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sexta-feira, 29 de junho de 2012

ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENDIVIDAMENTO

         
         Todos os meses as pesquisas vem apontando o crescente número de pessoas endividadas. No mês de maio o índice de inadimplência nos empréstimos de pessoa física atingiu 6%, já o número de famílias endividadas em maio era de 55,9% aumentando em junho para 57,3%, sendo que 12,4% se consideram muito endividadas. Isso já era esperado com o anuncio da redução dos juros e a isenção do IPI para carros zeros.

            A tendência desses percentuais de endividamentos ainda deve aumentar mais, pois muitas pessoas não se conscientizaram que não existe mágica quando o assunto é dinheiro. Elas são movidas pelo princípio do prazer, querendo obter a satisfação imediata, não esperando para ver qual o momento melhor para comprar. Normalmente são pessoas que não sabem lidar com a frustração, acreditando de forma até pueril, que os seus desejos precisam ser atendidos, por se perceberem merecedoras daquele prazer.

            O que não percebem é que atrás desse comportamento existem questões afetivas. Na tentativa de preencherem uma falta interna, de um self vazio, de quitarem seus endividamentos afetivos, acabam inconscientemente desenvolvendo um processo autodestrutivo. A partir do momento que uma pessoa começa a precisar fazer empréstimo para quitar outro empréstimo, a não conseguir mais viver sem usar o cheque especial, não conseguir pagar o valor total da fatura do cartão de crédito, a jogar com as contas, passa a viver um estresse, a sentir-se incompetente para gerir sua vida financeira. Acaba arrependendo-se, desenvolvendo um quadro de ansiedade, de depressão, inclusive com tendência ao suicídio.

            Nesses casos, a sensação de prazer, de satisfação adquiridos na hora da compra acabam indo embora, mas não por muito tempo. Tão logo consigam quitar um pouco das dívidas, vão novamente buscar o prazer na compra. A satisfação que encontram nesse ato é tão intensa, a ponto de fazer com que a pessoa ignore qualquer pensamento sobre a dívida contraída, sobre a possibilidade de não conseguir quitá-la, pois a satisfação obtida em cada compra que faz, acaba por reforçar esse comportamento.
            Ao comprar um objeto a pessoa não está comprando apenas ele, mas todas as propriedades simbólicas que existem por trás do ato de comprar. Ao não deixar um comprador impulsivo e/ou compulsivo comprar, correr-se o risco de ele desenvolver uma crise de abstinência.

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