Total de visualizações de página

terça-feira, 12 de julho de 2011

O AUTO-ENGANO DO HUMANO

       Um dos pontos que tem me preocupado muito é a necessidade que as pessoas estão tendo de se auto-enganarem. Outro dia escrevi sobre a mentira e logo depois me foi indicado o livro “Auto-engano” escrito por Eduardo Gianetti. Estou me deleitando ao ler esta obra, pois vejo que não sou só eu que tenho essa preocupação e que percebo o quanto as pessoas se enganam, onde me incluo.

        Passamos uma vida inteira tentando ser aquilo que acreditamos que os outros gostariam que fossemos, dizendo o que pensamos que as pessoas querem ouvir, com o objetivo de agradá-las, esquecendo que estamos nos desagradando, na maioria das vezes.Por outro lado, em alguns momentos, resolvemos impor a nossa vontade, sem nos preocuparmos se estamos sendo invasivos, sem questionarmos se temos esse direito. 

       Quando alguém nos diz aquilo que não queremos ouvir, ficamos magoados, nos colocando muitas vezes na condição de vítima, pois não paramos para analisar o que levou a pessoa a tomar tal atitude. Vivemos o dia-a-dia de forma mecânica, onde o pensar não tem espaço. Até porque, pensar poderá nos levar a perceber coisas que preferimos fingir que não existem.

       Infelizmente, as pessoas, cada vez mais, têm medo de se conhecerem, preferem viver uma vida vazia, onde o supérfluo, o pseudo status, a aparência é que contam. Dessa forma, não percebem o vazio que existe dentro delas. Algumas pessoas até percebem, mas preferem negar.

      A negação, a projeção e a reação formativa são os três mecanismos de defesa mais usados atualmente. Os problemas sempre estão no externo, são os outros. Muitos até se tornam paranóides, pois acreditam que a causa de todo o seu sofrimento é o outro. No entanto, não se dão conta, que cada pessoa é responsável pelas coisas boas e ruins que lhe acontecem. Claro que é bem mais confortável responsabilizarmos os outros, pois assim, não precisamos assumir a responsabilidade. Não demonstrar o seu verdadeiro sentimento, não dizer o que realmente pensa, é percebido por muitos, como bons hábitos, com isso, preferem dizer que está tudo bem, quando na realidade o sentimento de raiva, de indignação, está borbulhando no seu interior.

        Isso ocorre, em função de as pessoas não pararem para pensar o que realmente querem para suas vidas, quem realmente são, qual o caminho que querem seguir, o que estão fazendo nesse mundo. Penso que tem pessoas que acreditam que estão aqui só de passeio, que não tem compromisso com nada, não se preocupam com suas vidas e muito menos com a dos outros. Que acreditam que os outros têm obrigação com eles, que devem ajudá-lo, servi-lo. Isso não só demonstra um egoísmo, como também, a falta de maturidade emocional.

      Penso que essa dificuldade das pessoas pensarem, está muito relacionada à falta de leitura, do conhecimento. Não se dão conta que viver uma vida automática, não pensada, febril, desorientada, não vale a pena ser vivida.

     Outro ponto que contribui para o não pensar foi a retirada da filosofia dos currículos escolares. A filosofia nos ensina a pensar. Penso que é importante clarificar, que quando digo que o ser humano atualmente não pensa, estou me referindo a um processo de introspecção. De poder pensar sobre o seu pensar, entendendo o que o motiva a ter alguns pensamentos ou agir de determinadas maneiras, principalmente, na necessidade que tem de se tornar um contador de estória para as pessoas que se relaciona.

     As pessoas não se dão conta que as mentiras que contamos para os outros elas geralmente são premeditadas, mas as que contamos para nós mesmos, não. Pois ninguém consegue escolher o disfarce, a mentira secreta com que se engana. Daí a importância de Sócrates, “conheça-te a ti mesmo”, o dia que conseguirmos nos conhecermos realmente, teremos pessoas mais felizes, saudáveis e consequentemente, relações mais verdadeiras e humanizadas.

Um comentário: