Incrível! Mas é
verdade, as escolas agora estão contratando seguro contra bullying, para se protegerem contra possíveis indenizações em
decorrência de ações impetradas na justiça, por familiares das vítimas. Tenho a
sensação de que está tudo errado, ao invés de os familiares da vítima acionar,
se for o caso, os familiares do agressor, acionam a escola. Isso, no meu
entendimento, reforça a teoria de que os pais cada vez mais estão transferindo
a sua responsabilidade para terceiros. Ao invés de eles buscarem a solução para
o problema do filho, querem que a escola seja responsável, visto o bullying ter ocorrido ali.
O que mais me choca é que parece que as pessoas não estão
preocupadas em resolver o problema do
bullying, pois ao invés de tratar a vítima, o agressor e quem sabe, até a
família dos mesmos, elas preferem ir para justiça, provavelmente requerendo uma
indenização por danos morais, que agora é moda, como se assim fosse resolver o
problema. Não se dão conta, que daqui a pouco, tudo estará acontecendo novamente
e que estarão nas salas de audiência dos fóruns, buscando novas reparações.
Percebe-se a dificuldade das pessoas de aceitarem que o bullying é um transtorno e que deve ser tratado como
tal. Que precisa ser identificado no agressor o que está o levando a agir dessa
maneira. Ver se não existe violência doméstica, questões de abuso sexual, de
uso de drogas por parte dos familiares, entre tantas outras coisas. Isso também
deve ser investigado junto à vítima, que às vezes já está tão acostumado ser
agredido em casa, que não consegue reagir contra as agressões dos colegas.
Penso que não será fazendo seguro que o problema será
resolvido, mas sim desenvolvendo um projeto com a comunidade escolar – pais,
professores, equipe diretiva, alunos, funcionários – pensando e trabalhando o
núcleo familiar, as questões de violência, agressividade, limites, definindo o
papel da escola, dos educadores, dos alunos e dos pais, o que é responsabilidade de quem, etc.
Bem, como vivemos a cultura de que o dinheiro resolve
tudo, se preocupar em tratar a causa do bullying
passa a ser secundário, pois se é possível “ganhar” um dinheiro com isso,
por que não? O seguro só vai reforçar o comportamento negativo dos pais em
acionarem a escola ao invés de irem buscar uma ajuda psicológica e/ou psiquiátrica
para seus filhos.
O pior de tudo, é que o novo código civil entende que o
colégio é responsável pela reparação civil de seus estudantes, ou seja, os pais
estão amparados para terem esse tipo de atitude, não precisando se preocupar
com a saúde mental de seus filhos.
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