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domingo, 27 de fevereiro de 2011

FELICIDADE

        Hoje sai para caminhar e acabei encontrando uma amiga que fazia muito tempo que não a via. Ficamos batendo um longo “papo”, mas o que mais me chamou a atenção é que a cada cinco palavras que dizia, afirmava que temos que ser felizes. Lá pela quarta ou quinta vez que disse, resolvi começar a prestar atenção, pois queria saber quantas vezes ainda iria repetir essa afirmação. E acabei por perder as contas, pois foram muitas.

        Sai dali pensando, se ela realmente acredita nisso ou se estava fazendo algum exercício de pensamento positivo, que precisa ficar repetindo para que a coisa se concretize. Talvez esteja tentando se convencer de que tem que ser feliz ou realmente sente-se feliz. Poderia também ser um vício de linguagem. Isso não importa, afinal o que interessa, é saber o que as pessoas entendem como felicidade.

        Percebo que o desejo de ser feliz não é algo apenas dessa minha amiga, mas do ser humano. Que a cada dia busca mais e mais encontrar a felicidade, só que como não tem claro a sua definição de felicidade, busca na maioria das vezes, de forma distorcida.

        Se pararmos para analisar o que é felicidade, veremos que pode ser compreendida de várias formas. Para os hedonistas, ser feliz é sentir-se feliz. Eles privilegiam o lado sensitivo e percebem a felicidade como algo continuado. Se voltarmos um pouco no tempo, veremos que os hedonistas gregos acreditavam que poderia se fazer qualquer coisa, desde que gerasse o maior prazer possível para a pessoa.

        Platão, Aristóteles e os escolásticos estabeleciam uma diferença entre felicidade e prazer. Acreditavam que a felicidade se encontrava na realização do bem. Para eles, a realização do bem é uma das potencialidades do homem. Defendiam que o homem seria perfeito se tivessem consciência das virtudes morais universais; coragem, integridade, boa vontade, moderação, humildade, tolerância, paciência, respeito, generosidade, etc. Todos nós carregamos esse potencial conosco, no entanto, alguns optam por permitir que ele se manifeste ou não. Sócrates, Platão e Aristóteles acreditavam que o homem conjetura o bem por meio da racionalidade. Dessa forma, encontram a felicidade.

        Já os escolásticos defendem a idéia de que o bem é revelado ao homem, através da fé que deposita em Deus. Para eles ser feliz, é saber-se feliz e não sentir-se feliz. Eles priorizam a cognição e não a dimensão sensitiva.

        Sócrates afirmava que o homem que conhece o bem, sempre escolherá o bem. Referia que o homem que escolhe o mal é por ignorância, desconhecimento de si e do mundo. O que concordo plenamente, pois as pessoas por não se conhecerem, andam nessa corrida maluca atrás da felicidade. Quanto mais correm na tentativa de encontrá-la, mais se distanciam.

        Na visão de Santo Agostinho, a virtude é o bem maior, mas a forma para chegar até ela, não é mais a racionalidade e sim a fé. O virtuoso é iluminado pela revelação divina e não pela razão. Sabe-se hoje, que as questões espirituais, a fé, têm uma grande influência na vida das pessoas. Pesquisas mostram que aquele que crê, apresenta um melhor prognóstico, no caso de ser acometido por alguma doença.

         Após fazer essa rápida caminhada por algumas correntes filosóficas, creio que o ser humano conseguirá ser feliz, a partir do momento que realmente se conhecer, entender e aceitar a sua forma de funcionar. No momento que conseguir olhar para o mundo e entendê-lo, sem tentar engessá-lo dentro dos seus valores, que julga serem corretos. Que aceitar as pessoas como elas são, sem julgá-las. Importante lembrar, que julgamos como correto, bom, certo, sempre tendo como princípio os nossos valores. Portanto, não são verdades absolutas, os valores dos outros também podem ser corretos.

         Ser feliz ou não depende do significado e da dimensão que damos para as coisas, para a vida, para as pessoas com quem convivemos. Tudo pode ser muito bom, mas também pode ser muito ruim, vai depender como estou olhando para a situação. Vivemos num mundo de opostos, por isso, ao mesmo tempo, que algo pode me fazer feliz, poderá me fazer infeliz.

        O que importa, é que cada pessoa busque encontrar a sua felicidade, a partir do seu autoconhecimento, dos seus valores, dos seus princípios éticos e morais, sem se preocupar com que os outros vão pensar ou dizer. Somos seres singulares, por isso, não precisamos fazer, acreditar e agir como todo mundo.

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