Nas últimas semanas
tenho ficado mais aliviada por ver que não sou só eu que estou preocupada e
incomodada com o desafeto que toma conta de um número expressivo de pessoas em
nossa sociedade e com o individualismo do ser humano. Cada vez que alguém fala
sobre isso, sinto uma sensação de alívio e até mesmo de alegria, pois é sinal
que já estão ficando incomodadas com essa forma de funcionar das pessoas. Isso
é um bom sinal, pois mostra que além de perceberem, já estão pensando sobre
isso, portanto, existe a possibilidade de haver uma mudança. De algum movimento
se formar a fim de resgatar o lado mais humano das pessoas e termos uma
sociedade melhor.
É impressionante a forma egoísta que as pessoas escolheram para viver.
Estão cada vez mais individualistas, preocupadas consigo mesmas, olham só para
si, acreditam que o universo tem que conspirar apenas a seu favor, que vieram
ao mundo para serem servidas, chegando a verbalizarem que cada um tem que viver
no seu quadrado, ou seja, não me
interesso pelo outro, a não ser que ele me sirva para alguma coisa. Penso que
essa maneira de viver é uma forma de se proteger, mas do que? O que as assusta
tanto, que não querem conviver com os outros a não ser de forma virtual? Por
que tanto medo de se exporem e de deixar o outro lhes conhecer?
Essa maneira de pensar e de funcionar do ser humano me assusta, pois
denota a sua desumanização e a pobreza de sua alma. Acredito que devemos
caminhar em busca não do individualismo, mas sim da nossa individuação, que são
coisas distintas.
Individualismo é egocentrismo, personalismo, egoísmo, ao passo que
individuação é o processo que Jung chamava de autoconhecimento, de maturidade,
de poder entrar em contato com o seu inconsciente pessoal, de se ter como uma
boa companhia, de saber conviver com os outros, sem ficar preso ao inconsciente
coletivo. A individuação nos permite viver bem quando estamos sós, mas também
quando estamos com os outros, pois sabemos separar o que é de cada um, sem ter
que se isolar das pessoas, como forma de se defender.
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