Total de visualizações de página

quarta-feira, 11 de julho de 2012

TODA HORA É HORA DE REVER ESCOLHAS

       
Tem me chamado muito a atenção, o quanto as pessoas estão sofridas. Outro dia, caminhando, indo para o consultório, passei por uma senhora na rua que falava ao celular e chorava muito, fato que já deu asas a minha imaginação, ao mesmo tempo em que fiquei condoída. Logo adiante, um jovem, também ao celular, dizia: “pô mãe, to na rua desde cedo, era 08h quando sai de casa, o carro tá estragado, não consegui ainda arrumar, não tenho dinheiro”.  Meu pensamento já se deslocou para analisar essa nova situação, fiquei imaginando, com o meu senso crítico, que para mim 8h da manhã já não é mais cedo e também se o rapaz não tinha condições financeiras para arrumar o carro, por que tinha carro? Talvez se não tivesse carro, teria um problema a menos na vida. Logo em seguida, me deparei com um casal da terceira idade, em que a esposa dizia para o marido, que no dia seguinte precisavam levantar cedo para ir ao posto pegar ficha para o médico. Novamente me sensibilizei com a situação desse casal. A partir de então fui pensando sobre o sofrimento das pessoas.

Comecei a me questionar o que leva o ser humano criar tantos problemas para si e depois não conseguir achar uma solução para eles. Talvez possa ser a falta de uma estrutura familiar sólida, de orientação, de limites, de oportunidades, de ambição, negligência dos pais, exemplos familiares negativos, falta de uma crença religiosa, entre tantas outras coisas. Sabe-se que isso tem uma expressão significativa na vida de qualquer pessoa, mas como temos o livre arbítrio, podemos na fase adulta do desenvolvimento, escolher o que queremos ou não para nossa vida. Não precisamos ficar repetindo situações que vivenciamos na infância ou na adolescência.

Romper paradigmas não é uma tarefa fácil, mas é possível, basta querer. Tem que se estar consciente das dificuldades que poderá encontrar pelo caminho e estar disposto a pagar o preço que lhe for exigido por isso. A todo o momento é possível rever a situação que se está vivendo e analisar se é isso que se quer ou se está na hora de mudar.

Entretanto, o que se percebe é que às vezes as pessoas precisam ficar presas a uma situação que lhes faz sofrer, pois assim, conseguem alimentar a pulsão de morte que prevalece em suas vidas e que lhes dá um ganho secundário. Para reverter o quadro, a pulsão de vida precisa prevalecer na vida do indivíduo, pois assim conseguirá perceber que é merecedor de ter uma vida melhor, mais tranqüila, sem tantas preocupações e sofrimentos e se apropriar disso. Só que parece que sofrer, passou a dar “status” para as pessoas, pois se observarmos, elas não conseguem mais tabular uma conversa, só sabem falar das dores da alma e por vezes, até das dores físicas, pois acabam somatizando. As pessoas estão amarguradas, voltadas para si, para o seu sofrimento, projetando para o externo a causa dos seus problemas, chegando a depositar no outro a causa das suas angustias.

Essas situações me levam a fazer uma analogia com o Romantismo, movimento vivido na Europa nas últimas décadas do século XVIII, onde as pessoas viviam a arte do sonho e da fantasia. O espírito romântico do mundo estava centrado no homem, tanto que os autores dessa época se voltavam para si, refletindo e expressando em suas obras o drama da humanidade, descrevendo os amores trágicos que as pessoas viviam. E isso me dá a sensação de que estamos voltando no tempo, apesar de todos os avanços que a ciência e a tecnologia vêm nos apresentando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário