Não tenho a intenção de
contar nenhuma novidade, pois todos nós sabemos que somos movidos pelas
emoções, apesar de muitas vezes negarmos e tentarmos afirmar que as nossas
decisões se dão pela razão. Doce ilusão! As emoções é que nos fazem ver o mundo
de uma forma diferente e nos inibem de fazermos aquilo que gostaríamos ou nos
propomos a fazer.
Ficamos nos enrolando, buscando justificativas para
explicar o inexplicável, mas não admitimos que temos dificuldades para aceitar que
agimos por impulsos. Prometemos que na segunda-feira vamos iniciar o regime,
mas basta vermos um doce que gostamos muito, para adiá-lo para terça-feira.
É bastante comum, no início do ano as pessoas fazerem uma
lista de objetivos que deverão ser cumpridos no decorrer do ano, mas quando o
fim do ano se aproxima, começam a se deprimir porque não conseguiram atingir os
seus propósitos. Ouvimos as pessoas dizerem que nesse ano, tudo será feito
diferente. A começar pelas finanças, vão iniciar uma poupança ou uma
previdência privada, mas isso só vai até o momento em que entram no shopping e
se deparam com aquela bolsa maravilhosa que há tanto tempo sonhavam. O valor a
ser pago a mais no cartão, acaba por impedir que inicie o propósito de poupar.
Outro ponto muito comum de ser
lembrado é a saúde. As pessoas afirmam que vão fazer o check-up anual, que vão
iniciar uma atividade física. Às vezes até marcam o médico, mas acabam
cancelando, pois lembram que “sem querer” assumiram outro compromisso no horário
da consulta. Inscrevem-se na academia, mas não conseguem ir, porque o chefe lhe
deu a entender que talvez venha a precisar que faça algumas horas extras. Então
é melhor já ficar de sobreaviso.
Quem de nós já não fez isso ou não escutou essas desculpas? Sejamos
sinceros, a maioria para não dizer todos. Isso nos permite verificar que basta um
impulso qualquer para que mudemos os nossos planos, porque eles acabam mexendo
com as nossas emoções. Esses impulsos interferem em nossas decisões, de forma
irracional, deixando-nos levar pela gratificação imediata, fazendo com que
posterguemos nossos objetivos. A isso, dá-se o nome de procrastinação. Procrastinar
tem sua origem no latim, onde pro
significa “par” e cras “amanhã”.
Portanto, podemos afirmar que as emoções nos levam a ser movidos por
impulsos irracionais, a fim de obter uma gratificação imediata (princípio do
Prazer de Freud), fazendo com que procrastinemos em relação aos objetivos propostos.
O grande problema é que as pessoas têm dificuldade de reconhecer esse
funcionamento, consequentemente não conseguem mudar. Ariely em seu livro “Previsivelmente
Irracional” coloca com muita propriedade que: “resistir à tentação e instalar o
autocontrole são metas humanas gerais, e deixar de alcançá-las repetidas vezes é
fonte de grande parte da nossa infelicidade”
Sendo assim, ter como fonte a felicidade ou a infelicidade é a escolha de
cada um.
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