Os egos inflados estão
presentes em todas as situações, chegando a algumas delas serem engraçadas,
pois as pessoas não se dão conta da dissociação que existe entre a sua fala e o
seu comportamento. Normalmente, essas pessoas procuram vender a idéia de humildade,
de simplicidade, no entanto, são prepotentes, arrogantes e nada os atinge.
Nessa época do ano, é interessante observar o comportamento
dos fiéis que desenvolvem alguma atividade nas cerimônias religiosas. Mesmo sendo
falado nas homilias, por quarenta dias, a necessidade de nos convertermos, de nos
tornarmos mais humanos, mais simples, de sermos mais humildes, de deixarmos o
ego de lado, nada disso é escutado pelos egos inflados, agem como se fossem a
figura mais importante desse momento, sendo capazes, de até mesmo, esquecer do
Crucificado.
Isso me faz questionar o que essas pessoas fazem ao irem à
missa toda a semana ou todos os dias, se nada muda na sua maneira de funcionar.
O mesmo eu questiono com alguns pacientes, quando me dizem, eu sou assim e não
vou mudar, então, por que está fazendo terapia?
Culto religioso, terapia nos convidam a refletir sobre o
que ouvimos ou que falamos a fim de poder lapidar o nosso ego. Claro que isso não se dá de um dia para o
outro, é um processo de transformação que ocorre de forma lenta, naquelas
pessoas que realmente sabem a serviço de que estão ali. Agora aqueles que vão
para fazer o social, para dar satisfação aos outros, esses vão passar a vida
inteira indo a cultos religiosos ou visitando vários consultórios de terapeutas
e não conseguirão mudar, até porque esse não é o propósito.
Trabalhar ou conviver com egos grandiosos não é nada fácil,
já que o juízo crítico fica prejudicado, pois não conseguem se perceber dessa
forma. São pessoas pobres de espírito, que valorizam o externo, vivem, muitas
vezes, uma vida de aparência, de faz de conta.
Penso que muitos desses egos inflados escondem um
complexo de inferioridade muito forte, um sentimento de desvalorização, em que
a pessoa precisa se apegar a qualquer oportunidade para se fazer notar e
aliviar esses sentimentos desagradáveis que lhe geram sofrimento.
Acredito que no meio religioso isso é muito comum, pois
as pessoas buscam por meio da sua religião, fazer algo que possa lhe ajudar e
ajudar alguém. A intenção é boa, só que na metade do caminho elas esquecem o
real propósito e se envaidecem com as funções que assumem e passam a agir de
uma maneira que vai à contramão do que os evangelhos nos ensinam.
Ego inflado é desagradável em qualquer situação, mas
infelizmente é o que mais temos em nossa sociedade, atualmente. O negócio é
saber lidar com eles, a fim de não nos estressarmos, pois se formos dar muita
importância, só iremos reforçá-los. O melhor é sair de perto e deixá-los “brilhar”,
porque na realidade eles são vítimas deles mesmos e precisamos entender que essa
é a forma que encontram para se sentirem alguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário