Como dizia o saudoso
Saramargo, “pensar dói”, porque o pensar acaba por nos fazer enxergar coisas
que não queremos, que procuramos negar ou tentamos mudar o formato, procurando
dar um colorido, mesmo sabendo que este não existe.
Muitas vezes, o pensar nos leva a desenvolver um
questionamento socrático, buscando os inúmeros “por quês” existentes em nossas
vidas, mesmo sabendo que nem sempre encontraremos as respostas que queremos. Quando
se entra em um processo de análise, pensar passa a ser a ferramenta fundamental
de nossa vida, chegando muitas vezes a nos deixar extenuados.
Não obstante, o processo de pensar não pode ficar
limitado apenas a questão relacionada aos questionamentos pessoais, por ser
um processo muito amplo. Precisamos pensar sobre vários aspectos da vida e do mundo,
procurando entender o que motiva as questões políticas, econômicas, sócias,
científicas, artísticas, religiosas, entre tantas outras, que fazem parte do
nosso cotidiano.
Evitamos pensar sobre as coisas que nos rodeiam ou que nos
geram desconforto, pois essas podem nos tirar, por vezes, da inércia ou do
mundo fantasioso que escolhemos para viver. Acreditamos que assim, estaremos
vivendo melhor. Negar a realidade pode, em um primeiro momento, parecer ser
melhor, entretanto, sabemos que isso só desencadeia mais sofrimento, pois não
temos como negá-la por toda vida. Chega uma hora em que somos obrigados a nos
defrontarmos com ela e se nada sabemos ou pensamos a seu respeito, como
encará-la?
Concordo com Saramargo, pensar dói, porque isso
proporciona a oportunidade de escutarmos a voz de nossa alma, que por vezes,
nos diz coisas que preferiríamos não ouvir, a fim de não termos que tomar
decisões que nos levarão a terminar com o nosso faz de conta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário