A palavra empatia origina-se do grego empatheia, formada por En - “em”, mais pathos, que quer dizer “emoção, sentimento”. Significa estar dentro
do sentimento do outro. Podemos dizer que é a capacidade psicológica para se
identificar com o eu do outro, conseguindo sentir o mesmo que este nas
situações e circunstâncias por ele vivenciadas.
Será que no mundo de hoje as pessoas são empáticas? Tenho
me questionado muito sobre isso, frente ao egoísmo que percebo em nossa
sociedade. As pessoas estão voltadas apenas para si. Como a gurizada costuma
dizer “cada um no seu quadrado”, estabelecem relações virtuais, pois assim
podem criar simulacros, não precisando se mostrar, pois temem que o outro ao conhecer-lhes,
acabe por abandoná-los. Mas o que está levando as pessoas a não serem mais
empáticas?
A empatia é alimentada pelo autoconhecimento, quanto mais
tomarmos consciência de nossas emoções, mais fácil de compreendermos o
sentimento alheio. Entender o sentimento do outro irá depender da nossa
capacidade de interpretar a linguagem expressada de forma não-verbal, como: tom
de voz, gestos, postura, expressão facial, etc. Também é interessante observar
a forma como faz suas colocações, visto ser mais importante a maneira como as faz
do que as colocações em si.
Pessoas que na sua infância sofreram abandono emocional,
na vida adulta tendem a embotar a empatia. O interessante é que elas apresentam
um comportamento paradoxal, ao mesmo tempo em que não conseguem se colocar no
lugar do outro, por ter sofrido ameaças, humilhações, agressões verbais e
maldade no início de sua vida, tornam-se hiper alertas para as emoções de quem
está a sua volta. Esse comportamento corresponde a uma vigilância pós-traumática,
a fim de identificar algum sinal de nova ameaça.
Com o aumento da violência infantil, conforme dados
estatísticos dos últimos anos, não podemos esperar um resultado muito diferente
do que estamos vendo no nosso dia-a-dia. Sem esquecer que hoje as pessoas estão
preocupadas consigo, em ostentar um padrão social que não é o seu, porque acreditam que
dessa forma se farão respeitar. Esquecem a sua realidade, tem vergonha da sua
origem e por isso negam, não reconhecem seus sentimentos e, portanto, não
conseguem nomeá-los, com isso se afastam do seu verdadeiro eu, para viverem o
eu idealizado.
Dessa forma, como queremos esperar que estejam
preocupados com o sentimento alheio, se estão em volto das suas coisas? Tornam-se
pessoas vazias, de difícil convivência, porque a forma como se relacionam levam
as pessoas a se afastarem.
Não dá para esquecer que a empatia é uma das várias facetas
de julgamento e ação morais. É sofrer com aqueles que sofrem, que passam privações,
aflições, levando a pessoa a ajudá-las para saírem da situação em que se
encontram. Infelizmente isso não é o que temos presenciado. A lei que impera em
nossa sociedade atualmente parece ser cada um por si. A maioria das pessoas não
está disposta a escutar e ajudar o outro, alegando que tem problema de mais e
projetando para as instituições governamentais a total responsabilidade pelo
outro.
Isso me assusta e me preocupa, porque fico com a sensação
que o humano está cada dia mais desumano, mas não perco a esperança, porque
acredito nas pessoas e acho que podem mudar. Sendo assim, existe a
possibilidade delas se tornarem mais empáticas. Empatia pode ser desenvolvida, trata-se
de uma questão de treino, vontade, capacidade de compreender que o mundo não
gira em torno de si e poder reconhecer que só existe, porque o outro existe. Portanto,
nada mais justo que se permitir olhar para o outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário