Nós humanos nos
orgulhamos em afirmar que somos seres racionais, mas será que realmente somos?
Atrevo-me a dizer que não somos nem racionais e nem irracionais, mas somos
seres biológicos movidos pela emoção e por isso, temos atitudes que não só surpreendem
os outros, mas a nós mesmos.
Agimos, reagimos e tomamos decisões com base na nossa
emoção, na maioria das vezes, porém, não temos consciência disso. Freud,
afirmava que 95% do nosso funcionamento se dá pelo inconsciente e hoje alguns
estudiosos elevam esse percentual para 99%. Temos a ilusão que agimos de forma
consciente, na realidade, o que chega à nossa consciência são informações que
estão armazenadas na memória e no inconsciente. Como seres biológicos, quando
nos deparamos com uma situação, ocorre em nosso cérebro um processo
químico-físico que permite por meio da plasticidade do cérebro que façamos
associações com essas informações que temos armazenado no inconsciente e memória.
Quem faz essas associações em nosso cérebro é o hipocampo.
A partir desse entendimento fisiológico do cérebro e não
desconsiderando a transgeracionalidade, ou seja, a capacidade que o
inconsciente tem de se comunicar com outros inconscientes, podemos entender
melhor porque repetimos determinadas situações em nossas vidas. Jung, afirmava que ao nascermos trazemos em
nossos arquétipos informações de até três gerações atrás, essas podem se
tornar conteúdos arquetípicos, a partir do momento que desenvolvemos a consciência,
permitindo manifestá-los ao longo de nossa vida. Por isso, é comum escutarmos as
pessoas dizerem: “ages como a tua avó, que nem conhecestes”.
Repetimos situações, até mesmo aquelas que não queremos
repetir, porque somos movidos pela emoção e temos registros gravados no
inconsciente que só são descortinados para consciência, frente a determinadas
situações, causando-nos surpresa em relação a atitude que tomamos. Na realidade,
decidimos emocionalmente e justificamos racionalmente. Podemos identificar isso,
nos dias de hoje, quando o assunto é finanças, sendo esse um dos vieses que
explica o alto índice de endividamento e inadimplência que temos em nosso país.
Sendo assim, devemos avaliar nossas atitudes, assumir
nossos erros, medos e culpas, para depois agirmos e decidirmos qualquer coisa.
Não é recomendável que tomemos decisões quando estamos emocionalmente abalados,
porque essas sofrerão influências do nosso estado emocional, não permitindo que
usemos a lógica. O mesmo cuidado devemos ter quando a pessoa que precisa
decidir algo está com sono ou fome, ela vai decidir de forma instintiva, para
se livrar logo daquilo e poder saciar as suas necessidades. Nesses casos, é
preferível adiar a tomada de decisão, para não sermos prejudicados.
Podemos concluir então, que a razão sempre está matizada
pela emoção, o que explica a minha colocação inicial de que não somos seres nem
racionais e nem irracionais, mas sim, seres biológicos emocionais.
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