É difícil querer
explicar ou mensurar a dor da perda e também de evitá-la. Todos nós em, algum
momento, de uma forma ou de outra, teremos que passar por isso. Não se trata apenas
de uma fatalidade do destino, mas faz parte da vida. Até mesmo, frente uma
catástrofe como essa que ocorreu na cidade de Santa Maria (RS), nessa
madrugada, quando jovens saem para se divertir e a boate em que estão é
incendiada, morrendo 231 jovens e deixando em torno de 140 em estado da grave
nos hospitais.
Ter que conviver com a morte de pessoas que amamos gera
um sentimento de perda irreparável, que nos deixa um indecifrável vazio, que
ninguém e nada consegue preenche-lo, mas que o tempo se encarrega de
amenizá-lo, apesar de deixar marcas profundas.
A dor da perda não tem som, não tem voz, de forma muito
silenciosa e rápida ela vai se instalando no coração daquele que a vive,
deixando a vida sem cor, sem brilho, fazendo com que tenha movimentos
robotizados que o leva de um lado para outro, desnorteado, confuso, que o faz
perder, até mesmo, o seu próprio referencial.
Cada pessoa tem a sua forma de viver essa dor, não
existindo uma maneira padrão e nem um tempo determinado para vivê-la. Trata-se
de uma experiência pessoal e única. Toda a perda é única, por sermos seres unos,
portanto, os vínculos estabelecidos também são únicos e por isso, não podemos
dizer que a pior dor é a de perder o pai, o marido, o irmão, o filho, o amigo,
tudo vai depender da relação estabelecida com cada pessoa.
Nessas horas, a única coisa que pode nos ajudar a
entender esse processo confuso em que entramos, é a fé, mesmo assim, nesses
momentos, muitas pessoas têm a sua fé abalada e questionam por que Deus
permitiu que isso lhes acontecesse ou por que Ele fez isso. Sentem-se
abandonadas, traídas por Ele, se revoltam e até mesmo se afastam da sua
religião, porque desconhecem que Deus sofre com o sofrimento humano. Ele não
quer que seus filhos vivam a dor de uma tragédia como essa que muitas famílias
estão vivendo aqui no RS. Ele se faz presente na vida de todos, até mesmo na
daqueles que não O reconhecem. Dá total liberdade e autonomia a todos nós, permitindo
que façamos as escolhas que quisermos, mas se faz presente com dignidade,
coragem e esperança a toda a pessoa humana, mostrando-Se solidário.
Sofrer a perda, chorar, viver o luto é necessário para
todos nós, a fim de poder elaborá-lo, quando perdemos alguém que amamos,
principalmente, quando ela ocorre de uma forma abrupta. Só não podemos, nessa
hora, é nos distanciarmos de Deus, porque Ele é o nosso sustentáculo para
continuarmos a caminhada, apesar da dor. Que Deus dê força e coragem para todas
essas famílias que tiveram a vida de filhos, sobrinhos, irmãos, netos, amigos
interrompida tragicamente, para que possam seguir a sua caminhada, apesar das
marcas que carregarão até a sua finitude.
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