A MALDADE E A FRIEZA QUE NOS ASSUSTA

   Por vezes não queremos crer que existam pessoas tão más e frias em nosso meio, tentamos encontrar explicações, só que na maioria das vezes, essas não justificam seus atos e acabamos sem entender nada e com medo do que vemos.

   Ficamos perplexos com a forma maquiavélica de pensar dessas pessoas, não acreditamos que possam agir com tanta racionalidade, como se não tivessem um pouco de sentimento. Negamos que são pessoas que mostram ter uma desconexão com os circuitos cerebrais relacionados à emoção, porque preferimos acreditar que se trata de uma fase não muito boa que a pessoa está passando ou que foi muito “mimado” pelos seus genitores e por isso tem esse jeito egoísta de funcionar.

   Por desconhecimento, não percebemos que podemos estar frente a uma pessoa com um transtorno grave de personalidade. Que a falta de emoção e o pensar muito, não se faz presente apenas nas pessoas racionais, mas é uma das características do psicopata. Acreditamos que psicopata são apenas aqueles que estão nos presídios, que cometem crimes horrorosos, entretanto, eles circulam no nosso meio, sem que nos demos conta.

    São pessoas extremamente racionais, frias, que gostam de levar vantagens, mentem de forma contumaz, gostam de se engrandecer, vivem numa falsidade ideológica. São solícitos e educados em um primeiro momento, agem pela razão, não se preocupam com os outros, contam histórias comoventes, despertando no outro o desejo de ajudá-lo. Eles não têm nenhuma preocupação social, desconsideram totalmente os sentimentos dos outros, valores éticos e morais não fazem parte de sua vida. Possuem a capacidade de perceber a fragilidade das pessoas, aproveitando para se aproximar delas e se beneficiar, muitas vezes, chegam a se mostrar totalmente envolvidos emocionalmente, apaixonados, mostrando-se o parceiro ideal. É só ser contrariado ou contestado para se tornar violento, não ficando apenas nas agressões verbais, mas física também, sempre fazendo com que o outro se sinta responsável por levá-lo a esse ponto de descontrole.

  É comum recebermos pacientes no consultório que se sentem totalmente responsáveis pelo fracasso da sua relação, com um sofrimento psíquico intenso, por não conseguirem perceber que estavam se relacionando com um psicopata.

  Temos que ter clareza que o psicopata pode estar muito próximo de nós, na nossa casa, no nosso trabalho, nas nossas amizades.  Por isso, precisamos estar atentos aos sinais que as pessoas nos dão, para não nos tonarmos presas fáceis desses indivíduos, que infelizmente são intratáveis no ponto de vista da ressocialização.