A necessidade de se
sentir pertencendo a um grupo leva as pessoas a fazerem o que os outros fazem,
perdendo muitas vezes a sua autenticidade, violentando-se, porque na realidade
não é o que gostariam de fazer. Também acreditam que inseridos em um grupo, estarão
livres da tão temida solidão, esquecem que essa pode estar presente mesmo
quando no meio da multidão.
Podemos pertencer a um grande grupo, sem nos deixarmos
ser influenciados por ele, mantendo a nossa disciplina, a nossa singularidade e
não nos permitindo ser sufocados, ensurdecidos pelas falas e desejos alheios.
Para tanto, faz-se necessário estarmos atentos aos sinais que o nosso corpo dá
nesses momentos, pois a multidão tem o dom de sugar nossas energias, porque nos
defrontamos com pessoas ocas, vazias que buscam suprir suas necessidades
por meio do outro.
Na onda de fazer o que todo mundo faz, as pessoas perdem
o seu referencial, não levam em consideração o seu pensar, os seus desejos, deixando-se levar pelo inconsciente coletivo. Isso
é o que mais temos visto nos dias de hoje, as pessoas preocupadas com que os
outros pensam a seu respeito, com o que os outros têm, com a visão que o outro tem de si e por isso,
precisam fazer o que os outros consideram importante, mesmo que vá à contramão
de sua ideologia.
Não percebem que a ânsia de identificar-se com um grupo, se
dá pelo medo de ter que se enfrentar. Preferem se esconder na multidão e se
deixar levar por ela, sem questionar se é um ato de covardia, de fraqueza ou
não. Desconhecem quais são as suas reais necessidades, a fim de poder
comunicá-las.
Estar inserido na sociedade é necessário para o humano,
afinal é um ser sociável, mas não podemos abrir mão de trilharmos o nosso
caminho a sós, sabermos identificar o momento de escaparmos da multidão para
contatar com a nossa própria solidão, a fim de nos fortalecermos, de nos tornarmos
mais autênticos, mais seguros e retornarmos para ela sem precisarmos
nos desrespeitar, tendo que fazer o que os outros fazem para não nos sentirmos
diferentes. Somos seres impares, com vontade e desejos próprios, portanto,
não temos que ficar presos aos conceitos e desejos de um grande grupo.
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