Vou aproveitar para falar sobre esse assunto, já que foi
o que abordei na entrevista que concedi para o programa Pampa Saúde, na semana
que passou.
Por incrível que pareça às pessoas ainda não levam muito
a sério a depressão infantil, pois acreditam, que a criança não tem depressão.
Isso é algo do passado, criança tem depressão sim.
Crianças que são rejeitadas, ainda no período
gestacional, que sofrem agressões físicas ou psicológicas, que não tem a
atenção necessária por parte dos seus cuidadores, podem vir a desenvolver um
quadro de depressão.
A função materna, independente de quem a exerce (mãe,
tia, avó e até mesmo o pai), é fundamental para que a criança tenha um
desenvolvimento psíquico saudável. Na primeira infância, período que vai de 0 a
6 anos e que já é decisório para formação da personalidade, é primordial o
olhar materno. Crianças que têm suas necessidades atendidas, que são amadas,
que se sentem acolhidas pela mãe, nesse período, têm maior chance de se tornar
um adulto tranquilo, equilibrado, estável.
Muitas vezes, se percebe os primeiros sinais de depressão
na criança, quando ela começa sua vida escolar. Frente às dificuldades que tem
que enfrentar, começa a ficar envergonhada, se sentir incapaz e acaba por se
isolar, a não querer ir à escola, a chorar sem um motivo aparente, entre outros
sintomas. Até mesmo a agitação motora pode aparecer e ser confundida com a
hiperatividade, daí a importância do diagnóstico diferencial.
A depressão que se manifesta na infância, quando não
tratada adequadamente, poderá se prolongar até a vida adulta, causando-lhe sérios
prejuízos. Identifica-se isso nos pacientes distímicos, que tiveram os
primeiros sintomas de depressão na infância e que permanecem até a vida adulta.
Fazer diagnóstico de depressão na infância não é algo muito fácil, pois a
criança tem dificuldade de falar dos seus sentimentos e até mesmo de nomeá-los.
A depressão na criança pode estar em comorbidade com outras patologias.
O índice de depressão na infância é preocupante, pois segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos anos, o número de
diagnóstico entre crianças de 6 a 12 anos, passou de 4,5 a 8%, o que significa
um problema ascendente. Cabe salientar que 70% dos adultos que apresentam
quadro de depressão crônica, tiveram inicio na infância.
Portanto, é importante que estejamos atentos aos sintomas
que a criança apresenta. Quando os pais
perceberem que algo não está bem, que a criança começou a apresentar algumas alterações
no comportamento, isolamento, choro fácil, irritabilidade, insônia ou
hipersonia, alteração no apetite, desinteresse pelo brincar, etc., devem procurar
ajuda de um profissional, antes de acharem que a criança esta agindo assim para
chamar sua atenção. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor o
prognóstico.
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