Outro dia tomando um café com uma pessoa, ela me fez
exatamente essa pergunta: “o que preciso fazer para encontrar a felicidade”? Na
sua fala percebia-se a angustia e o sofrimento e esperava que ao fazer essa pergunta
fosse obter uma resposta para o problema que lhe afligia. Obviamente que isso
não era possível, porque não existe uma receita pronta para se obter a
felicidade. Para isso, no meu entendimento, faz-se necessário, primeiramente, definir
o que é felicidade, até porque se trata de um conceito subjetivo e abstrato, variando,
portanto, de pessoa para pessoa. O grande problema que vejo é que as pessoas
idealizam a felicidade, colocando-a de uma forma quase impossível de
alcançá-la, podendo isso estar associado ao fato de não terem definido para si
o conceito de felicidade.
A felicidade não é algo inatingível, pois ela está
presente em nossa vida a toda instante, porém não a reconhecemos. Não são necessários
grandes eventos, riquezas materiais, acúmulos de títulos, status para se sentir feliz, isso pode ser uma consequência do
caminho que trilhamos, mas a felicidade não está só nisso, também a encontramos
nas pequenas coisas. Num gesto carinhoso, num sorriso, numa palavra amiga, num “bate-papo”
descontraído, na companhia de amigos, colegas, das pessoas que queremos bem, na
forma que vivemos a vida, sem complicá-la, no reencontrar pessoas, enfim, em tantas
coisas tão simples, que estão muito aquém daquilo que idealizamos como
felicidade.
Vejo as pessoas dizerem que estão em busca da felicidade
e fico pensando onde será que elas irão encontrá-la? Será que a felicidade se
esconde em algum lugar que precisamos ficar procurando? Qual será o percurso a ser
trilhado para encontrá-la? O que as pessoas não sabem ou não acreditam é que a
felicidade encontra-se dentro delas, basta olharem para si e perceberem o
quanto podem ser felizes, se abrirem mão das lamúrias, da criação de problemas,
de sofrimentos, de mágoas, de rancores que criam em seus imaginários e carregam
consigo por longos anos.
Lembro que há alguns anos, por essa época, dei uma
entrevista para o “Jornal Hoje” (rede Globo), em função do dia internacional da
mulher e a pergunta final da repórter era se me considerava feliz, foi
interessante observar sua expressão, quando respondi que sim. O mais
interessante foi quando ela refez a pergunta, colocando a seguinte observação: “essa
entrevista vai aparecer em rede nacional, vou refazer a pergunta”. Concordei,
porque nada tinha a mudar, minha resposta permanecia a mesma.
Aí deu para perceber o quanto as pessoas não acreditam
que possam existir pessoas felizes. Tudo depende de como encaramos a vida e o que
definimos por felicidade, a vejo nas coisas mais simples do meu dia-a-dia, no
fato de poder sentar num café e ficar “filosofando” sobre felicidade, na minha
profissão, no carinho dos amigos e colegas para comigo, na troca de experiência
e em tantas outras coisas que acontecem e que acabam me fazendo feliz. Claro
que isso está relacionado à minha maneira de encarar a vida, não significando
que felicidade seja isso.
Agora, uma certeza eu tenho, é de que a felicidade não
está no externo, nos bens materiais, nem nas pessoas que convivemos, ela está dentro de nós. Talvez para encontrá-la, seja necessário rever nossos valores, abrir mão das nossas
exigências em relação aos outros, das nossas intransigências em relação à vida.
Porque essas coisas só nos causam sofrimento e nos impede de viver a vida plenamente e de
sermos felizes.
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