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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CARÁTER HUMANO


             Aqueles que me acompanham, já devem ter percebido que falo muito na necessidade que a pessoa tem de entrar em contato com o seu verdadeiro eu. Isso se dá em função da prática de consultório, aonde observo, cada vez mais, a dificuldade que as pessoas tem de saberem quem realmente são. Chama a atenção as histórias que criam e contam para elas mesmas, como se verdade fosse, acreditando que o terapeuta não se dá conta disso. Quando questionados, se atrapalham, porque não tem elementos que lhes dê sustentabilidade para dar credibilidade ao que contam. O pior é que a maioria acredita que o psicoterapeuta não se dá conta, porque esse, só irá questionar no momento oportuno.

              Claro que para o terapeuta, isso é visto como um sintoma e uma peça importante para desenvolver seu trabalho, por isso ele não confronta as informações trazidas inicialmente, a não ser ser que seja algo muito gritante. Percebe-se que muitos sofrem por viverem uma vida de idealizações, outros não ligam para isso e que bom, porque se vissem a sua vida como realmente ela é, poderiam romper com a realidade, passando para o mundo da psicose.

              A mentira passou a ser a verdade de muitos e quando isso acontece é complicado, pois se trata de uma questão de caráter.  Isso me faz lembrar o que José Ortega e Gasset diziam sobre o "Caráter Humano" e que transcrevo abaixo.

             "Examine as pessoas a sua volta e irá(...) ouvi-las falar em termos precisos sobre elas mesmas e seu meio, o que parecerá indicar que elas têm ideias  sobre o assunto.Mas comece a analisar essas ideias e irá descobrir que praticamente não refletem, de forma alguma, a realidade a que se parece referir, e se você aprofundar mais a sua análise, irá descobrir que não há nem mesmo uma tentativa de ajustar as ideias a essas realidade.

           Muito pelo contrário: através dessas teorias, o indivíduo está tentando cortar qualquer visão pessoal da realidade, da sua própria vida. Porque a vida é, no princípio, um caos no qual a pessoa se acha perdida.

           O Indivíduo suspeita que seja assim, mas tem medo de se ver face a face com essa terrível realidade, e tenta cobrir com uma cortina de fantasia, onde tudo está claro. Não o preocupa o fato de suas "ideias" não serem verdadeiras; ele as usa como trincheiras para a defesa de sua existência como espantalhos para espantar a realidade."

           Depois dessas sabias colocações, penso que não preciso escrever mais nada.

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