Temos a tendência de acharmos que o problema sempre está
no outro, pela dificuldade que existe de lidarmos com as diferenças. Estas nos
assustam, nos deixam temerosos, levando-nos a esquecermos de que é por meio do
olhar do outro que nos formamos como humanos.
Algumas pessoas tem mais dificuldade de aceitar e lidar
com as diferenças, por se sentirem donos da verdade e outros aprendem que a
verdade nunca é única e administram melhor às diferenças, isso irá depender da
grandeza do ego de cada um. Egos mais grandiosos terão maior dificuldade de
aceitar as diferenças.
Sartre afirmava que o outro sempre nos incomodará, em
algum nível, a tendência disso se tornará pior quando não conhecemos a pessoa.
Quantas são as vezes que nos irritamos na fila do caixa eletrônico, porque quem
está usando demora em fazer as operações, também no trânsito e por aí vai. Ficamos
incomodados com as pessoas espaçosas, que chegam e vão ignorando a nossa
presença e fazendo as coisas que julgam necessárias, como se ninguém estivesse
ali; com aqueles que já deixaram de lado os hábitos básicos da boa educação, ou
seja, pedir licença, agradecer, cumprimentar, pedir desculpas, porque em casa
isso é considerado como algo desnecessário, entretanto, é em casa, na família
que aprendemos esses princípios. Boa educação é fundamental em qualquer
relação, mesmo que sejam com as pessoas mais próximas, aquelas com quem
dividimos nossa atenção, tempo e carinho.
Precisamos, na realidade, é aprender a conviver, pois não
temos como evitar, já que somos seres sociáveis. Claro que sabemos que nessa
caminhada, de viver com, vamos encontrar pessoas que não gostaríamos de encontrar,
que são diferentes de nós, que tentam impor a sua ideia, mas que não teremos
como evitá-las.
Temos é que ter a clareza que o outro sempre será aquele
que nos desacomoda, que é diferente de nós, seja pela raça, cor, nível cultural
ou social, pelo sexo, pela aparência, por suas limitações e tantas outras
diferenças que acabam fazendo com que nos questionemos. Isto nos assusta, por
ser algo desconhecido para nós, despertando-nos o desejo de ficarmos afastados.
É importante lembrarmos, que aquilo que nos incomoda no outro,
pode ser exatamente o que não gostamos em nós, o nosso lado sombra que tanto
queremos esconder. Por isso, devemos questionar e pensar porque nos sentimos
desconfortáveis frente ao outro, ao invés de nos afastarmos. Talvez, se compreendermos as diferenças entre
nós e o outro, como uma oportunidade de crescimento, de rever os nossos valores
e princípios, não tenhamos tantos conflitos pessoais e interpessoais.
A convivência sempre foi para mim uma experiência espinhosa... Puxa vida.
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