Que colocação forte essa e que sofrimento causa nas
pessoas que assim pensam. Mesmo acreditando que não sofrem, atrás da sua
negação existe uma dor e, portanto, sofrem duplamente, por não se permitirem
errar e por não aceitarem o sofrimento.
Na realidade essas pessoas são vítimas de um nível de
exigência muito alta dos seus cuidadores na infância, chegando, às vezes, a levarem castigo ou até mesmo apanharem por não
terem atendido as expectativas dos pais ou das pessoas que os cuidavam. Nesses
casos, a mensagem que lhes era passada, na época, é que só presta ou só é bom
quem faz as coisas certas. Como criança não tem a condições e capacidade para
questionar o que é certo ou errado e entender que são conceitos abstratos, pois
variam conforme a percepção de cada um, a partir das suas referências pessoais, passam a acreditar que a mensagem que lhe foi passada trata-se de uma verdade absoluta.
Com isso, elas acabam registrando no inconsciente, que a pessoa para ser aceita
e aprovada pelos outros, precisará fazer as coisas certas. Caso contrário,
corre o risco de ser abandonada, como uma forma de punição, por não ter atendido
as expectativas que lhe foram depositadas.
É comum se identificar esse tipo de pensamento em pessoas
que na infância foram abandonadas, negligenciadas, vítimas de violência
domestica ou de abuso sexual por se perceberem como um objeto ruim. Por terem
essa percepção registrada no inconsciente, passam a acreditar que precisam
fazer tudo certo, para que os outros possam admirá-las e verem o quanto são competentes, não se dando conta que esse é um pensamento delas, mas não significa que seja verdade. Na maioria das vezes, são percebidas pelos outros como uma pessoa onipotente, mas não podemos
esquecer que a onipotência é uma defesa usada para esconder a fragilidade, o
complexo de inferioridade, o medo, a insegurança, etc.
Claro que a pessoa não precisa carregar essa crença para
o resto da vida, basta estar aberta a mudança, reconhecer seus pensamentos
disfuncionais, aceitar que todos nós, humanos, em algum momento vamos errar,
entender que isso até pode se tornar um problema, mas tentar encontrar
alternativas para corrigir e se não tiver como corrigir, azar, pois erros
acontecem. Dar-se conta que no momento em que não aceita o erro do outro,
está repetindo o comportamento que tinham para com ela na infância e se não
gostava, por que está fazendo a mesma coisa?
Nesses casos, a terapia cognitiva-comportamental dá uma
boa resposta, pois após o paciente conseguir identificar suas crenças, seus
pensamentos disfuncionais e questioná-los, faz-se a dessensibilização no consultório
e depois se dá uma tarefa para casa, que deverá realizar de forma errada. É normal a
resistência num primeiro momento, mas na medida em que conseguem fazer e se dão
conta que angústia e o sofrimento que tinham começa a amenizar, o tratamento
torna-se tranquilo, não precisando de muitos encontros para remover essa crença. É
importante sabermos que os erros nos proporcionam uma apredizagem, portanto, que bom que podemos errar.
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