Total de visualizações de página

quinta-feira, 28 de julho de 2011

PENSAR DÓI

       É importante observar alguns movimentos de consultório, pois são interessantes, e às vezes, até mágicos. Tem dias que os pacientes parecem se combinar para desmarcar consultas, quando um desmarca, pode aguardar que mais dois ou três também desmarcarão. Em outros momentos, mesmo os pacientes não se conhecendo, tenho a sensação de que combinam de falar a mesma coisa. Por isso, é que digo que o consultório é mágico.

      Nas últimas semanas a fala dos pacientes é que “pensar dói e que não querem sentir dor”. Realmente, pensar sobre a sua vida, seus conteúdos internos não é algo muito fácil, mas nada que as pessoas não resistam. Tenho que concordar que viver um mundo de fantasias, de faz de conta é bem melhor e mais prazeroso. No entanto, quando por algumas razões precisamos sair do mundo fantasioso e nos defrontar com a realidade, a dor é muito maior.

     Nesse momento, é que surgem as nossas fragilidades, que nos damos conta que não nos conhecemos, que passamos boa parte de nossa vida repetindo situações que nos fazem sofrer, mas que não conseguimos interromper. Sofremos porque percebemos o quanto estávamos nos enganando e nos deixando enganar. Vemos os erros que cometemos e nos culpamos porque poderíamos ter feito diferente. E nesse contexto é que muitas vezes a crise existencial se instala.

    Com isso, buscam a terapia, na tentativa de encontrar respostas prontas para os seus anseios, mas se decepcionam quando percebem que isso não existe. O profissional irá escutá-lo e ajudá-lo a pensar sobre o problema que lhe aflige, a fim de que encontre a melhor solução. Nesse momento, muitos desistem, por não tolerarem a frustração. Quando isso acontece, percebe-se a criança daquele adulto, que não suporta ouvir “não” da mãe-terapeuta, pois não foi acostumado a ouvir de sua mãe.

    Pensar, analisar e questionar as nossas atitudes, nossos sentimentos, nossas percepções é algo fundamental, pois somente dessa forma conseguiremos nos conhecer e entender a forma que funcionamos. Pode ser sofrido num primeiro momento, mas depois vem a tranqüilidade, a segurança que nos permite tomar decisões mais acertadas.

Um comentário: