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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O CÚMULO DO PRECONCEITO COM OS OBESOS


         Não tenho como não comentar sobre  esta pesquisa realizada recentemente, onde foi identificado que as pessoas obesas sofrem discriminação pelas empresas, no processo de seleção. Isso me gera um desconforto, pois mostra o quanto os nossos gestores e empresários estão cada vez mais vazios, preocupando-se  apenas com a estética. Talvez, este seja o motivo pelo qual os serviços prestados estão deixando muito a desejar. Podendo, até quem sabe, explicar a falta de comprometimento das pessoas com o trabalho e com a incompetência que vemos no dia-a-dia, de algumas empresas. Não admitir ou demitir alguém, porque é obeso, não passa de um tremendo preconceito, pois desde quando o potencial de uma pessoa pode ser avaliado pelo peso que esta tem.

          Provavelmente, daqui uns tempos, os requisitos principais do currículo de uma pessoa não será  mais a sua formação acadêmica e experiência profissional, mas sim, uso de butox, barriga tanquinho, silicone, mente vazia. Isso para os empresários e gestores será muito bom, pois terão funcionários com ótimos visuais, que tem como preocupação a estética, que sabem de todas as técnicas para mantê-la em forma, até porque vivem pesquisando sobre isso. Estas pessoas, consequentemente não questionam nada sobre os assuntos da empresa e das tarefas que lhe são dadas, até porque não querem desagradar seus chefes que são os alimentadores de seu narcisismo.  Portanto, não geram polêmicas, não são formadores de opinião, não lhes dão trabalho, pois são excelentes como mão de obra, executam tudo o que mando, até mesmo os maiores absurdos.

         Penso que ao invés de demitir o funcionário pela sua obesidade, seria mais interessante encaminhá-lo para um tratamento, pois mostrariam o quanto a empresa está preocupada com a saúde do seu trabalhador. Será que este meu pensamento é muito utópico?

       O meu desconforto não é porque sou obesa, muito pelo contrário, sou uma pessoa magra. O que me incomoda na realidade, são essas injustiças que fazem com as pessoas, pois essa pesquisa revela que o cuidado, o respeito pelo ser humano não existe. O que existe realmente é uma inversão de valores. Não é por meio da discriminação, da represália que estaremos ajudando as pessoas a se conscientizarem da necessidade de emagrecer, de cuidarem da sua sua saúde. Muito pelo contrário, estarão gerando um sentimento de ansiedade e estimulando para que comam mais.

       Obesidade é uma doença e como toda doença deve ser tratada. Os obesos precisam de um acompanhamento multidisciplinar para que o seu tratamento apresente um bom resultado. Esta pesquisa, ao meu ver, só retrata a ignorância e a mediocridade do nosso povo.

      Os meus seguidores e leitores me desculpem se fui agressiva, mas tem coisas que não dá para calar.

      Segue abaixo, na íntegra, pesquisa realizada pela Catho.

     Obesos que estão à procura de empregos se deparam com o preconceito contra o excesso de peso.

    O mercado de trabalho está ficando cada vez mais exigente. Ser fluente em diversas línguas, ter noções de informática, fazer cursos importantes na sua área, ter um bom relacionamento para trabalhos em grupo são apenas alguns dos pré-requisitos exigidos, hoje, de um candidato que quer concorrer a uma boa vaga no mercado de trabalho. Não obstante a tantas exigências, agora, é preciso também ser magro.

       Pelo menos, é o que indica a última pesquisa do Grupo Catho “A Contratação, A Demissão e a Carreira dos Executivos Brasileiros”, realizada entre os meses de maio e julho de 2005, com presidentes e diretores de grandes organizações. Os resultados revelam que 65% dos 31 mil entrevistados têm alguma restrição na contratação de pessoas obesas e que a aparência é um fator muito importante na contratação de executivos, pois é a primeira coisa observada.

      Segundo a pesquisa da Catho, a discriminação em relação aos obesos é real e o excesso de peso influencia no salário dos funcionários. “Nosso estudo contou com um sofisticado modelo de regressão múltipla e, também, conseguiu mostrar que as pessoas magras ganham mais. Cada ponto a mais no IMC – Índice de Massa Corporal - significa, para um gerente, ganhar R$ 92,00/mês a menos”, aponta o documento.

     Para o Dr. Durval Ribas Filho, presidente da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia – a discriminação contra o obeso é uma atitude inaceitável. “A obesidade é uma doença e precisa ser tratada. A pesquisa revela que a sociedade condena o obeso, facilitando o surgimento de sentimentos de rejeição. Rotular o excesso de peso como um desvio social, gerado pela falta de autocontrole, é um comportamento inadmissível. Não podemos ser coniventes com esta atitude, permitindo que a ditadura da beleza instale-se, também, no ambiente de trabalho”, enfatiza o médico nutrólogo.

        Dados da OMS - Organização Mundial de Saúde - indicam que mais de um bilhão de pessoas no mundo têm excesso de peso e seu número poderá chegar a 1,5 bilhão, antes de 2015. O tratamento da obesidade é uma das áreas de atuação da Nutrologia, especialidade médica, uma vez que esta doença está se tornando um dos maiores vilões da saúde no mundo inteiro. Durante muito tempo, considerados problemas de países ricos, o excesso de peso e a obesidade se alastram, também, nos países pobres, aponta a OMS. A evolução da doença está vinculada ao aumento de consumo de calorias por dia e à maior ingestão de sal, gordura e açúcar, aliados à diminuição das atividades físicas causada por tarefas profissionais sedentárias e por meios de transporte motorizados.

     “O emagrecimento deve estar atrelado à qualidade de vida. Uma maneira saudável de fazer isso é adotando um programa adequado que combine exercícios físicos à reeducação dos hábitos alimentares, aprendendo o quê, como e quanto comer”, defende o presidente da ABRAN, Dr. Durval Ribas Filho. O médico nutrólogo ainda ressalta que quem necessita perder peso precisa fazer isso com consciência, visando a manutenção da saúde, do bem-estar e não apenas o lado estético.

     Fonte: ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia







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