Total de visualizações de página

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ISSO É BRASIL!

            
          Ontem lendo a Folha de São Paulo me deparei com a seguinte notícia “O Brasil se mantém como o quarto maior mercado de veículos de 2012, tudo isso graças à redução do IPI (Imposto de Produtos Industrializados) que garantiu ao Brasil a manutenção do posto do quarto maior mercado mundial do setor no ano passado. Ficou atrás da China (1º), Estados Unidos (2º) e Japão (3º) e apresentou um crescimento 6,1% em 2012, totalizando 3,63 milhões de unidades”.

            É difícil ler essa notícia e não refletir sobre ela, pois muitos brasileiros que ajudaram o país a chegar nessa posição, hoje têm o seu carro retomado por falta de pagamento ou estão penando para pagar. Isso mostra-nos que aquele velho discurso de que todo o brasileiro agora teria condições de realizar o sonho de ter um carro, serviu para induzir as pessoas a comprarem, a fim de manter o país na posição que já vinha ocupando.

            Hoje o sonho de muitos brasileiros, acabou por se tornar um pesadelo, pois se encontram inadimplentes, com restrições de crédito e sem muitas perspectivas para mudar o quadro. Foram influenciados pelas propagandas tentadoras que toda hora estavam presentes nos veículos de comunicação. As facilidades oferecidas, as taxas de juros baixas contribuíram para que muitas pessoas, com condições financeiras limitadas, fossem a uma revenda e comprasse o seu primeiro carro, sem pensar quais os compromissos financeiros que o acompanhariam. Junto com a prestação do carro, vem o IPVA, o seguro, o combustível, a manutenção, garagem, portanto precisa ser avaliado se essas despesas cabem ou não no orçamento. Só que são esquecidas, porque além do desejo de adquirir o bem, existe todo um estímulo dado pela publicidade, pela sociedade capitalista em que estamos inseridos e também pelo governo que vende a idéia de querer proporcionar o melhor para o seu povo.

            O mesmo vem sendo feito em relação à casa própria. Semana passada saiu no Jornal do Comércio que 7,9 bilhões de brasileiros sonham com a casa própria. Os incentivos ofertados pelo governo fazem com que as pessoas sintam-se em condições de adquirir o seu imóvel, pois afinal a oportunidade está sendo dada. Não percebem que existe uma jogada de marketing por trás disso, pois os interesses são outros. Não vamos esquecer que 2014 é um ano de eleições e que as articulações políticas começam, portanto, agora.

            Ao buscarem financiamento para compra da casa própria, as pessoas precisam atentar para o fato de que terão de dispor 30% do valor do imóvel para entrada, no entanto, o que vem acontecendo é que elas fazem um empréstimo pessoal para obter esse valor. Com isso, acabam ficando com dois financiamentos para pagar e muitas vezes sua renda não comporta nenhum financiamento, mas não vamos esquecer que existe o jeitinho brasileiro.

            É por isso, que alguns economistas falam que a bolha está se formando, apesar de ser fortemente negado por outros. Não vai demorar muito para vermos os imóveis começarem a ser retomados, como está acontecendo com os carros.

            E aí fica a pergunta que não quer calar, até quando vamos permitir ser enganados? Até quando vamos querer acreditar em Papai Noel? Porque acreditar que o governo está preocupado com o povo, por isso baixa o IPI, incentiva a compra da casa própria para que todos os brasileiros vivam em melhores condições é gostar de ser enganado. Todas essas medidas teriam muito valor, se fosse dado ao povo condições de ganharem salários mais dignos, de terem um ensino de boa qualidade para as crianças nas escolas públicas, um sistema de saúde que atendesse as necessidades das pessoas menos privilegiadas, sem precisarem ficar dormindo em cadeiras nas emergências dos hospitais. Dar condições reais para que as pessoas consigam realizar o seu sonho, sem que depois tenham que perder noites de sono ou serem frustrados por que não conseguem mais pagar o bem adquirido, muitas vezes perdendo-o.

            Quando isso acontecer, podemos acreditar que estamos tendo um crescimento real, sem manipulações e o povo poderá viver com dignidade, sem precisar pagar as contas que o governo nos impõe.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário