Total de visualizações de página

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

CRISE DE ONIPOTÊNCIA

                Hoje enquanto almoçava, em um restaurante, me deparei com uma cena que me chamou atenção e que até merece ser comentada. Cena essa, que denominei de  “crise de onipotência”.

                Quando entrei no restaurante, percebi que tinha um senhor, com mais de 50 anos, conversando com a caixa. Logo saiu e não demorou muito retornou. Parou na porta e chamou a funcionária que havia lhe atendido, dizendo que ele não só tinha conseguido as moedas de R$ 1,00 para pagar o paquímetro, como tinha conhecido outro restaurante. Complementou dizendo, que iria mandar um email para o seu chefe. A moça que havia lhe atendido olhava para ele com uma expressão de quem não estava acreditando no que ouvia.
                Quando ele saiu, suas colegas perguntaram o que havia acontecido e ela explicou que ele tinha pedido para trocar R$ 20,00, sendo que teria que ser R$ 5,00 em moedas, porque precisava pagar o paquímetro. Como ela disse que não tinha troco, chegando a lhe mostrar o caixa, ele ficou furioso.
                Enquanto almoçava, analisava o caso. Esse senhor tinha um problema, ou seja, pagar o paquímetro, como não tinha moedas, tentou consegui-las, mas tendo sua tentativa frustrada, ficou muito incomodado, dando vazão a um comportamento primitivo de ataque. Na realidade, ele estava transferindo um problema que era dele, para a caixa do restaurante, que provavelmente não tem carro e paquímetro não lhe é problema, como não é para mim.
                Não conseguindo suportar os sentimentos aflorados, resolveu voltar ao restaurante para jogar sua raiva na pessoa que lhe atendeu, dando a entender que ela não tinha lhe atendido bem, por não ter competência.  Afinal, ela não conseguiu perceber que deus estava ali, e, que provavelmente, deveria ter abandonado o caixa, saindo a procura de troco para ele.  Não bastando, ainda tentou inibi-la, dizendo que iria mandar um email para o seu chefe.
                Sua onipotência era tanta, que não conseguiu perceber que estava se expondo. Sua atitude demonstrou a sua total falta de crítica, o seu descontrole, a sua dificuldade de lidar com um problema, pois quem tem carro é que deve ter as moedas para pagar o paquímetro, a sua falta de habilidade para lidar com a frustração, a sua incoerência, o seu ego inflado, o seu egoísmo, a sua arrogância, a sua falta de humildade, a sua intolerância  e por aí vai.
                Esse tipo de atitude demonstra o adoecimento do ser humano. Hoje se percebe que algumas pessoas têm uma visão totalmente distorcida ao seu respeito, acreditando que os outros estão no mundo para servi-las, que tudo tem que girar em torno delas e quando isso não acontece se julgam no direito de humilhar, quem não atendeu sua expectativa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário