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domingo, 13 de fevereiro de 2011

CYBERBULLYING

         Aproveitando que ontem falava sobre a forma abusiva como os aparelhos tecnológicos vêm sendo usados, tornando-se, em muitos casos, uma dependência para algumas pessoas. Hoje vou falar sobre a utilidade que estes aparelhos estão tendo para alguns jovens. Fico pensando, como certas pessoas viviam até a poucos anos atrás, quando não existia o celular, o note e o netbook, o smartphone, etc.

         No entanto, muitos desses aparelhos estão sendo usados de forma crescente, por jovens e/ou grupo de jovens, para enviar mensagens, fotos digitais, sites pessoais difamatórios, ações difamatórias online, como forma de causar danos a outros. Sendo esta a nova forma que encontram para exercitar o bullying.

         O bullying é definido como atos que se caracterizam por agressões intencionais, físicas ou verbais, de forma repetitiva, por um ou mais jovens, geralmente na escola, contra um ou mais colegas. A etiologia deste termo vem do inglês, da palavra bully, que significa valentão, brigão. Como não foi encontrada uma denominação no português, que defina o bullying, compreende-se, então, como uma ameaça, uma tirania, uma opressão, uma intimidação, uma humilhação.

         Normalmente, esses atos agressivos estão relacionados à questão do poder, onde aquele que tem mais poder agride o que tem menos poder. A questão do poder está associada à questão de idade, força física, desenvolvimento emocional. É mais fácil se identificar o bullying nos meninos do que nas meninas. Não que estas estejam isentas de cometer esse tipo de violência. Elas apenas são mais sutis, isolam a colega, difamam, esconde objetos, inventam histórias, o que nos permite identificar, facilmente, um funcionamento perverso.

       Geralmente essas agressões não ocorrem na frente de adultos, mas o importante é que quando uma criança ou adolescente trouxer esse tipo de queixa, que os pais não desvalorizem. Pelo contrário, devem ir até a escola e verificar junto à professora, direção, coordenação de ensino o que realmente está acontecendo.

        A vítima do bullying tem uma estrutura de ego bastante fragilizada, precisando contar com o apoio de seus cuidadores. Esses atos, que até bem pouco tempo eram percebidos como “brincadeiras inofensivas”, podem causar sérios prejuízos no desenvolvimento psíquico da criança/adolescente, indo desde a diminuição da auto-estima até o suicídio, nos casos mais extremos.

      Por isso, a importância de os pais ou cuidadores estarem sempre atentos, não só as falas de seus filhos, mas também, com quem ele tecla na internet, que tipo de sites visita, que mensagens recebem. Isso não pode ser interpretado como uma invasão de privacidade, como alguns pais referem, mas sim como um gesto de amor, de cuidado, de proteção.

      Entretanto, não podemos direcionar nosso olhar apenas para a vítima do bullying, precisamos estendê-lo ao agressor, porque, ao mesmo tempo, que é autor, também é vítima. Uma pessoa que encontra o prazer, a satisfação, por meio do sofrimento do outro, está nos revelando que algo não está funcionando bem na sua vida psíquica.

      Apesar, que nos tempos modernos, a falta de olhar para o outro, o desprezo, a desvalorização,  está muito mais presente do que podemos imaginar dentro das famílias, que preferem viver só em torno de seus interesses e problemas. Não são poucas às vezes que vejo pessoas no meu consultório, se deleitando com a “desgraça” do outro. Quando questionadas o porquê de tanta satisfação, se colocam na condição de vítima, referindo que a pessoa a fez sofrer muito. Mesmo sabendo que se trata de sintoma, fico desconfortável, por ver quanto o ser humano está adoecido. Tenta mascarar o sintoma, utilizando-se de defesas como a racionalização, a intelectualização, a negação, para justificar a sua maldade.

     A violência produzida pelas crianças e adolescentes, na maioria das vezes, reflete o funcionamento familiar. É o reflexo da desintegração familiar, da falta de olhar dos pais para os filhos, dos limites, da permissividade.

     A única forma que existe para se combater o bullying é a participação dos pais na vida de seus filhos, orientá-los, mostrar que o respeito e a consideração com o outro, tem que ser uma constante em nossas vidas. Explicar que o cyberbulling é o bullying, só que feito por meio de aparelhos eletrônicos, o que não diminui a gravidade. É participar junto à comunidade escolar, desenvolvendo projetos que possam auxiliar no combate a essa violência que se instalou nas escolas. Mas acima de tudo, os adultos devem fazer uma análise, a fim de verificar se eles não estão servindo de exemplos para os filhos, ou seja, se eles também não são agressores ou vítimas do bullying.

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