Hoje o dia foi pesado,
pois por onde se andava e com quem se falava o assunto era a tragédia ocorrida
ontem em Santa Maria (RS). Recebi emails de amigos de vários cantos do país, de
alguns colegas de Buenos Aires, manifestando o seu pesar pelo ocorrido em nosso
Estado. Esse gesto carinhoso, solidário me emocionou, porque mostra que nem
tudo está perdido, que ainda existem pessoas sensíveis, humanas.
Em contrapartida, escutei muita gente preocupada em
encontrar uma explicação e traçar críticas sobre algumas medidas adotadas. Um
dos pontos muito trazido em pauta é que o alvará estava vencido desde dezembro.
Esquecem que dezembro eram 27 dias atrás e será que se esse documento estivesse
em dia, o incêndio teria sido evitado? O fato de os seguranças quererem cobrar
a conta das pessoas que estavam saindo, também foi bastante criticado. Parecia
que em alguns momentos queriam responsabilizá-los por algumas mortes. Só que
esses indivíduos estavam do lado de fora da boate e não sabiam o que acontecia.
Assim como essas, existem tantas outras colocações, que não vou elencar aqui.
Ao trazer essas falas, não quero negar ou justificar que houve falhas que
precisam ser investigadas e talvez precisem ser mais criteriosos na hora de
conceder a autorização de funcionamento para esses e outros tipos de
estabelecimentos que aglomeram muita gente.
O que me choca em tudo isso, é ver que tem pessoas que
ficam querendo polemizar, encontrar culpados, dar explicações que frente à dor
que essas famílias estão vivendo, nessa hora, acabam se tornando irrelevantes. Preocupam-se
em criticar, como fizeram em relação à ida do governador do Estado e da
presidente da República, ao ginásio onde estavam os corpos. Obviamente que se
eles não fossem também seriam criticados. Fico pensando, o quanto o ser humano
é maldoso, porque esses gestos demonstram maldade. As pessoas aproveitam-se de uma situação
grave para ficar minando o ambiente em que estão e contaminando as pessoas que
não tem uma opinião formada sobre o assunto.
Com isso, tiram o foco do ponto principal, que é a morte de mais de 200
jovens, a dor que várias famílias estão vivendo. Esse tipo de comportamento
demonstra o quanto o humano está cada vez mais centrado no seu eu, a ponto de
não conseguir lidar com a dor do outro. Na
tentativa de esconder a sua impotência, porque nessa hora, ela aflora com toda
força, racionaliza a fim de mostrar o quanto está interado do assunto, passando
informações com um ar de preocupado, propondo que se criem movimentos para evitarem esse tipo de problema. Porque dessa forma, acredita que as pessoas
lhe darão credibilidade, perceberão o quanto é solidário.
Desculpem, mas para mim, pessoas que agem dessa forma, perdem
a oportunidade de ficarem quietas, porque dessa maneira correm o grande risco de as pessoas verem quem realmente são e acabarem se decepcionando, porque é aquela velha história, quem quer fazer alguma coisa em prol de alguém, faz em silêncio. Não sou contra os comentários e nem a criação de movimentos, mas vamos com calma, tudo tem a hora certa para ser falado. Pessoas que hoje polemizam sobre esse assunto, até o final da semana já esqueceram e estão buscando outra coisa para agitar, são os famosos "fogo de palha".
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