Total de visualizações de página

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O QUE FAZ UM TOMBO

         Hoje completa oito dias que fui derrubada por uma senhora, na rua, o que me causou uma luxação no cotovelo direito, sem falar nos hematomas. Uma coisa boba, mas que está me impossibilitando de fazer algumas atividades, inclusive digitar, devido precisar ficar com o braço na tipóia. Na realidade, eu deveria estar com o braço engessado, segundo orientação médica, mas como sou uma paciente rebelde, não permiti que esse procedimento fosse feito.


        O que mais me preocupa em tudo isso, não é tanto o braço, porque daqui uns dias ele estará bom. Agora, fico a me questionar se o ser humano ainda tem recuperação. A pessoa que literalmente me atropelou, não teve a mínima sensibilidade de perguntar se eu estava bem ou se precisava de alguma coisa. Obviamente, que não iria querer nada, a não ser um gesto de solidariedade, e, quem sabe, dizer-lhe para ter mais atenção. No entanto, nem isso pude fazer, pois a pessoa sumiu, quando alguém lhe disse, que eu havia caído por causa dela.

       A leitura que consigo fazer, do comportamento de uma pessoa dessas, deixando de lado a emoção, é de falta de caráter, de egoísmo, de desrespeito para com o outro, de onipotência, pois transita por uma calçada, como se a rua fosse apenas para ela. O outro não existe, pois a única coisa que consegue enxergar é o seu próprio umbigo. Só que por trás dessa onipotência, verifica-se uma atitude covarde, que não lhe permite assumir qualquer responsabilidade.

        Assim como essa senhora, existem muitas outras pessoas transitando pelas ruas ou até mesmo dentro de nossas casas, agindo dessa mesma forma. O pior de tudo isso, que quem criou esses “monstrinhos”, fomos nós, os humanos. Não lhes dando limites, não ensinando que vivemos em uma sociedade, onde precisamos compartilhar o espaço e as coisas com as outras pessoas. Que precisamos do outro. Que só existimos, porque o outro existe.

       É através do outro que nos reconhecemos como pessoa. Portanto, não podemos ignorá-lo, prejudicá-lo, discriminá-lo, fazendo de conta, que não fomos o causador, da dor que sente.

      Confesso que me assusto hoje com o ser humano, apesar de ainda investir nas pessoas, dando-lhes sempre um voto de confiança. Penso, que no dia em que não poder mais fazer isso, precisarei abandonar minha profissão e quem sabe, viver num lugar isolado, pois assim, não precisarei conviver com a doença da desumanização, que parece estar tomando conta das pessoas.

    Parafraseando Freud; "um tombo, é,  às vezes, apenas um tombo", mas faz com que reflitamos sobre um monte de coisas.







Nenhum comentário:

Postar um comentário