Muito tem se falado e
debatido sobre a internação involuntária ou compulsória, como queiram chamar,
para dependentes químicos.
Sabe-se que para o tratamento apresentar um resultado
positivo é necessário que o paciente esteja comprometido com o mesmo, caso
contrário, corre-se o grande risco de frustrarmo-nos com os resultados,
entretanto, penso que nos casos graves de dependência química a internação
compulsória faz-se necessária, visto o usuário estar com algumas funções do ego
comprometidas, como: pensamento, juízo crítico, atenção, memória e em alguns
casos, inclusive, com a orientação auto e alopsíquica prejudicada.
O crack surgiu na década de 90 com características bem
aterrorizantes, pois gera um elevado nível de dependência física e psíquica,
provocando lesões neurofisiológicas no cérebro do usuário. Além disso, essa
droga causa sérios prejuízos sociais, chegando a algumas cidades ter regiões à margem da
sociedade, conhecidas como cracolândia, onde se concentram populações
dependentes de crack.
Normalmente, as pessoas que ali se encontram são jovens
que vivem de forma sub-humana e promíscua, ficando exposta a todos os tipos de
doenças infectocontagiosas, gravidez precoce, sem ter a mínima condição de
avaliar o risco que estão correndo, em função dos prejuízos causados em nível
cerebral, inibindo a área do pensamento e cognição, levando a pessoa a não ter
crítica sobre sua condição.
Outras drogas como a cocaína e a maconha também provocam
lesões em nível cerebral, pois o uso contínuo faz com que haja perdas neuronais,
levando o indivíduo ter, também, algumas funções como a percepção, pensamento,
cognição, juízo critico alterados.
Na realidade, o adicto não consegue ver. Não vê seu corpo
e nem mesmo a sua destruição, porque nunca foi visto pela sua família. Acredita
encontrar na droga o alivio para dor que carrega em sua alma, por nunca ter
sido escutado. Não acredita na palavra, porque aprendeu lá nos primórdios de
sua vida, que a palavra não vale nada, pois o que tinha valor na sua família
era a ação, já que a linguagem verbal era desqualificada.
Talvez, a internação compulsória não seja a melhor saída,
mas é uma alternativa para tentar ajudar as pessoas que estão destruindo suas
vidas e de suas famílias, despertando-lhes a esperança de ter uma vida mais
digna.
Claro que não podemos pensar na internação involuntária
como algo a ser feito para todos os usuários, penso que deve ser feito uma boa
avaliação, porque sabemos que tem casos que podem ser tratados em nível
ambulatorial, em hospital dia, nas fazendas. O ideal é que o paciente seja
tratado por uma equipe multidisciplinar e que os seus familiares também tenham
acompanhamento, pois não podemos esquecer que a família do usuário é
psicotóxica, portanto, também precisa de ajuda.
Penso que toda a tentativa para ajudar os usuários e suas
famílias é válida, afinal, são vidas que estão se perdendo. Estamos frente a um
problema biopsicossocial e por isso precisamos tentar encontrar soluções para
essa realidade que vivemos hoje em nossa sociedade, independente de classe
social e cultural, visto ser algo que atinge a todas as classes, por se tratar
de uma doença.
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