Passamos grande parte do tempo idealizando as coisas e as
pessoas, com isso acabamos deixando de “curtir” a vida e de aproveitar a
companhia daqueles que nos rodeiam. Tornamo-nos intransigentes, buscamos a
perfeição, ficamos incomodados quando as nossas idealizações não acontecem como
queremos. Podendo, muitas vezes, isso ser motivo de desavenças.
Achamo-nos no direito de cobrar dos outros o
comportamento que idealizamos que eles tenham. Queremos, por vezes,
transformá-los como se fossem um boneco de argila que podemos aparar as arestas
e moldá-lo da forma que julgamos correta.
O resultado disso é que conseguimos afastar as pessoas do nosso convívio,
porque se sentem sufocadas e desconfortáveis. Esse é um dos motivos que levam alguns
casamentos a se desfazerem, porque um dos cônjuges acaba se sentido tão
pressionado, cobrado e até torturado frente às exigências do seu parceiro, que
a única solução que encontra é sair da relação. O mesmo ocorre nas amizades,
com os colegas de trabalho, enfim, nas relações interpessoais.
A idealização não tem só aspectos negativos, pode ter
aspectos positivos em nossas vidas, por exemplo, quando idealizamos um projeto
e vamos à busca de sua realização. A forma como resolvemos usá-la está
relacionada à nossa história, as experiências que tivemos lá no início da vida,
aos nossos sentimentos e as nossas necessidades psíquicas.
Hoje se percebe que a idealização está muito presente na vida
das pessoas, pois optam por viver o seu ideal de ego, abrindo mão do seu verdadeiro
eu. Na ânsia de atingir seus ideais, vão
sufocando a sua essência e perdem o seu referencial, esquecendo, às vezes, a
sua real identidade. Transformam-se nos personagens que o seu imaginário julga ser
interessante para contemplar as exigências que a sociedade impõe. Com o passar
do tempo entram em crises profundas de identidade, devido o conflito que se
estabelece entre o eu verdadeiro e o eu idealizado. Esse é um dos motivos que
levam as pessoas a visitarem os nossos consultórios. O interessante que mesmo
reconhecendo o conflito, questionam por que devem mudar? Deixando evidente, o medo
de se afastar do personagem criado, pois não sabe mais quem realmente são.
Idealizar não é ruim, é como tudo, se soubermos usá-lo de
forma adequada as situações, podemos colher bons frutos.
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