Oniomania vem do grego onios que quer dizer “à venda” e mania que significa insanidade,
esse é o termo técnico usado para as pessoas que sofrem do desejo de comprar
compulsivamente. Comumente é conhecido por Síndrome ou Transtorno do Comprar Compulsivo.
Podemos entender a síndrome do comprar compulsivo como
uma doença cujas causas são multifatoriais, visto envolver aspectos biológicos
e psicológicos, bem como, influências da mídia. Sem falar que é reconhecido e aprovado
pela sociedade. Trata-se de uma síndrome tão grave quanto à dependência química
e o alcoolismo, porém as pessoas não têm consciência disso.
Apesar de hoje a síndrome de oniomania ser estudada por psiquiatras
e psicólogos, ainda é pouco discutida nos eventos de saúde mental, mesmo
havendo um aumento global, visto o terreno para o seu crescimento ser fértil no
mundo atual. Compras pela internete,
propagandas subliminar, catálogos de compras que chegam às caixas de correspondência
pelo correio, canais de televisão exclusivos a vendas, servem de estímulo para
o comprador compulsivo.
A pessoa que sofre dessa síndrome tem dificuldade de
resistir os impulsos que a levam a comprar. Frequentemente realiza compras que
não pode pagar, chegando por vezes, a contrair dívidas de até dez vezes mais do
que ganha. Essas compras não ocorrem só na fase de hipomania ou mania, mas sim
quando sente a necessidade aliviar os sentimentos de grandes frustrações, de
vazio interno, de menos valia, na presença de uma depressão ou de um quadro de
ansiedade. Nessas ocasiões, surge o de desejo de possuir, de ter poder,
acreditando que dessa maneira conseguirá impressionar as pessoas e fazer com
que a respeitem. A compra se dá por não tolerar a pressão interna que sofre,
despertando-lhe a necessidade de possuir coisas novas, devido essa ser a única
forma de prazer que acredita ter. Enquanto está comprando tem a sensação de
alívio e prazer provocada pela dopamina, mas passado um tempo o sintoma volta.
Estourar orçamento repetidamente é um vício igual ao alcoolismo, a cocaína,
a maconha, etc. O comportamento do comprador compulsivo quando não tem mais
condição de comprar, por já estar com o seu crédito estourado, não difere muito
do comportamento do dependente químico. A pessoa pode ter sido honesta toda
vida, nunca ter se envolvido com roubos, mas quando vem o impulso de comprar
algo e não tem dinheiro, acaba se deixando levar por ele e roubando. Alguns
passam cheque sem fundos, pedem dinheiro emprestado na tentativa de quitar
algumas dívidas para poder fazer novas.
Nesses casos, precisa-se ter claro que não se trata de um problema de
caráter, mas sim de uma doença que impede de controlar o impulso, fazendo com
que se torne um “dependente da compra”. Como todo dependente, o comprador compulsivo
também tem a dificuldade de perceber que está com problema e assumi-lo, por
isso, usa o mesmo chavão dos alcoolistas e dos dependentes químicos: “quando eu
quiser, eu paro de comprar”, só que esse momento não chega. Mesmo estando
afundado em dívidas, continua comprando.
Se observarmos as características dessas pessoas, geralmente elas
apresentam uma boa desenvoltura social e cultural; são imediatistas; muito
inteligentes, inclusive tendo a tendência a ter uma inteligência acima da média
normal. Infelizmente não fazem uso desse privilégio intelectual para sua vida, porque
na hora da compra o craving (avidez)
por comprar pesa mais. O bom é que essa vantagem intelectual que tem, permite
que após terem comprado percebam que fizeram bobagem.
Como todo dependente, os compradores compulsivos só buscam ajuda quando chegam
ao fundo do poço. As relações pessoais começam a se tornar difíceis com a
família, com os colegas de trabalho e amigos, acabam por se isolar. Casos mais
extremos, casamentos são desfeitos e o risco de suicídio é alto. Geralmente o
tratamento exige o uso de medicação para controlar a impulsividade e a terapia
cognitiva-comportamental, para trabalhar as mudanças de hábitos. É interessante
observar que o comprador compulsivo também apresenta fissura como o dependente
químico, ficando inquieto, irritado, agressivo, choroso, apresentando agitação
psicomotora quando vem o desejo de comprar e não pode.
As dicas que podem ajudar o comprador compulsivo são: primeiramente aceitar que tem problema e
buscar ajuda; comprar com dinheiro e deixar o cartão de crédito e débito em
casa; fazer lista do que precisa comprar e respeitá-la; evitar parar em frente
de lojas que estão em promoção; passear pelas vitrines quando as lojas
estiverem fechadas e caso vá no horário que estão abertas, deixe o talão de
cheques, cartão de crédito e débito em casa, saindo com o mínimo de dinheiro;
reconhecer e nomear seus sentimentos, perguntando-lhe por que quero comprar? Por
que estou ansiosa ou deprimida? Preciso comprar? É o momento de eu comprar?
Como estão as minhas finanças? No que a compra irá me ajudar?
Quando o desejo ardente de comprar vier (fissura), procure desviar o
pensamento; ligue para alguém, faça uma caminhada ou corrida, mas não se deixe levar pelo o impulso.
O tratamento aplicado ao comprador compulsivo é medicação, terapia e
grupo de apoio a compradores anônimos, sem isso, é muito difícil reverter o quadro, pois
se trata de uma doença, apesar de muitas pessoas acharem que não.
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