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segunda-feira, 20 de maio de 2013

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA


      Muito tem se falado e debatido sobre a internação involuntária ou compulsória, como queiram chamar, para dependentes químicos.

      Sabe-se que para o tratamento apresentar um resultado positivo é necessário que o paciente esteja comprometido com o mesmo, caso contrário, corre-se o grande risco de frustrarmo-nos com os resultados, entretanto, penso que nos casos graves de dependência química a internação compulsória faz-se necessária, visto o usuário estar com algumas funções do ego comprometidas, como: pensamento, juízo crítico, atenção, memória e em alguns casos, inclusive, com a orientação auto e alopsíquica prejudicada.

         O crack surgiu na década de 90 com características bem aterrorizantes, pois gera um elevado nível de dependência física e psíquica, provocando lesões neurofisiológicas no cérebro do usuário. Além disso, essa droga causa sérios prejuízos sociais, chegando a  algumas cidades ter regiões à margem da sociedade, conhecidas como cracolândia, onde se concentram populações dependentes de crack.

            Normalmente, as pessoas que ali se encontram são jovens que vivem de forma sub-humana e promíscua, ficando exposta a todos os tipos de doenças infectocontagiosas, gravidez precoce, sem ter a mínima condição de avaliar o risco que estão correndo, em função dos prejuízos causados em nível cerebral, inibindo a área do pensamento e cognição, levando a pessoa a não ter crítica sobre sua condição.

           Outras drogas como a cocaína e a maconha também provocam lesões em nível cerebral, pois o uso contínuo faz com que haja perdas neuronais, levando o indivíduo ter, também, algumas funções como a percepção, pensamento, cognição, juízo critico alterados.

            Na realidade, o adicto não consegue ver. Não vê seu corpo e nem mesmo a sua destruição, porque nunca foi visto pela sua família. Acredita encontrar na droga o alivio para dor que carrega em sua alma, por nunca ter sido escutado. Não acredita na palavra, porque aprendeu lá nos primórdios de sua vida, que a palavra não vale nada, pois o que tinha valor na sua família era a ação, já que a linguagem verbal era desqualificada.

            Talvez, a internação compulsória não seja a melhor saída, mas é uma alternativa para tentar ajudar as pessoas que estão destruindo suas vidas e de suas famílias, despertando-lhes a esperança de ter uma vida mais digna.

            Claro que não podemos pensar na internação involuntária como algo a ser feito para todos os usuários, penso que deve ser feito uma boa avaliação, porque sabemos que tem casos que podem ser tratados em nível ambulatorial, em hospital dia, nas fazendas. O ideal é que o paciente seja tratado por uma equipe multidisciplinar e que os seus familiares também tenham acompanhamento, pois não podemos esquecer que a família do usuário é psicotóxica, portanto, também precisa de ajuda.

         Penso que toda a tentativa para ajudar os usuários e suas famílias é válida, afinal, são vidas que estão se perdendo. Estamos frente a um problema biopsicossocial e por isso precisamos tentar encontrar soluções para essa realidade que vivemos hoje em nossa sociedade, independente de classe social e cultural, visto ser algo que atinge a todas as classes, por se tratar de uma doença.         

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