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terça-feira, 28 de junho de 2011

MENTIR

      Mentir faz parte da vida de muitas pessoas, fazendo com que nem mesmo percebam quando estão mentindo, por já ser algo ego sintônico, ou seja, algo que está muito inserido no seu eu.

     No dicionário a palavra mentir tem como significado: faltar à verdade, dizer falsidade, iludir, tapear, contar lorota. O mentiroso é aquele que mente. O que tem me chamado atenção é que nos últimos tempos, as pessoas vivem uma eterna mentira. Existem aqueles que dizem que às vezes a mentira é necessária, o que não concordo, pois se a pessoa não puder falar a verdade, é preferível que silencie.

    O mentiroso acredita que está enganando o outro, mas na realidade está enganando a si mesmo. Em toda sua fala, sempre iremos encontrar algo que não é verdadeiro. No setting terapêutico, isso aparece com muita freqüência. Por vezes, escutam-se aquelas pessoas que ficam extremamente incomodadas com as mentiras que as pessoas descaradamente, imotivadamente ou compulsivamente, contam. Referem que ninguém merece “tais mentiras”. O paciente muitas vezes acredita que está enganando o terapeuta, esquecendo que este estuda o comportamento humano e que tem habilidade para ver quando a pessoa está falando a verdade ou não.

      No entanto, não podemos analisar isoladamente a pessoa que mente, precisamos ver o contexto em que esta pessoa está inserida, os sentimentos, os pensamentos e os propósitos que acompanham suas atitudes.

     Estudos apontam que todos mentem de uma forma ou outra e daí a dificuldade de diferenciar qual é a mentira patológica e qual é a mentira fisiológica, por assim dizer. A mentira não se refere apenas a uma invenção, a uma ficção, o que irá defini-la é a intencionalidade, pois esta é que estabelece o dolo ou o dano. Como dizia Santo Agostinho: “... não há mentira, apesar do que se diz, sem intenção, desejo ou vontade de enganar”. Portanto, vemos que a intenção é que define o que foi dito.

    A mentira é um hábito que tem o seu início muitas vezes na infância, quando os pais mandam os filhos dizerem que eles não estão, quando contam uma estória na escola para justificar a falta do filho, principalmente num dia de prova, chegando a conseguir um atestado médico. Com isso, a criança aprende que a mentira é uma forma mágica para lidar com as situações, falseando a realidade, fazendo com que a vida fique mais colorida.

     É difícil traçar o estereótipo do mentiroso, pois cada caso é um caso. Geralmente as pessoas se enquadram na mentira fisiológica, muito identificada nos elogios. Eis alguns exemplos de mentira fisiológica: “estás à mesma coisa, parece que os anos não passaram para ti”, “estava pronta para sair, quando chegou àquela minha tia que mora no exterior”, “tinha que te pagar hoje, mas tive um imprevisto, arrebentou o cano do banheiro e acabei gastando a mais, assim que puder acerto contigo”, etc. As pessoas que costumam utilizar desse tipo de mentira têm a tendência de banalizar ou considerá-la como inocente, positiva, por não acharem que está prejudicando o outro. Na realidade eles não perceberem que estão atestando a sua insegurança, a sua baixa auto-estima, a sua maneira de funcionar, os seus medos, enfim, mostrando os seus traços de personalidade.

    Já a mentira patológica demonstra um transtorno de personalidade ou uma neurose histriônica. As mentiras com sintomas patológicos podem ser identificadas na Síndrome de Münchhausen, num quadro de depressão grave, numa personalidade anti-social ou num transtorno de controle de impulsos.

    Hoje a mentira que faz parte da vida de muitas pessoas, pode ser responsável pelo endividamento em que se encontram, mas isso será o meu próximo texto.









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