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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL

   
        Afinal o que é Síndrome de Alienação Parental? Essa síndrome foi descrita por Gardner, psiquiatra norte-americano, como sendo um distúrbio infantil, que tem seu início, geralmente, em um contexto no qual  o casal briga pela posse e guarda dos filhos. Ela é muito conhecida nos processos de separação/divórcio e guarde de menor, mas não tem nada que impeça as pessoas, até mesmo não parentes,  que detêm a guarda do menor, a cometer o delito de alienação parental.

      A criança começa um processo de difamação contra um dos seus genitores, sem que haja um motivo para isso, a não ser a influência de um dos pais, a fim de que passe a odiar o outro. Para que possa ser configurada a síndrome, é de fundamental importância a colaboração da criança, nesse processo de denegrir a imagem de um dos genitores, desenvolvendo sintomas como: campanha de difamação, racionalizações pouco consistentes, frívolas ou até mesmo absurdas, a fim de sustentar a difamação, falta de coerência, animosidade na relação com os amigos ou com a família do genitor alienado, etc.

     Claro que fica evidenciado o comprometimento psíquico do genitor que conduz seu filho a agir dessa forma. Existem fatores conscientes e inconscientes desse genitor, que não permite mensurar a representação que isso terá na vida emocional e psíquica do filho. Gardner afirma que essa atitude, caracteriza um déficit na capacidade parental do genitor que induz o filho a síndrome, demonstrando uma incapacidade de criar os filhos e cometendo um ato de abuso contra os mesmos.

     Muitas vezes, o casal ao se separar, esquece que foi a sua relação que não deu certo e procura projetar para os filhos, as suas frustrações, seus recalques, como se isso fosse aliviar os sentimentos que vivem. Desenvolvem o hábito de denegrir a imagem do outro, apontando seus defeitos, seus pontos falhos, criando histórias para que os filhos passem a ver o outro genitor de forma diferente. É bastante comum se verificar essa atitude em mulheres em que o marido pediu a separação ou foram traídas. Procura fazer com que os filhos desenvolvam os mesmos sentimentos que tem em relação ao parceiro, procurando mantê-los afastados, como forma de punir o ex-marido.

      O filho acaba por acreditar nas informações que escuta, às vezes, por não ter idade suficiente para discernir os fatos, tomando partido daquele que lhe está próximo. Essa atitude do genitor, que visa afastar o filho do outro, talvez possa ser compreendida como uma forma de manter o filho próximo, sem ter que dividir com o outro genitor, por medo de sofrer novo abandono. Existem outros entendimentos que poderiam ser feitos aqui, mas penso que não é esse o objetivo.

      Essas informações que a criança recebe quase diariamente, em relação ao seu outro genitor, muitas vezes parecendo se tratar de uma lavagem cerebral, depois de um tempo, faz com que a criança passe a acreditar que são verdadeiras e a fazer associações de situações que acredita ter vivenciado. E aí, que a criança começa a  formar falsas memórias.

      A criança relata fatos de coisas vivenciadas quando tinha dois ou três anos de idade, acreditando que são verdadeiros. Na realidade ela tem internalizado informações que obteve pela fala de terceiros, pois uma criança não consegue armazenar na memória, vivências desse período de sua vida.

      Infelizmente, muitos de nós conhecemos pessoas que agiram ou agem dessa forma com seus filhos, acreditando que estão prejudicando o outro genitor, mas na realidade estão atestando a sua fragilidade, a dificuldade de lidar com a frustração, com o abandono entre outras coisas e causando um dano psíquico significativo nos filhos. O genitor que faz isso está cometendo um ato de violência contra o seu filho, pois não esqueçam pressão psicológica é um dos vários tipos de violência existentes.



terça-feira, 20 de setembro de 2011

FALSAS MEMÓRIAS

       É importante que tenhamos claro que ao falarmos em falsa memória, não estamos falando em mentira, mas sim dos resultados de estudos realizados no início do século XX, por Binet, na França, no ano de 1900 mais precisamente, juntamente com Stern na Alemanha, em 1910, mostrando a falsificação que ocorre na memória.

      Essa falsificação de informação se dá pela inserção de informação não-verdadeira, frente a uma experiência vivenciada, fazendo com que a pessoa acredite ter realmente vivenciado aquela situação, por exemplo, uma pessoa esquece sua chave em casa em cima da mesa, ao procurar e não encontrá-la em sua bolsa, faz uma retrospectiva, lembrando que pegou a chave e colocou na bolsa como costuma fazer. Ao chegar a casa, vê que sua chave está em cima da mesa.

     No entanto, as falsas memórias não se dão apenas em nível de inconsciente ou por uma inflação da imaginação sobre determinado evento, pode ocorrer por uma sugestionabilidade externa. Nossa memória é suscetível à distorção frente a informações que recebe, após ter vivenciado determinado fato.

      Informações errôneas sobre determinados eventos, são altamente influenciáveis na lembrança dos mesmos, podendo ocasionar modificações sobre os fatos vividos. Isso ocorre, pois a desinformação é capaz de modificar as lembranças de forma previsível, no nosso dia-a-dia. Uma informação errônea é capaz de imiscuir-se em nossa lembrança quando falamos com alguém.

     Às vezes somos surpreendidos por pessoas que nos relatem detalhes de uma história, que vivenciamos juntas, pois contam riquezas de detalhes, que sabemos que não aconteceu, mas elas têm a convicção de que realmente aquilo aconteceu. Mesmo ao serem contestadas, não se convencem, achando que não prestamos a atenção necessária sobre o evento. Isso ocorre, devido às informações obtidas após a ocorrência do evento.

    Quando acontece esses episódios, algumas pessoas confundem isso com a mentira, no entanto Destarte salientou que “a mentira e o erro involuntário tomam, aproximadamente, as mesmas formas, ainda que aquela tenha preferências pelas que aumentam, com toda classe de elementos, a realidade, e estes pela que se contentam em deformá-la. Porém ambas têm, muitas vezes, as mesmas causas profundas, afetivas ou patológicas, ainda que a mentira seja mais exatamente imputable a uma falta de controle voluntário”.

     Segundo alguns estudiosos das falsas memórias, existem dois tipos: as ocorridas de fatos que não existiram e o ressurgimento de lembranças que estão recalcadas no inconsciente e surgem a partir da inflação da imaginação. Sabe-se que as falsas lembranças se dão em função da combinação de lembranças verdadeiras e de sugestões vindas de outras pessoas.

     É preocupante no meio jurídico as falsas memórias, porque elas podem ocasionar graves prejuízos a outrem. Porque é difícil desvelar os fatos que realmente aconteceram num processo, por meio do depoimento da vítima e das testemunhas, percebendo-se muitas contradições em seus depoimentos e sendo que, às vezes, o fato em si, não deixa vestígios.

      Infelizmente ainda temos muitos profissionais que atuam na psicologia jurídica, que não estão bem familiarizados sobre esse assunto, onde me incluo, porque demanda muito estudo. Não existe nenhum estudo conclusivo sobre os mecanismos da elaboração das falsas memórias. Resta-nos então, continuar buscando aprimorar o conhecimento que temos, a fim de podermos oferecer cada vez mais, serviços mais qualificados a justiça.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DESCULPAS

Peço desculpas aos meus seguidores e leitores, por não estar conseguindo atualizar a postagem, mas estou com muito trabalho. Comprometo-me de no feriado escrever. Agradeço a compreensão.

domingo, 11 de setembro de 2011

PERDÃO

      A palavra perdão nos levar a refletir uma série de coisas, devido a sua complexidade. Parece ser tão fácil dizer para aquela pessoa que nos magoou, que nos prejudicou, que nos agrediu que perdoamos. Será que realmente a perdoamos? Confesso que sempre fico em dúvida quando escuto alguém dizer que perdoou o outro, pois para poder perdoar alguém, antes precisa se perdoar. E será que temos essa noção?

     Como assim, me perdoar primeiro para depois perdoar o outro? Claro, o outro só lhe agrediu e fez o que fez com você, porque permitiu. Ninguém nos agride, nos magoa se não permitirmos. Somos os únicos responsáveis pelas agressões que sofremos, porque acabamos aceitando, tornando-nos coniventes a elas.

    Portanto, a primeira coisa que precisamos entender é por que nos colocamos nessas situações. Provavelmente, porque temos um ganho secundário, que conscientemente não conseguimos identificar.

     Penso que o perdão está muito vinculado não só a questão do amor, mas da humildade. Para que eu possa perdoar, primeiramente preciso reconhecer os sentimentos que estou sentindo. Para que esse reconhecimento se dê, preciso lançar mão do meu ego vaidoso e ser humilde, para assumir que estou sentindo raiva, ódio, inveja, ciúmes, mágoa, rancor em ralação ao outro. Só que isso não é algo muito fácil, já que esses sentimentos não são vistos com bons olhos pela maioria das pessoas, em nossa sociedade. Fomos criados escutando que são sentimentos muito feios e por isso acreditamos que não podemos tê-los. Só que se esqueceram de nos dizer, que são sentimentos presentes na vida de qualquer humano. Preocupo-me quando alguém me diz não ter esses sentimentos, fico com a sensação de que estou falando com uma máquina.

    No entanto, na maioria das vezes, lançamos mão de alguns mecanismos de defesa como a negação, à formação reativa, para nos mostrarmos como boas pessoas. Perdoar não é algo fácil, não basta dizer, eu perdôo. O perdão precisa vir do coração, do profundo d’alma. Quem realmente perdoa, esquece o que o outro lhe fez, não fica remoendo e muito menos esperando uma oportunidade para retribuir a agressão. É muito comum ver as pessoas dizerem que perdoaram, principalmente nos relacionamentos conjugais, mas na primeira oportunidade trazem à tona o que o outro fez. Que perdão é esse?

     Penso que para o humano, o perdão deve ser visto como um exercício que fará até a sua finitude. Dificilmente conseguiremos realmente concretizá-lo, no seu sentido verdadeiro. Para perdoar alguém, precisamos amá-lo. E será que realmente amamos o outro? Só posso amar o outro se primeiramente me amar. E o que vemos no mundo de hoje não é o verdadeiro amor, o amor ágape, mas sim, o amor carnal, o amor por interesses, ou seja, o amor inconveniente.

     Tenho a sensação que nos tempos atuais, as pessoas desaprenderam o que é se amar. Isso é bastante compreensível, pois na maioria das vezes, não sabem quem realmente são. Vivem com a constante preocupação em atender a demanda exigida por uma sociedade capitalista, mesmo que para isso, precisem se violentar. Para amar o outro, no sentido real, é necessário primeiramente, reconhecê-lo. Reconhecer o outro é aceitá-lo, é não agredi-lo, é respeitá-lo, é ajudá-lo, é ser generoso, é ser misericordioso.

     Teologicamente o perdão é compreendido como misericórdia. A palavra misericórdia tem sua etiologia no latim, e emana do homem misericors, ou seja, aquele cujo coração reage diante da miséria do outro. E ao falar na miséria do outro, não estou me reportando à questão econômica/financeira, a miséria material, mas na pior miséria, que é a da alma.

     Perdoar alguém significa, portanto, conseguir compreender que está frente a uma pessoa com uma alma extremamente pobre e que precisa ser acolhida, ao invés, de se ser rejeitada e odiada. Será que já conseguimos atingir esse estágio? Confesso que eu ainda não. Tomo como desafio todos os anos, treinar o perdão, mas creio que não conseguirei vencê-lo enquanto aqui viver.





quarta-feira, 7 de setembro de 2011

AS LIMITAÇÕES QUE AS PESSOAS SE DÃO

       É impressionante ver o quanto as pessoas se limitam, criando justificativas para explicar tal atitude. O mais agravante, é que acreditam nas suas desculpas, passando a vivê-las como se verdades fossem.

      Chama-me a atenção aquelas pessoas que só enxergam os obstáculos, quando lhe propomos algo. Tudo é difícil, nada vai dar certo e por acreditar nisso, acabam criando vários empecilhos para não realizar a tarefa. Costumo dizer que esse tipo de pessoa é capaz de ler pensamento, pois mesmo sem fazer os contatos necessários para concretização da ação, já sabem as respostas que obterão. Acreditam que seus argumentos são verdadeiros e os defendem com toda garra. Não percebem que as suas ações estão embasadas em suas crenças, portanto, se crêem que nada vai dar certo, desenvolverão um comportamento para que essa crença se confirme.

      Podemos compreender esse tipo de funcionamento por vários vieses. Talvez se tratem de pessoas depressivas, que só privilegiam o lado negativo das coisas. Não conseguindo perceber os seus pensamentos disfuncionais, muito menos questioná-los, procurando evidenciar o que lhe comprova à veracidade dos mesmos.

     Outro fator que pode levar uma pessoa a se limitar, é o meio social e cultural em que foi criada. Levando a desenvolver uma limitação cognitiva e intelectual, um sentimento de inferioridade e uma baixa estima, fazendo com que a pessoa se sinta inferior aos demais, mesmo que isso não seja verdadeiro. Acredita que os outros sempre podem mais, tem um potencial maior e por isso temem se arriscar.

      Também existem aquelas pessoas que preferem acreditar que não tiveram sorte, que a vida não os favoreceu. Não conseguindo assumir a dificuldade de ousarem, de buscarem caminhos diferentes, de irem ao encontro de melhores resultados. Dessa forma, isentam-se da responsabilidade pelas escolhas que fizeram ou que não fizeram. Esquecem que os caminhos que trilham são escolhas suas e que provavelmente terão algumas dificuldades, pois isso é normal, levando-os muitas vezes a terem que trocar de rota.

      Essa troca de rota me lembra o que Monteigne dizia: “ninguém determina do princípio ao fim o caminho que pretende seguir na vida; só nos decidimos por trechos, na medida em que vamos avançando”. Realmente, há uns anos atrás, as pessoas quando casavam acreditavam que só a morte os separaria. Hoje, já sabem que isso não é uma verdade absoluta, que a qualquer momento poderá ser surpreendido pelo pedido de divórcio.

      Ao escolher uma profissão, acredita que irá trabalhar nela até se aposentar, mas nem sempre isso acontece, dependerá de um conjunto de fatores e até mesmo do mercado de trabalho. Claro que para a pessoa dar essa virada em sua vida, poder trocar de rota, ela pagará um preço alto, que nem todos estão dispostos a pagar. Percebem-se muito velhos, não se sentem motivados, acham que o seu tempo já passou. Justificam por meio das questões políticas e econômicas do país, a sua falta de iniciativa, de credibilidade em si mesmo. Preferem continuar se boicotando, não se permitindo crescer, evoluir, por terem criado hipoteticamente, uma linha que delimita até aonde podem ir, não se autorizando a sentir o sabor de atrever-se, de ir ao encontro do desconhecido, de buscar algo novo, que lhes permita ter novos resultados,  proporcionando-lhes uma vida melhor.

sábado, 3 de setembro de 2011

CEGUEIRA

        Outro dia relendo o “Ensaio sobre a Cegueira”, do José Saramago, fiquei pensando quantas vezes nos comportamos como pessoas cegas. Não vemos ou não queremos ver o que está tão claro em nossa frente. Porque enxergar poderá desmistificar crenças que trazemos conosco e não temos interesse de mudá-las.

       Essa cegueira a que me refiro, tanto pode ser para coisas boas, como para ruins. As boas, às vezes, não vemos porque achamos que não somos merecedores. Questionamos como algo de tão bom pode estar acontecendo em nossa vida. Achamos que não somos capazes de conquistar pessoas, de fazermos alguma coisa boa para alguém. Vemos-nos de forma distorcida, não conhecendo ou reconhecendo a nossa essência. Enxergamos os outros sempre como melhores e por isso merecem ser felizes e ter uma vida plena.

       Evitamos ver as coisas ruins, pois temos medo da representação que elas terão em nossa vida, tememos sofrer com o que podemos enxergar. Com isso, passamos uma vida agindo como se fossemos cegos, incapazes de ver as coisas mais simples que a vida nos oferece.

      Preferimos optar por enxergar a vida da forma que nos convém, porque desse jeito, ela é mais colorida. Podemos colori-la com as cores que queremos e gostamos. Se facilitar, somos capazes de transformá em um arco-íris. Optamos por ver somente o que nos interessa, de forma bem egocêntrica, porque assim não precisamos estender o nosso olhar para o outro.

     Aliás, nos dias de hoje conseguir olhar para o outro, vem se tornando algo muito difícil e até mesmo assustador. Prefere-se não enxergar, a ter que ver o rosto dos outros, porque esses não lhe dizem nada e ao mesmo tempo lhes dizem muito. O outro mostra-nos coisas que não queremos ver. 

      Ficamos presos a uma visão monocular, acreditando que essa é a melhor forma de ver as coisas. Não conseguimos por vezes, expandir o nosso olhar e ver que existe um mundo imenso, que a nossa visão não consegue alcançar.

      Não somos capazes de percebermos que precisamos ver a vida de forma mais ampla, que não podemos ficar cegos frente a ela, deixando de agir e de viver, porque não queremos sair da nossa inércia.

       Agora, querer ou não sair da sua cegueira, é um direito e uma decisão de cada pessoa. Ninguém pode opinar.