, tudo é difícil, sem falar que é hipocondríaco. Às vezes tenho até medo de perguntar como está. Quando estou com pressa, não pergunto, porque sei que vem um rosário de queixas. Ele é o verdadeiro manual de diagnóstico ambulante, mas é uma pessoa confiável, posso deixar a chave da minha casa e sair tranquila. Isso é o que faz com que ele continue trabalhando para mim. É só não dar muito ouvido para as suas queixas e para os problemas que ele diz ter, mas que não existe.

       Como atraio esse tipo de gente para perto de mim, a pessoa que faz os reparos no consultório, não poderia ser muito diferente. Esse é uma figura folclórica, que me faz dar boas gargalhadas. Não pode ser mais atrapalhado do que é. Sempre tem que fazer duas vezes a mesma coisa, porque na primeira sempre erra. O pior é que não consigo ficar braba, acabo rindo. Poderia escrever um livro só com as confusões que já aprontou, mas também é de extrema confiança, por isso, reconsidero.

        Final de semana pedi que pintasse uma porta para mim. Quando foi domingo à noite, me ligou para contestar a cor da tinta que eu tinha comprado. Dizia que a porta era branco-gelo e que eu havia comprado tinta branca. Não adiantava eu dizer que não existe branco-gelo, porque ele afirmava que sim. Até aí não vi um problema maior, mas ele não se conformava como o fato de eu trocar a cor da porta. Até o momento que disse que eu queria a porta branca. Pensei que tivesse entendido, mas acho que não, porque a porta não foi pintada. Não sei se por protesto ou porque está procurando uma tinta branco-gelo.

       Assim como essas duas pessoas, vejo inúmeras outras. Fico com a sensação que não conseguem mais viver sem problemas. Mesmo que eles não existam, elas os percebem, o que mostra um pensamento disfuncional. Essa  é a forma, que onseguem ter um assunto, estabelecer um diálogo.  Se queixam, se lamentam bastante, chamando a atenção das pessoas, demonstrando a sua carência. Não se dão conta que isso faz com que fiquem cada vez mais sozinhos.

       O pior de tudo é que mesmo que se dê a solução, elas não aceitam. Afinal estamos tirando o alimento de suas vidas. Percebo isso no consultório, quando começo a fazer o paciente pensar sobre as alternativas que tem para solucionar as coisas que lhe geram sofrimento, eles resistem e não conseguem pensar. Claro que isso é sintoma e tem que ser tratado, mas penso que seria bem menos sofrido se as pessoas se permitissem ver as coisas com outro olhar. Se procurassem pensar nas possíveis soluções, se exercitassem a solução de problemas que a teoria cognitiva-comportamental nos oferece e que tento trabalhar com alguns pacientes.

       A solução de problemas permite que a pessoa aja com mais assertividade, mas o resultado é frustrante, pois referem não conseguir. O que me levar a questionar quais os ganhos que a pessoa está tendo com os seus problemas.

       Algumas vezes, fico com a sensação que as pessoas gostam de sofrer. Nos dois casos que relatei, são pessoas boas, bons profissionais, mas que estão sempre muito atrapalhados. Se não fosse a confiança que tenho neles, mesmo sabendo que terei que mandar refazer, quando necessário, eu já teria dispensado. Eles acabam se prejudicando, depondo contra eles mesmos, assim, como vários casos que vejo no meu dia-a-dia.

      Lamento, porque sei que são pessoas que tem um sofrimento psíquico intenso e que não conseguem se livrar dele. O bom é que ao menos estão tentando, mas nem todos conseguem.