Várias são as maneiras
que temos de entrarmos em contato com o nosso eu, no entanto, muitas vezes,
isso só acontece quando nos deparamos com uma doença e somos obrigados a parar
e pensar sobre a nossa vida. É lamentável quando nos valemos disso para podermos
nos olhar, pois muitas são as oportunidades que a vida nos dá, mas preferimos
não vê-las, pois temos que correr em busca de algo, que na maioria das vezes
não sabemos o que é ou para que serve, mas mesmo assim, corremos
desenfreadamente, visto ser essa a demanda que a sociedade nos impõe.
A dor de uma doença nos leva a solidão, permitindo uma
relação entre o indivíduo e o seu ser, levando-o a pensar e questionar sobre
sua finalidade, o seu horizonte, a testar suas forças, os seus impulsos, a reconhecer
seus erros, a aprender a lidar com os fantasmas da alma, a fim de entender o
seu corpo e sua simbologia, que na maioria das vezes não conseguimos
decodificá-la. Se olharmos a doença por esse prisma, podemos vê-la como um
aspecto positivo na vida do indivíduo, pois o conduz para o ensimesmamento. O
indivíduo ao ensimesmar-se consegue abrir os olhos da alma, passando a ver e entender
o que até então lhe estava obscuro. Com isso, consegue, às vezes, ver que o
sofrimento tem a função de fazer progredir a espécie, pois possibilita ver o
que não se vê sem sofrer.
Quando a doença se apresenta para alguém, precisa-se
verificar qual a sua função na vida daquela pessoa, naquele momento. É bastante
comum as pessoas se revoltarem, resistirem e até mesmo negarem a doença, por
não compreenderem que ela pode estar a serviço do estímulo da virtude e do
autoconhecimento que aquela pessoa precisa ter. A doença, em alguns casos, pode
servir como o anzol do conhecimento, a fim de contribuir para a liberdade do
espírito, permitindo ao homem o autodomínio e a disciplina do coração, que o
levarão a conquistar a grande saúde.
Vimos à doença por outro viés que não estamos acostumados
a ver, por isso, sofremos e nos desesperamos quando ela chega, mas nem sempre a
enfermidade pode ser compreendida como um sofrimento, mas sim como um
estimulante para viver e viver plenamente. A dor de uma doença só pode ser
avaliada por aquele que vive, mas o que não pode ser esquecido é que ela é a
uma das fontes da sabedoria do humano.
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