Total de visualizações de página

terça-feira, 12 de junho de 2012

A BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA

         
         Fico impactada quando escuto algumas pessoas comentarem sobre essa barbárie cometida pela mulher que matou e esquartejou o esposo, pois buscam várias alternativas para justificar esse ato de delinquência. Algumas referem que ela era uma garota de programa, portanto, não é de se admirar essa conduta, como se isso fosse uma característica de todas as garotas de programa. Percebe-se que o preconceito é quem fala mais alto nesse caso. Outras dizem que ela não conseguiu conter a raiva frente à agressão verbal do marido.

            Tentar justificar o que não é justificável, na minha concepção não faz sentido. Por maior que seja a agressão, não se tem o direito de tirar a vida do outro. Nada justifica a violência, o que se percebe é que as pessoas estão tão acostumadas ver e viver cenas de violência no seu dia-a-dia que já não dão mais importância. Tratam a violência como algo comum de acontecer na vida do homem.

            Normalmente a pessoa que sofre agressões, foi vítima de violência na infância e ao se casar com um agressor acredita ser impossível separar-se dele. Isso ocorre em função de ter um sentimento de impotência arraigado dentro de si, que a deixa paralisada. Às vezes, fazem-se necessários vários episódios de agressões para que a pessoa consiga abandoná-lo ou detê-lo. Vive as primeiras agressões como uma reprodução da violência vivida na infância, geralmente, na díade pai ou mãe-filho e por isso a justifica de forma racional, sem perceber que está conspirando contra si mesma, a fim de se manter vinculada não só ao agressor, mas ao sentimento de impotência desenvolvido frente ao outro na sua infância.

            Falar de violência não é algo tão simples, pois se precisa identificar a origem da mesma, entendendo as feridas que fazem parte da história da vítima. Agora, o que não dá para aceitarmos é que as pessoas a vejam e a tratem de forma natural, pois isso é ser conivente a ela.

 A violência tem se feito presente nas relações das pessoas e essas dizem não dar importância, pois sabem que o outro costuma agir assim. Não se dão conta que por trás dessa fala, demonstram o quanto estão presas ao sentimento de impotência, de medo, de insegurança que viveram lá na infância, no ambiente parental e que permanece tão forte dentro delas, que as deixam imobilizadas, impedindo que reajam.




Nenhum comentário:

Postar um comentário