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domingo, 27 de março de 2011

A DIFICULDADE DE DIZER NÃO

         Vejo o quanto é difícil para algumas pessoas dizerem “não” e o quanto sofrem por isso. Fazem coisas que não estão com vontade ou que lhe desagradam, só para não dizerem “não”. Esquecem que toda vez que dizem “sim” para os outros, estão dizendo “não” para elas. Acreditam que não podem frustrá-los, mas elas podem se frustrarem.

         O “não” existe para ser dito, assim como o “sim”. Ninguém fica constrangido de dizer sim, mas o contrário, às vezes, é um grande problema. Isso faz parte de uma cultura, que ainda está muito presente no inconsciente coletivo. Onde temos que agradar os outros, aceitar as suas falas, suas interferências, não podendo contestá-los para que não fiquem com uma má impressão da gente. Ainda existem pessoas que acreditam que dizer sim é sinônimo de boa educação, como era percebido antigamente.

       Os pais não sabem dizer não para os filhos, procuram atender todas as suas necessidades. Compram tudo o que eles pedem, mesmo sem ter condições. Esta é a forma que encontram para compensar o tempo que ficam longe e que não dão atenção. Esquecem ou não sabem que a definição de pais presentes, não se dá pelo número de horas que fica com o filho, mas pela qualidade das horas que dedica a ele.

     Dizer não para um filho, não se trata apenas de dar limites, mas também de um ato de amor. Ouço mães com filhos de 21/25 anos, que sempre fizeram todas as suas vontades, nunca deram limites, foram totalmente permissivas, a ponto de fumarem maconha com o filho dentro de casa. Hoje estão desesperadas, porque criaram pessoas que não fazem nada, revoltadas e agressivas. Algumas chegam a ser vítimas desses filhos, sofrendo agressões físicas e verbais.

    A dificuldade de lidar com o “não” fazem as pessoas se tornarem refém de si mesmas. Ficam presas a pessoas, a situações que lhes agride, por não quererem desagradar o outro ou decepcioná-lo. Não conseguem verbalizar que não estão felizes com a forma que aquela pessoa lhe trata, que não gosta de tais situações, não se posicionam e muito menos tomam qualquer atitude. Isso ocorre na maioria das vezes, porque temem o julgamento que poderão fazer a seu respeito. Tornando-se pessoas permissivas, que aceitam tudo, para preservar a sua imagem e reforçar as situações que lhe desagradam. Não são capazes de pensar, de questionar o motivo que as leva a se comportarem dessa maneira.

       Aquilo que incomoda, que desagrada, que não concordamos, que não nos faz feliz, precisa ser dito. Muitas vezes as pessoas estão agindo com a melhor das intenções, achando que estão agradando, quando na realidade, estão sendo muito desagradáveis e por vezes até inconvenientes. Ninguém tem o poder de ler pensamentos, sendo assim, é preciso utilizar o “não” quando julgar necessários. O que não pode e não deve ser feito é ficar passivo, concordando com tudo e depois reclamando, sofrendo e chorando pelos cantos porque não está feliz.

      A dificuldade de dizer não leva muitas pessoas a desenvolverem doenças psicossomáticas. Acabam por agredir o seu corpo, para não agredir os outros.

      Será que ao dizermos “não”, estamos realmente agredindo o outro? Não será uma dificuldade nossa de lidar com o não, por isso, tememos dizê-lo? O que nos comprova que o outro não aceitará o nosso “não”? Dependendo da situação, se a pessoa não aceitar o “não”, o que isso interferirá em nossa vida?

     Deixo esses questionamentos, a fim de convidá-los a pensar porque dizer “não”, em alguns momentos, é tão difícil, e qual a representação, que isso pode ter em nossa vida.

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