Hoje
enquanto almoçava, em um restaurante, me deparei com uma cena que me chamou
atenção e que até merece ser comentada. Cena essa, que denominei de “crise de onipotência”.
Quando
entrei no restaurante, percebi que tinha um senhor, com mais de 50 anos,
conversando com a caixa. Logo saiu e não demorou muito retornou. Parou na porta
e chamou a funcionária que havia lhe atendido, dizendo que ele não só tinha
conseguido as moedas de R$ 1,00 para pagar o paquímetro, como tinha conhecido outro
restaurante. Complementou dizendo, que iria mandar um email para o seu chefe. A moça que havia lhe atendido olhava para ele com uma expressão de
quem não estava acreditando no que ouvia.
Quando
ele saiu, suas colegas perguntaram o que havia acontecido e ela explicou que
ele tinha pedido para trocar R$ 20,00, sendo que teria que ser R$ 5,00 em
moedas, porque precisava pagar o paquímetro. Como ela disse que não tinha
troco, chegando a lhe mostrar o caixa, ele ficou furioso.
Enquanto
almoçava, analisava o caso. Esse senhor tinha um problema, ou seja, pagar o paquímetro,
como não tinha moedas, tentou consegui-las, mas tendo sua tentativa frustrada,
ficou muito incomodado, dando vazão a um comportamento primitivo de ataque. Na
realidade, ele estava transferindo um problema que era dele, para a caixa do
restaurante, que provavelmente não tem carro e paquímetro não lhe é problema,
como não é para mim.
Não
conseguindo suportar os sentimentos aflorados, resolveu voltar ao restaurante
para jogar sua raiva na pessoa que lhe atendeu, dando a entender que ela não
tinha lhe atendido bem, por não ter competência. Afinal, ela não conseguiu perceber que deus
estava ali, e, que provavelmente, deveria ter abandonado o caixa, saindo a procura
de troco para ele. Não bastando, ainda
tentou inibi-la, dizendo que iria mandar um email para o seu chefe.
Sua
onipotência era tanta, que não conseguiu perceber que estava se expondo. Sua atitude
demonstrou a sua total falta de crítica, o seu descontrole, a sua dificuldade
de lidar com um problema, pois quem tem carro é que deve ter as moedas para
pagar o paquímetro, a sua falta de habilidade para lidar com a frustração, a
sua incoerência, o seu ego inflado, o seu egoísmo, a sua arrogância, a sua
falta de humildade, a sua intolerância e
por aí vai.
Esse
tipo de atitude demonstra o adoecimento do ser humano. Hoje se percebe que algumas
pessoas têm uma visão totalmente distorcida ao seu respeito, acreditando que os
outros estão no mundo para servi-las, que tudo tem que girar em torno delas e
quando isso não acontece se julgam no direito de humilhar, quem não atendeu sua
expectativa.
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