Ao conversar com pessoas de
diferentes segmentos e de diferentes faixas etária e social, tenho observado o
quanto criticam as programações apresentadas nos meios de comunicação, a
exposição que as pessoas fazem de suas vidas nas redes sociais, da forma
egoísta como as pessoas se relacionam, das conversas vazias que se estabelecem
em variados locais. Percebe-se o
descontentamento que isso vem provocando, no entanto, não consigo vislumbrar em
suas falas, nenhum movimento para modificar essa situação.
Vivemos
no mundo da tecnologia, da neurociência, que hoje explica todo o funcionamento
do humano, da nanotecnologia, do ter, do status. As relações não se estabelecem
mais por afinidades, mas pela imagem do “dar-a-ver”. A aparência é o que conta,
por isso, as pessoas, cada vez mais, valorizam a estética e esquecem-se da
ética.
A
base dos relacionamentos tem sido o interesse. As pessoas se relacionam com as
demais, visando obter algo. O ego inflado, o sentimento de onipotência, o
narcisismo exagerado, a empáfia, a intolerância, o preconceito, contribuem para
que as relações interpessoais sejam superficiais, onde o outro não tem valor
nenhum.
A
felicidade está em ter um corpo super malhado ou lipoaspirado, um rosto jovial,
mesmo que para isso, precisem esgotar todos os recursos que os cirurgiões
plásticos têm. Dessa forma acreditam estar isentos da velhice e da finitude.
Consumir
é o verbo da moda, não importa se a sua situação financeira permite ou não. O
que interessa é o que as pessoas pensarão ao seu respeito, por meio da sua
aparência. O que é valorizado não é o seu eu, mas aquilo que você mostra ser.
Infelizmente
estamos vivendo numa época de pessoas vazias, tornando-se difícil, por vezes, estabelecer
um diálogo, porque os assuntos não evoluem, faltam-lhes argumentos para dar
sustentabilidade ao mesmo. Na realidade, essas pessoas não estão interessadas
em falar de assuntos mais aprofundados, pois julgam não lhes levar a lugar
nenhum. E aí fico a questionar; da forma como estão vivendo, em que lugar pretende
chegar?
Ao
refletir sobre esse comportamento que vem se observando na sociedade, lembro-me
de uma das colocações de Paulo Freire ao falar da sociedade moderna: “o sujeito
se torna um expectador passivo de um mundo de aparências que se impõe como
evidência de sua superficialidade social”. E até quando precisaremos assumir
esse papel de expectador? Será que iremos esperar a total degradação do humano,
para tomarmos uma atitude?
O
mudar, o fazer diferente, depende de cada um. Aquele que realmente deseja assumir o papel de
protagonista de sua vida, não precisa esperar pelos outros, até porque,
trata-se de uma mudança interna. Para que isso aconteça, é fundamental que a
pessoa olhe para o seu interior, a fim de ver quem realmente é.
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