Fico impactada quando
escuto algumas pessoas comentarem sobre essa barbárie cometida pela mulher que
matou e esquartejou o esposo, pois buscam várias alternativas para justificar
esse ato de delinquência. Algumas referem que ela era uma garota de programa,
portanto, não é de se admirar essa conduta, como se isso fosse uma característica de todas as garotas de programa. Percebe-se que o preconceito é quem fala mais alto nesse caso. Outras dizem que ela não conseguiu conter
a raiva frente à agressão verbal do marido.
Tentar justificar o que não é justificável, na minha
concepção não faz sentido. Por maior que seja a agressão, não se tem o direito
de tirar a vida do outro. Nada justifica a violência, o que se percebe é que as
pessoas estão tão acostumadas ver e viver cenas de violência no seu dia-a-dia
que já não dão mais importância. Tratam a violência como algo comum de
acontecer na vida do homem.
Normalmente a pessoa que sofre agressões, foi vítima de
violência na infância e ao se casar com um agressor acredita ser impossível
separar-se dele. Isso ocorre em função de ter um sentimento de impotência arraigado
dentro de si, que a deixa paralisada. Às vezes, fazem-se necessários vários
episódios de agressões para que a pessoa consiga abandoná-lo ou detê-lo. Vive as
primeiras agressões como uma reprodução da violência vivida na infância,
geralmente, na díade pai ou mãe-filho e por isso a justifica de forma racional,
sem perceber que está conspirando contra si mesma, a fim de se manter vinculada
não só ao agressor, mas ao sentimento de impotência desenvolvido frente ao
outro na sua infância.
Falar de violência não é algo tão simples, pois se
precisa identificar a origem da mesma, entendendo as feridas que fazem parte da
história da vítima. Agora, o que não dá para aceitarmos é que as pessoas a vejam
e a tratem de forma natural, pois isso é ser conivente a ela.
A violência tem se feito presente
nas relações das pessoas e essas dizem não dar importância, pois sabem que o
outro costuma agir assim. Não se dão conta que por trás dessa fala, demonstram
o quanto estão presas ao sentimento de impotência, de medo, de insegurança que viveram
lá na infância, no ambiente parental e que permanece tão forte dentro delas,
que as deixam imobilizadas, impedindo que reajam.
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