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sábado, 3 de setembro de 2011

CEGUEIRA

        Outro dia relendo o “Ensaio sobre a Cegueira”, do José Saramago, fiquei pensando quantas vezes nos comportamos como pessoas cegas. Não vemos ou não queremos ver o que está tão claro em nossa frente. Porque enxergar poderá desmistificar crenças que trazemos conosco e não temos interesse de mudá-las.

       Essa cegueira a que me refiro, tanto pode ser para coisas boas, como para ruins. As boas, às vezes, não vemos porque achamos que não somos merecedores. Questionamos como algo de tão bom pode estar acontecendo em nossa vida. Achamos que não somos capazes de conquistar pessoas, de fazermos alguma coisa boa para alguém. Vemos-nos de forma distorcida, não conhecendo ou reconhecendo a nossa essência. Enxergamos os outros sempre como melhores e por isso merecem ser felizes e ter uma vida plena.

       Evitamos ver as coisas ruins, pois temos medo da representação que elas terão em nossa vida, tememos sofrer com o que podemos enxergar. Com isso, passamos uma vida agindo como se fossemos cegos, incapazes de ver as coisas mais simples que a vida nos oferece.

      Preferimos optar por enxergar a vida da forma que nos convém, porque desse jeito, ela é mais colorida. Podemos colori-la com as cores que queremos e gostamos. Se facilitar, somos capazes de transformá em um arco-íris. Optamos por ver somente o que nos interessa, de forma bem egocêntrica, porque assim não precisamos estender o nosso olhar para o outro.

     Aliás, nos dias de hoje conseguir olhar para o outro, vem se tornando algo muito difícil e até mesmo assustador. Prefere-se não enxergar, a ter que ver o rosto dos outros, porque esses não lhe dizem nada e ao mesmo tempo lhes dizem muito. O outro mostra-nos coisas que não queremos ver. 

      Ficamos presos a uma visão monocular, acreditando que essa é a melhor forma de ver as coisas. Não conseguimos por vezes, expandir o nosso olhar e ver que existe um mundo imenso, que a nossa visão não consegue alcançar.

      Não somos capazes de percebermos que precisamos ver a vida de forma mais ampla, que não podemos ficar cegos frente a ela, deixando de agir e de viver, porque não queremos sair da nossa inércia.

       Agora, querer ou não sair da sua cegueira, é um direito e uma decisão de cada pessoa. Ninguém pode opinar.







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