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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Autonomia X Adolescente

Tem me chamado a atenção a autonomia que os pais estão dando aos seus filhos adolescentes, denotando o quão ficam confusos no seu papel de pais, quando os filhos chegam à adolescência.
Ao ver o funcionamento dos pais, fico a questionar se estes adolescentes que frequentam nossos consultórios tem maturidade suficiente para terem esta autonomia que os pais estão lhe dando. Penso que não, pois vejo que estes jovens, muitas vezes, buscam na figura do terapeuta, o limite, a orientação, a educação, a atenção que não estão recebendo em casa. Frente atitudes que precisam tomar, ao invés de consultar os pais, acabam ligando para o terapeuta para saberem como agir, mesmo sabendo que este não lhe dirá o que fazer, mas o escutará e lhe ajudará a pensar sobre a decisão a ser tomada.
Os pais não se dão conta que a adolescência é uma fase de amadurecimento. O adolescente está, ainda, em um processo de desenvolvimento da personalidade, em que precisa de orientação frente às experiências que começa a ter da sua própria vida e da vida em comum. Necessita aprender que a sociedade exige o cumprimento de regras, que os seus direitos terminam onde iniciam o do outro e, portanto, eles não podem tudo. Que a vida é feita de escolhas e por isto, a importância de analisá-las bem antes de decidir, pois é necessário ter claro que toda decisão tomada tem os seus bônus, mas também os seus ônus e que o único responsável por ela é quem a tomou.
É normal o adolescente querer ter autonomia em sua vida, mas cabe aos seus genitores mostrar-lhes que autonomia não se ganha e sim se conquista, cabendo ao jovem demostrar por meio de seus atos que é capaz de exercê-la com responsabilidade. Porém, tenho a sensação que isto está sendo esquecido, pois os pais deixam que os adolescentes tomem as suas próprias decisões em relação a suas vidas. Não avaliam a responsabilidade que estão passando para os seus filhos e muito menos se eles estão preparados para isto. Consequentemente, também, não pensam na representação que esta autonomia precoce poderá ter na vida psíquica de seus filhos.
A fase da adolescência ainda exige que os pais tenham a tutela dos filhos, entretanto, a sensação que por vezes tenho é que os pais estão loucos para “despacharem” seus filhos para o mundo, livrando-se da responsabilidade e do compromisso que tem com eles. É comum vermos pais autorizarem bebida alcoólica nas festas dos filhos e justificam dizendo que preferem que os filhos bebam em casa, sobre o seu olhar, do que na rua. Aceitam que os filhos (as) tragam as namoradas (os) para dormirem em sua casa, pois não correm o risco de serem assaltados em motéis. Será que ceder este espaço aos filhos é ser um bom pai? Será que isto é o que realmente o adolescente busca? Será esta a melhor maneira de educar os filhos? Não será isto um ato de negligência com o adolescente? Esta será a melhor forma de demonstrar amor pelo filho?
Muitas poderão ser as respostas, mas o objetivo aqui é convidá-los a pensar sobre o assunto, pois quem sofre com tudo isto é o adolescente que não tem maturidade suficiente, ainda, para saber conduzir sua vida. Eles precisam de orientação, de liberdade vigiada, de atenção, de carinho, de afeto e quando necessário, até um puxãozinho de orelha. Assim, teremos, com certeza, jovens mais saudáveis.

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