Tem horas que fico com a sensação que estamos vivendo numa época em que
as pessoas estão entorpecidas pelo seu próprio eu e o pior, é que parecem estarem
gostando de viver assim.
São pessoas em que o egocentrismo, a manipulação, a destruição social
estão muito presentes em suas vidas, têm necessidade de serem admiradas,
prestigiadas, valorizadas e reconhecidas no meio que circulam. Preocupam-se em
passar a ideia de que são possuidores de tudo, porém, em contrapartida,
convivem com a sensação de afastamento do seu eu, abrindo espaço para o
simulacro que criaram de si entre em ação. As relações interpessoais que
estabelecem são superficiais, pois acreditam que desta forma, não será percebido
o vazio e a falta de sentido que existe em suas vidas.
Preocupam-se em se manterem como centro do universo, acreditando que
todos os seus desejos devem ser satisfeitos. Valorizam a estética, cultuando o
corpo, as formas, a postura e se possível cultivando a eterna juventude.
Tornam-se pobres enquanto seres, pois seus valores giram em torno da aparência,
do status, do impressionismo.
Podem viver assim por um período de sua vida, mas chega uma hora que se
defrontam com a sua realidade e aí o sofrimento toma conta. Por ver que nada construíram
enquanto ser, que as suas relações não são sustentáveis, que aquilo que
ostentavam tinha um prazo de validade e que esse venceu. Aí, se fixam em um
passado que só lhes gera melancolia e evitam pensar no futuro, porque este provoca
ansiedade e angústia, já que o amanhã é incerto e imprevisível.
O melhor ainda é viver o seu verdadeiro self, aceitando-se como realmente é, lidando com as dificuldades e
limitações que todos nós, humanos, temos. Encarando as dificuldades como
desafios e procurando vencê-los. Vivendo cada dia com intensidade, dentro da
sua realidade, sem envergonhar-se dela. Talvez dessa forma, as pessoas consigam
libertar-se desse entorpecimento em que vivem, chegando a alguns casos, se
tornar patológico.
Excelente! Essa reflexão nos leva a concluir, além de tudo: pessoas que se tratam como objetos, tendem a julgar as outras por esse mesmo parâmetro. É por aí que vários níveis de relações humanas (como a amizade e a cooperação) começam a se arruinar.
ResponderExcluirSe continuar com essa ditadura da "coisificação", os tempos de "estabilidade" em 632 anos 'Depois de Ford', descritos no profético 'Admirável Mundo Novo' (Aldous Huxley) , ficarão mais próximas da nossa Era.