Todos os meses as pesquisas vem apontando o crescente número
de pessoas endividadas. No mês de maio o índice de inadimplência nos
empréstimos de pessoa física atingiu 6%, já o número de famílias endividadas em
maio era de 55,9% aumentando em junho para 57,3%, sendo que 12,4% se consideram
muito endividadas. Isso já era esperado com o anuncio da redução dos juros e a isenção
do IPI para carros zeros.
A tendência
desses percentuais de endividamentos ainda deve aumentar mais, pois muitas
pessoas não se conscientizaram que não existe mágica quando o assunto é
dinheiro. Elas são movidas pelo princípio do prazer, querendo obter a
satisfação imediata, não esperando para ver qual o momento melhor para comprar.
Normalmente são pessoas que não sabem lidar com a frustração, acreditando de
forma até pueril, que os seus desejos precisam ser atendidos, por se perceberem
merecedoras daquele prazer.
O que não
percebem é que atrás desse comportamento existem questões afetivas. Na
tentativa de preencherem uma falta interna, de um self vazio, de quitarem seus endividamentos afetivos, acabam inconscientemente
desenvolvendo um processo autodestrutivo. A partir do momento que uma pessoa
começa a precisar fazer empréstimo para quitar outro empréstimo, a não
conseguir mais viver sem usar o cheque especial, não conseguir pagar o valor
total da fatura do cartão de crédito, a jogar com as contas, passa a viver um
estresse, a sentir-se incompetente para gerir sua vida financeira. Acaba arrependendo-se,
desenvolvendo um quadro de ansiedade, de depressão, inclusive com tendência ao
suicídio.
Nesses
casos, a sensação de prazer, de satisfação adquiridos na hora da compra acabam
indo embora, mas não por muito tempo. Tão logo consigam quitar um pouco das
dívidas, vão novamente buscar o prazer na compra. A satisfação que encontram
nesse ato é tão intensa, a ponto de fazer com que a pessoa ignore qualquer pensamento
sobre a dívida contraída, sobre a possibilidade de não conseguir quitá-la, pois
a satisfação obtida em cada compra que faz, acaba por reforçar esse
comportamento.
Ao
comprar um objeto a pessoa não está comprando apenas ele, mas todas as
propriedades simbólicas que existem por trás do ato de comprar. Ao não deixar
um comprador impulsivo e/ou compulsivo comprar, correr-se o risco de ele
desenvolver uma crise de abstinência.
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