Por vezes fico com a
sensação de que o mundo moderno consagrou o indivíduo como o esteio básico da
sociedade, fazendo com que o humano se torne cada vez mais individualista,
egocêntrico e por vezes, até narcísico.
Muitos são os incentivos dados para que o indivíduo viva
em torno da sua pessoa, tomando a si como referência, esquecendo que faz parte
de uma sociedade e que precisa interagir com os demais.
Percebe-se que o humano tem fugido do convívio com os
outros, isolando-se, preferindo enamorar-se de si mesmo, sem perceber que isso
faz parte de um narcisismo patológico. Acredita que se basta, que se satisfaz e
que pode ignorar a existência do outro.
Talvez a necessidade de cultivar o eu seja uma defesa que
as pessoas estão desenvolvendo para esconder os sentimentos de menos valia, de
desvalorização que tem para consigo, a dificuldade de reconhecer o seu
potencial, o medo de não ser aceito, de não ser reconhecido e valorizado, entre
tantas outras coisas que poderia elencar aqui.
O sistema econômico, social, político e cultural tem
incentivando as pessoas viverem, muitas vezes, uma vida que não é a sua,
levando-os a criarem simulacros e isto pode ser um dos vários fatores que
contribui para que o humano fique girando em torno de si, percebendo-se como
autorreferência, falando apenas de si e negando todo o entorno que existe em
sua volta.
A esperança é que a vida coletiva seja novamente
estimulada, que as pessoas possam trocar entre si, que o eu possa ser deixado
um pouco de lado e que passemos a viver o nós, para que tenhamos uma sociedade não
tão amargurada, mas saudável, generosa, gerando gratificação e satisfação entre
os homens.
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