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terça-feira, 2 de abril de 2013

NÃO SE PERMITIR

     
           Nos últimos seis meses de consultório, têm me chamado a atenção o quanto as pessoas sofrem por não se permitirem viver o que gostariam de viver e ser como desejariam ser, pois criam amarras que as impede de viverem plenamente suas vidas.

          O interessante é que não percebem o que fazem consigo e projetam para o externo a responsabilidade de não se sentirem felizes. Alguns chegam a atribuir o seu sofrimento as forças ocultas, pois é bem mais fácil do que assumir a responsabilidade sobre a sua maneira de funcionar.

Essa maneira de funcionar leva-nos a pensar o quanto essas pessoas devem ter sido reprimidas, retaliadas na sua infância, a ponto de hoje, na vida adulta, ainda precisarem reter suas emoções, seus afetos e desejos, com medo de sofrem alguma represália. São pessoas que talvez na infância, escutavam de seus genitores que não podiam fazer tal coisa, que ao receberem um elogio deveriam dizer que era bondade da pessoa que o fez, mas nunca acreditar, para não se envaidecerem. Que não poderiam andar com o “fulano” ou “sicrano” porque eles tinham uma condição de vida melhor. Tempos atrás eram bastante comuns os pais, sem perceberem, exporem os seus filhos a situações constrangedoras, como por exemplo, obrigando-os a vestirem determinada roupa para ir à escola ou outra atividade, mesmo que isso fosse fazer o seu filho ser motivo de chacota junto aos colegas e amigos. Como os filhos não tinham a opção de dizer não quero, pois o que os pais falavam era encarado como uma ordem, iam e sofriam calados, o bullying do qual eram vítimas.

            Dessa forma, foram aprendendo que não podiam expressar o que sentiam e o que pensavam, a fim de não serem criticados, até porque criança não tinha vez, a tratavam, muitas vezes, como um ser imune de sentimentos e vontades. Hoje na vida adulta, ainda carregam, de forma muito viva, essa fala de seus genitores e por isso, não se permitem poder viver de forma mais leve, dizendo as pessoas o que sente, o que pensam, trocando afetos e fazendo aquilo que tem vontade.

Mesmo que a criança que tem dentro de si clame por isso, a castram, porque não se autorizam a se desvencilhar das falas de seus pais. Algumas pessoas chegam a verbalizar que se sentem traindo-os, pois afinal, fizeram tudo para educá-las da melhor forma possível. Encontram dificuldade de compreender que os pais realmente fizeram o que julgaram o melhor para elas, que na época deles era assim que as coisas funcionavam, ou seja, criança não podia expressar o que pensava e sentia, no entanto, o tempo passou e as coisas mudaram. Parecem não perceber que não são mais aquelas crianças, que cresceram e que podem sim expressar aquilo que pensam e sentem sem nenhum medo de censura. Que não precisam ficar na defensiva, assumindo a posição de ataque, quando alguém os elogia ou admiro algo que fez, pois isso é o normal da vida.

Poder dizer aos nossos amigos, familiares o quanto eles são importantes para nós, o quanto o amamos, o quanto os queremos bem e poder vibrar com a conquista de cada um deles é algo fantástico. Parece ser algo muito difícil, mas posso garantir-lhes que não, basta se permitir viver as situações, se desarmar e aceitar os elogios, as críticas, as demonstrações de afeto e de carinho que eles têm a nos dar, sem ficar preso aos pré-julgamentos.

A partir do momento que você se permitir a viver mais livre, sem as amarras que criou para si, provavelmente se libertará do sofrimento que o acompanha. Agora, se não consegue se permitir isso, busque ajuda para entender o motivo pelo qual precisa sofrer.

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