Adotar uma criança é um gesto
muito nobre, um ato de amor e de solidariedade, afinal está acolhendo um ser
que foi abandonado numa fase de sua vida, em que não tem condições de se
defender dos atos inconseqüentes dos adultos.
Hoje
são bastante comuns, casais que se separam e reconstrói sua vida conjugal,
terem que conviver com os filhos do cônjuge, não deixando de ser uma forma de
adoção. Aceitam e tratam com todo o carinho, até o momento em que resolvem ter
um filho. Quando a criança nasce, a atenção se volta toda para ela, esquecendo
que existem outras crianças na casa. Justificam o fato por o bebê necessitar de
mais atenção e cobram, muitas vezes até exigindo, que a criança abra mão de seu
espaço, para dar atenção ao bebê.
Os
pais não percebem a mudança e a diferença que começam a fazer entre os filhos,
ficando essa evidenciada para as outras pessoas. Chamam atenção, discriminam,
por vezes até batem, desvalorizam e ridicularizam a criança, passando a nítida
sensação de que estão loucos para se livrarem.
Não
é incomum, nos casos de adoções, os adotantes verbalizarem o seu arrependimento
e em situações mais extremas, chegarem a devolver a criança para a Instituição
em que se encontrava. Não se preocupando com a representação que isso terá na
vida psíquica da criança.
Os
prejuízos psíquicos também se dão, por meio do comportamento diferenciado que
os pais desenvolvem com os filhos adotados, não lhes dando atenção,
fazendo-lhes críticas na frente dos outros, expondo a criança, não valorizando
suas atitudes. Alguns fazem questão de apontar os pontos fracos da criança
adotada, de falar de suas dificuldades na frente dos outros, enquanto aproveita
para enaltecer as virtudes do filho(a) biológico.
Quando
isso ocorre, todos aqueles méritos que os pais adotantes adquiriram por ocasião
da adoção, vão por água abaixo, porque demonstram o seu egoísmo e a sua falta
de humanidade. A criança adotada, que muitas vezes, é adotada porque a mulher
não consegue engravidar, mesmo fazendo fertilização, não tem culpa de eles
terem conseguido ter um filho biológico e por isso não pode ser deixado de
lado.
A
criança adotada não pode ser tratada como um brinquedo ou algo transitório,
enquanto o casal não consegue ter um filho. Ela é um ser, que na maioria das
vezes, foi rejeitada no ventre materno, outras vezes, é vitima de violência
doméstica e ou sexual e por isso levada para uma casa de passagem ou já passou
pelo trauma da separação dos pais.
Por
isso, antes de adotar ou de ir viver com alguém que já tem filho, é necessário
avaliar se está preparado para aceitar e lidar com essa criança. Se não irá
fazer dela a sua lata de lixo, onde depositará todas as suas frustrações,
raivas, ressentimentos e mágoas, quando tiver um filho biológico. Por isso, é
importante antes de tomar essa decisão, pensar se está preparado para ser pai
ou mãe de uma criança que não é sua. Às vezes pensa-se que sim, até o momento
em que nasce o filho biológico. A partir de então, o filho adotado passa a ser uma
peça descartável e desvalorizada em sua vida, que deverá crescer e tomar seu
rumo o mais rápido possível.
Adotar
só é um ato de amor quando existe claramente a consciência do que está fazendo,
da responsabilidade que está assumindo e principalmente quando recebe a criança
como se seu filho fosse, sem fazer nenhum tipo de discriminação. Independente
de ter ou não filhos biológicos.
Adorei este post. Mega esclarecedor. Espero que todos os pais e mães que vivencia este fato, encontrem aqui o lenitivo para suas muitas dúvidas. Valeu!
ResponderExcluirTambém espero que esse texto ajude os pais que vivenciam essa situação, possam refletir sobre a maneira que estão lidando com os filhos adotados.
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