Cada vez mais se
verifica a dificuldade que as pessoas têm de lidar com a frustração, quando o
outro não atende a nossa expectativa. Na realidade, será que é o outro que nos
causa a frustração ou somos nós que
idealizamos as pessoas ou imaginamos algo e quando isso não acontece, lhe
projetamos a causa da frustração, por não termos consciência de que a responsabilidade é nossa.
O que imaginamos ou idealizamos são conteúdos nossos, mas
fantasiamos que o outro será capaz de atender a nossa demanda. É comum ver-se isso,
quando encontramos pessoas que estão apaixonadas por alguém, referem ter encontrado
sua alma gêmea. Passam a acreditar que essa pessoa resolverá todos os seus problemas,
que lhe completará, que lhe estará sempre disponível, que irá dar conta dos
seus desejos mais profundos, que não permitirá que o sofrimento se aproxime
dela, poupando-a de ter que fazer o seu processo de individuação. Essa
idealização também se faz presente nas relações profissionais, conjugais,
familiares e com os amigos.
Infelizmente, a idealização do outro está muito presente
no mundo moderno. Percebemos o desejo inconsciente de encontrar no outro a
imagem das figuras parentais que carregamos no nosso inconsciente. Por isso,
exigimos que o outro nos dê a segurança, a amabilidade, que atenda as nossas
necessidades a tempo. Quando isso não acontece, nos frustramos e o rejeitamos
como fazíamos na infância ou na adolescência com os nossos pais, projetando-lhes a culpa. Essa é a forma
que encontramos para não buscarmos o nosso processo de individuação. Na
realidade temos medo de buscar a individuação, por não termos o senso do eu,
por isso, colocamos para o outro a responsabilidade de fazer-nos vislumbrar a
nossa própria alma, apesar de que isso é uma caminhada a ser feita por cada um.
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