Confesso que a cada dia
me preocupo mais com o comportamento que as pessoas vêm apresentando. Tento
entender, mas não é fácil, é complicado ter que aceitar que o ser humano está,
cada vez mais, se tornando individualista, preocupando-se só com as coisas que
lhe interessam e lhe dão prazer e o outro é como se não existisse.
Isso que estou falando é fácil observar, basta ir a um
cinema, teatro, restaurante, missa, velório, ou seja, nos lugares mais
diversos, que não demorará muito para um celular tocar. Geralmente quando as
pessoas estão nesses locais e o celular toca, elas não o encontram e enquanto
procuram, os demais que estão a sua volta tem que conviver com o barulho. Ao
encontrarem, falam como se estivessem em casa, ou seja, em altos brados. Esse
comportamento pode ser compreendido como um mix, onde teremos primeiramente a
falta de educação, de bons costumes, com pitadas de egoísmo, questões egóicas,
ansiedade, exibicionismo, etc.
Outro ponto que tem me chamado muito a atenção é o quanto
as pessoas se comprometem e prometem coisas que não conseguirão cumprir. Não
pensam que ao agirem dessa forma, estão “queimando o seu filme”, perdendo a
credibilidade junto aos outros e pior, adquirindo a fama de “papudo”. Ao lhe
ser mostrado isso, dizem: “não estou nem aí”. Não se dão conta que nessa fala,
que acreditam que é para o outro, estão dizendo: “não estou preocupada com a
minha imagem”.
O comprometimento consigo, com o outro e até mesmo com a
sociedade é algo que parece pertencer a um passado longínquo. Algumas pessoas
preferem viver no anonimato, não querem se incomodar, nem assumir a
responsabilidade de nada, até mesmo quando se sentem importunadas, mas
acreditam que o outro precisa parar, quando necessitam serem escutadas, não
interessando se está importunando ou não. A primeira coisa que dizem é: “não
vou me envolver, o problema não é meu, não quero me incomodar, cada um no seu
quadro. É interessante observar a forma como verbalizam isso, estufam o peito e
falam com uma imponência fantástica, como se estivessem dizendo algo brilhante.
Não percebem que estão assinando o seu atestado de desumanização, pois seus
valores não lhe permitem mais ver o outro e muito menos se preocupar com ele.
Querer que se preocupem com a sociedade é utopia.
O humano está vivendo uma vida de superficialidade,
preocupando-se apenas com o status, com
a estética, com o belo e deixando a ética de lado. Dessa forma, fica com a sua
percepção prejudicada, não conseguindo ver que esse comportamento está
interferindo na sua dignidade enquanto pessoa humana.
Isso não só me preocupa, mas me convida a pensar até quando
as pessoas irão viver assim, como se estivessem ocas por dentro. Precisamos
resgatar a essência do ser humano, dando-lhe credibilidade, mostrando-lhe que
ele é muito mais do que acredita ser. A partir do momento que conseguirmos esse
resgate, teremos pessoas mais tranquilas, felizes, de bem com a vida, pois
descobrirão que a felicidade que tanto correram atrás está dentro delas,
esperando apenas para ser conhecida e/ou reconhecida.
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