Essa crônica
está tão completa e de tão fácil entendimento, que comentá-la até seria
desnecessário, mas ela nos convida a pensar, então, vamos lá. Optei postá-la, pela sua riqueza de conteúdo, pela
forma simples e clara que Jabour retrata a nossa realidade.
Realmente, essa falta de amor, de tolerância, de
paciência que se instalou nas relações humanas é algo assustador. Outro dia,
escutava um pai me falar tantas coisas horríveis, ao se reportar a filha, que
fui obrigada a dizer-lhe o quanto estava assustada e me sentindo agredida com aquelas colocações. Essa
situação me fez pensar, pois se o pai, que teoricamente, tem um amor
incondicional pelos filhos, age dessa maneira em relação à filha, como serão as
relações estabelecidas com as demais pessoas? Como queremos esperar que um
jovem mostre-se afetivo, se em casa é vítima de maus tratos?
Por vezes, percebo que as pessoas têm vontade de expressarem os seus
sentimentos, mas tem vergonha, porque temem não serem bem interpretadas ou
serem rechaçadas. Usam a palavra amor para se reportarem a sexo, esquecendo ou
desconhecendo que o significado da mesma é muito mais amplo e profundo. O sexo
deveria ser uma consequência do sentimento de amor, desenvolvido entre um homem
e uma mulher, no entanto, não é isso que vemos.
As relações pessoais estão efêmeras, as pessoas optam por
não se envolverem com alguém, com medo de vir a sofrer ou se decepcionar. A
decepção é o resultado da idealização feita em relação ao outro e por isso, ela é
nossa e não do outro, pois projetamos para ele o personagem criado em nosso
imaginário. O outro tem que ser
apenas ele e nada mais, compreender isso parece ser tão difícil quando as pessoas vivem
uma relação. Se revissem a sua maneira de amar, de querer e aceitar o seu
parceiro, provavelmente não se teria tantas separações. Hoje, na primeira
contrariedade, optam pela separação, porque ninguém quer tolerar mais nada, o
egoísmo está imperando no ser humano.
Na noite, encontramos pessoas bonitas, elegantes,
mostrando-se alegres, animadas, na tentativa de esconder a dor da angústia que
carregam no peito, por não conseguirem lidar com a solidão. Não se importam de
ficar com várias pessoas, desde que não fiquem sozinhas e com isso, colocam-se
em situações de risco. O índice de HPV nas mulheres vem crescendo de forma
preocupante, demonstrando que elas não estão fazendo uso da camisinha na
relação sexual, ou seja, tudo é permitido, para não ficar só. Acreditam que dessa forma serão felizes, porém não
conseguem definir o que é felicidade, quando lhes é questionado. Aí, fico pensando,
como ser feliz, quando não se tem o conceito de felicidade? Isso é possível ? Provavelmente, não.
Talvez
a felicidade se dê a partir do momento que a pessoa se aceite, exponha seus sentimentos e pensamentos, aja de forma autêntica, se respeite e respeite o
outro, aceitando-o da forma como ele é. Assim, as relações interpessoais ficam
bem mais fáceis, talvez mais sólidas e com grande chance de perdurarem.
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