Pesquisa realizada pela
Fecomércio-RS, pontua que o endividamento das famílias cresceu 3,7% entre os
meses de setembro e outubro. Nesse mesmo período, o índice de gaúchos com
dívidas em atraso aumentou de 30% para 35, 5% e houve também um aumento no
índice de pessoas que não conseguem pagar suas pendências, aumentando de 3,2%
para 9,1%.
Mesmo assim, as pessoas que ainda tem crédito continuam
gastando, pois o índice de endividamento no cartão chega a 73,8%. O cartão é o
principal tipo de dívida no Estado, seguido de carnês (53,4%) e cheque especial
(25,4%). O que demonstra que as pessoas não têm maturidade e planejamento
financeiro para usar o cartão de crédito, o cheque especial e também não conseguem
controlar os seus gastos em lojas. Isso convida-nos a pensar o que esse índice
elevado de endividamento está querendo nos mostrar.
Percebe-se que o desejo de ter faz com que as pessoas
ajam de forma infantil, desenvolvendo um pensamento mágico e acreditando que de
alguma forma conseguirá dinheiro para pagar o que está comprando, mesmo sabendo
que o seu orçamento está hiper estourado. Preocupam-se apenas em obter o prazer
imediato, esquecendo as consequências que o seu ato impensado de comprar irá
ocasionar.
É comum receber no consultório pacientes se queixando da
sua situação financeira, mas na medida em que vão falando, percebo que só podem
estar com problemas, pois o seu rendimento mensal não comporta que paguem tudo
o que tentam pagar. A vida de aparência os satisfaz, pois se julgam importantes
ao mostrar para os outros um padrão que não é o seu, acreditando que convencem
as pessoas do seu status. O que não sabem é que não precisam falar muito para
deixarem escapar algumas palavras chaves, que mostra o quanto estão mal
financeiramente.
Outro fator responsável pelo endividamento é a compra da
casa própria. Muitas pessoas resolveram que não queriam mais pagar aluguel,
pois pagar aluguel é botar dinheiro fora, com isso, buscaram a realização do
seu sonho, ou seja, ter a casa própria. Com as facilidades oferecidas pelo
governo, se atiraram de cabeça, só que agora estão com dificuldade não só para
pagar a casa própria, como também, as demais contas. Se esse quadro não mudar, provavelmente,
nos próximos anos, teremos uma bolha financeira “pintando” por aí, pois as
pessoas não terão recursos para pagar o financiamento da casa própria, o
financiamento do carro, que compraram porque o IPI era zero e os sonhos que
acreditavam ter realizado, acabarão se tornando pesadelo.
Pode parecer, para alguns, um olhar pessimista, mas não
precisa muito para se chegar a essa conclusão. O que precisa é as pessoas buscarem
compreender o que as levam consumir tanto, a se endividarem, a chegarem ao
ponto de ficarem com uma situação financeira caótica. A partir desse entendimento,
começa a se tornar possível reverter o quadro financeiro em que se encontram.
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