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domingo, 24 de fevereiro de 2013

ONIOMANIA

       
 

            Oniomania vem do grego onios que quer dizer “à venda” e mania que significa insanidade, esse é o termo técnico usado para as pessoas que sofrem do desejo de comprar compulsivamente. Comumente é conhecido por Síndrome  ou Transtorno do Comprar Compulsivo.

            Podemos entender a síndrome do comprar compulsivo como uma doença cujas causas são multifatoriais, visto envolver aspectos biológicos e psicológicos, bem como, influências da mídia. Sem falar que é reconhecido e aprovado pela sociedade. Trata-se de uma síndrome tão grave quanto à dependência química e o alcoolismo, porém as pessoas não têm consciência disso.

            Apesar de hoje a síndrome de oniomania ser estudada por psiquiatras e psicólogos, ainda é pouco discutida nos eventos de saúde mental, mesmo havendo um aumento global, visto o terreno para o seu crescimento ser fértil no mundo atual.  Compras pela internete, propagandas subliminar, catálogos de compras que chegam às caixas de correspondência pelo correio, canais de televisão exclusivos a vendas, servem de estímulo para o comprador compulsivo.

            A pessoa que sofre dessa síndrome tem dificuldade de resistir os impulsos que a levam a comprar. Frequentemente realiza compras que não pode pagar, chegando por vezes, a contrair dívidas de até dez vezes mais do que ganha. Essas compras não ocorrem só na fase de hipomania ou mania, mas sim quando sente a necessidade aliviar os sentimentos de grandes frustrações, de vazio interno, de menos valia, na presença de uma depressão ou de um quadro de ansiedade. Nessas ocasiões, surge o de desejo de possuir, de ter poder, acreditando que dessa maneira conseguirá impressionar as pessoas e fazer com que a respeitem. A compra se dá por não tolerar a pressão interna que sofre, despertando-lhe a necessidade de possuir coisas novas, devido essa ser a única forma de prazer que acredita ter. Enquanto está comprando tem a sensação de alívio e prazer provocada pela dopamina, mas passado um tempo o sintoma volta.  

Estourar orçamento repetidamente é um vício igual ao alcoolismo, a cocaína, a maconha, etc. O comportamento do comprador compulsivo quando não tem mais condição de comprar, por já estar com o seu crédito estourado, não difere muito do comportamento do dependente químico. A pessoa pode ter sido honesta toda vida, nunca ter se envolvido com roubos, mas quando vem o impulso de comprar algo e não tem dinheiro, acaba se deixando levar por ele e roubando. Alguns passam cheque sem fundos, pedem dinheiro emprestado na tentativa de quitar algumas dívidas para poder fazer novas.

Nesses casos, precisa-se ter claro que não se trata de um problema de caráter, mas sim de uma doença que impede de controlar o impulso, fazendo com que se torne um “dependente da compra”. Como todo dependente, o comprador compulsivo também tem a dificuldade de perceber que está com problema e assumi-lo, por isso, usa o mesmo chavão dos alcoolistas e dos dependentes químicos: “quando eu quiser, eu paro de comprar”, só que esse momento não chega. Mesmo estando afundado em dívidas, continua comprando.

Se observarmos as características dessas pessoas, geralmente elas apresentam uma boa desenvoltura social e cultural; são imediatistas; muito inteligentes, inclusive tendo a tendência a ter uma inteligência acima da média normal. Infelizmente não fazem uso desse privilégio intelectual para sua vida, porque na hora da compra o craving (avidez) por comprar pesa mais. O bom é que essa vantagem intelectual que tem, permite que após terem comprado percebam que fizeram bobagem.

Como todo dependente, os compradores compulsivos só buscam ajuda quando chegam ao fundo do poço. As relações pessoais começam a se tornar difíceis com a família, com os colegas de trabalho e amigos, acabam por se isolar. Casos mais extremos, casamentos são desfeitos e o risco de suicídio é alto. Geralmente o tratamento exige o uso de medicação para controlar a impulsividade e a terapia cognitiva-comportamental, para trabalhar as mudanças de hábitos. É interessante observar que o comprador compulsivo também apresenta fissura como o dependente químico, ficando inquieto, irritado, agressivo, choroso, apresentando agitação psicomotora quando vem o desejo de comprar e não pode.

As dicas que podem ajudar o comprador compulsivo são:  primeiramente aceitar que tem problema e buscar ajuda; comprar com dinheiro e deixar o cartão de crédito e débito em casa; fazer lista do que precisa comprar e respeitá-la; evitar parar em frente de lojas que estão em promoção; passear pelas vitrines quando as lojas estiverem fechadas e caso vá no horário que estão abertas, deixe o talão de cheques, cartão de crédito e débito em casa, saindo com o mínimo de dinheiro; reconhecer e nomear seus sentimentos, perguntando-lhe por que quero comprar? Por que estou ansiosa ou deprimida? Preciso comprar? É o momento de eu comprar? Como estão as minhas finanças? No que a compra irá me ajudar?

Quando o desejo ardente de comprar vier (fissura), procure desviar o pensamento; ligue para alguém, faça uma caminhada ou corrida,  mas não se deixe levar pelo o impulso.

O tratamento aplicado ao comprador compulsivo é medicação, terapia e grupo de apoio a compradores anônimos, sem isso, é muito difícil reverter o quadro, pois se trata de uma doença, apesar de muitas pessoas acharem que não.

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