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quarta-feira, 6 de julho de 2011

A RAIZ DO SUPER ENDIVIDAMENTO

       Como coloquei no final do meu texto sobre a mentira, que esta é uma das causas do endividamento de muitas pessoas. Cada vez mais, a necessidade de adquirir coisas, de ostentar, de viver um padrão que não é o seu, passou a ser uma necessidade de muitas pessoas, fazendo com que contraiam dívidas, que acabam extrapolando o seu orçamento. Isso, porque todos sabem, que o ter é o que vale nos tempos modernos, afinal o ser passou a fazer parte de um passado bastante longínquo.

       Instalou-se em nossa cultura que as pessoas só são valorizadas e reconhecidas pelo que tem. Isso se dá em função da desvalorização do humano, pois o pensar, o questionar, o refletir, já é percebido como algo ultrapassado. Os valores éticos e morais, bons princípios muitos nem conhecem, porque a lei que impera na vida dessas pessoas, é a de “Gerson”, ou seja, “eu quer levar vantagem em tudo”. Por isso, se for necessário enganar, mentir para o outro a fim de se beneficiar, as pessoas fazem, sem terem a mínima preocupação com o prejuízo que irão causar no outro e para o outro.

      A necessidade de se auto-afirmar, de mostrar que tem condições, que é capaz, de tentar superar o seu sentimento de inferioridade, se dá para muitos através de um consumo exagerado. As pessoas fazem aquisições e vive um padrão de vida que não está de acordo com a sua realidade financeira, pois precisam provar para alguém, que tem condições. Muitas vezes, estabelecem competições com outras pessoas, precisando mostrar que também são capazes de ter o mesmo que a pessoa tem ou até mesmo mais. Para isso, gastam o que não tem, mas o seu sentimento de menos valia acaba por obrigá-la a agir dessa forma.

      Ao agir dessa maneira, a pessoa está se auto-enganando, por viver uma vida que não é a sua e o pior de tudo, é que pensa estar vendendo para os outros uma imagem positiva, de pessoa bem sucedida. Esquece que por maior que seja a sua habilidade em mentir, em algum momento a verdade irá aparecer e ela acabará ficando muito mal.

     Esse consumismo desenfreado que tomou conta de muitas pessoas da nossa sociedade, que hoje é muito bem explicado pelo neuromarketing, é responsável pelo estresse, pela depressão, a pela ansiedade que muitos vivem. Isso sem falar que essas pessoas acabam por se tornarem devedores ativos, ou seja, antes de quitarem suas dívidas, já estão contraindo novas.

     As pessoas não conseguem parar e pensar o que está por trás desse comportamento e funcionamento, muitas vezes maníaco, que as fazem consumir desenfreadamente. Não conseguem se questionar, o que as leva ter a necessidade de mostrar para os outros, aquilo que não são. Não pensam porque precisam se esconder atrás de um personagem que criaram e que acreditam que este será aceito pela sociedade.

     Enquanto a nossa sociedade continuar vivendo esse faz de conta, onde as pessoas são valorizadas pelo que tem, mas não pelo que são, precisando criar personagens para projetarem os seus ideais de ego, negando o seu verdadeiro self, teremos pessoas cada vez mais adoecidas psiquicamente. Esse adoecimento se dá em função delas  não se conhecerem, de não se questionarem, de não pensarem sobre os seus atos, por viverem uma vida em círculo. No momento que conseguirem parar de viver em círculo e começarem a viver em espiral, conseguirão compreender que a vida é muito maior do que eles acreditam ser. Talvez aí, não precisem mais ficar presos a mentiras, mas consigam assumir o que realmente são, libertando-se dos falsos selfs que criaram.

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